Frota de motocicletas ultrapassa a de carros pela primeira vez em Pernambuco e produção nacional bate novo recorde. Onde vamos parar?
O fenômeno, impulsionado principalmente pelas cidades do interior, reflete uma tendência nacional de crescimento puxado pelos apps de transporte

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Pernambuco acaba de registrar um marco histórico em sua frota veicular: pela primeira vez, o número de motocicletas em circulação superou o de carros, marcando uma significativa e preocupante mudança na mobilidade no Estado. O fenômeno, impulsionado principalmente pelas cidades do interior, reflete uma tendência nacional de crescimento e consolidação do chamado segundo ‘boom’ das motos no País - puxado pela explosão dos aplicativos de delivery e de transporte de passageiros, como Uber e 99 Moto.
Segundo dados oficiais do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE), o estado de Pernambuco contabilizava, no mês de agosto, 1.571.127 motocicletas, ultrapassando a frota de automóveis, que totalizava 1.541.024 veículos. Essa virada nas estatísticas foi registrada em abril de 2025, conforme relatório do Detran-PE.
A frota veicular total do Estado é de 3.773.793 veículos em agosto de 2025, com um crescimento de 0,41% em relação ao mês anterior e 4,61% em relação ao ano anterior. Em julho de 2025, a frota de veículos de duas rodas era de 1.562.097, enquanto os veículos de passeio somavam 1.538.192.
CRESCIMENTO ACELERADO DA FROTA DE DUAS RODAS ASSUSTA


Nos últimos cinco anos, Pernambuco registrou uma média anual de crescimento de 56.425 motos, enquanto o aumento de automóveis foi de 14.716 no mesmo período. Esse crescimento acelerado das motocicletas é atribuído à facilidade de aquisição, economia de combustível, oferta de emprego por meio de serviços de aplicativo e a rapidez nos trajetos.
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No entanto, esse aumento também gera preocupações sob a ótica da segurança viária e da saúde - principalmente a pública - devido ao crescimento, em paralelo, dos sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo o CTB e a ABNT) envolvendo ocupantes das motos. E o que é mais preocupante: a tendência é que o número de motos continue a crescer, com 70.823 novos veículos de duas rodas emplacados nos sete primeiros meses de 2025, uma média de 10.117 por mês.
INTERIOR AINDA PUXA CRESCIMENTO DA FROTA DE MOTOS
A marca inédita de Pernambuco é, de fato, puxada pelas cidades do interior. Em vários municípios, o número de motocicletas já supera o de automóveis. Em Petrolina, no Sertão pernambucano, por exemplo, há 84.122 motos contra 74.211 carros. Caruaru, conhecida como a capital do Agreste, registra 88.127 veículos de duas rodas e 85.275 automóveis. Outro destaque é Vitória de Santo Antão, na Mata Sul, com 32.647 motos e 23.114 automóveis.



Pelo menos por enquanto, na Região Metropolitana do Recife (RMR) o cenário ainda é diferente do interior: os automóveis (797.367) ainda superam as motos (461.306). Especificamente na capital, Recife, os 399.615 automóveis são mais numerosos que as 198.474 motos. Cidades como Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe seguem a mesma tendência de mais carros que motos.
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Contudo, mesmo na RMR, houve uma redução de 56 automóveis e um acréscimo de 85.806 motos nos últimos cinco anos. No Recife, entre 2021 e 2025, houve uma redução de 10.271 automóveis, enquanto o número de motos cresceu em 32.291.
Conforme os gráficos de "Frota de Veículos por Tipo e Região", Pernambuco (PE) possui a maior frota total, com 1.541.024 automóveis e 1.571.127 motos. A RMR registra cerca de 797.367 automóveis e 461.306 motos. Já Recife tem aproximadamente 399.615 automóveis e 198.474 motos.
CENÁRIO NACIONAL TAMBÉM É DE CRESCIMENTO DA FROTA DE DUAS RODAS


A nova força das motocicletas não é exclusiva de Pernambuco. No cenário nacional, o segmento de duas rodas também mostra um crescimento robusto. Em agosto, as fabricantes do Polo Industrial de Manaus (PIM) produziram 185.952 motocicletas, o melhor resultado do ano. Esse volume representa um crescimento de 13,4% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 32,6% em comparação com julho, sendo o melhor desempenho para agosto desde 2011.
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No acumulado do ano, 1.326.963 motocicletas foram produzidas, um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2024. Este resultado é o melhor desempenho dos últimos 14 anos e o terceiro melhor da história do setor para os oito primeiros meses do ano. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
As motocicletas de baixa cilindrada continuam liderando a produção nacional, representando 78,6% do total em agosto.