Concessão do Metrô do Recife: Rui Costa confirma concessão, diz que anúncio acontece em até duas semanas e que o leilão será realizado pelo governo de Pernambuco
Rui Costa afirmou que a concessão é certa, tem como objetivo modernizar o Metrô do Recife e deverá ser anunciada em até duas semanas

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O Ministro Chefe da Casa Civil, Rui Costa, confirmou, mais uma vez, a concessão pública do Metrô do Recife. A declaração foi dada nesta quarta-feira (27/8), durante o programa 'Bom Dia, Ministro', uma coprodução da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR) e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Rui Costa afirmou que a concessão é certa, tem como objetivo modernizar o Metrô do Recife e deverá ser anunciada em até duas semanas. O sistema metroviário, que atende a 160 mil passageiros da Região Metropolitana do Recife por dia, vive uma crise financeira há pelo menos dez anos, mas definha nos últimos cinco anos sob risco de colapso e paralisação total de pelo menos a Linha Sul. A crise é tão séria que a operação comercial aos domingos já foi suspensa desde setembro de 2024.
Segundo o ministro, as negociações com o governo de Pernambuco sobre os valores de contrapartida e fontes de investimento estão perto de serem finalizadas e o anúncio da concessão será feito em breve.“Em uma ou duas semanas vamos finalizar o diálogo sobre o Metrô do Recife com o governo do Estado. É o governo estadual que fará o leilão da concessão. Em alguns dias, faremos a assinatura dos documentos finais e, por fim, o leilão, que será conduzido pelo governo de Pernambuco”, afirmou.
O último entrave para o anúncio da concessão seria exatamente o que vem sendo discutido desde o fim de 2024: as garantias financeiras dos próprios recursos da União e as que serão dadas pelo governo federal ao governo de Pernambuco, que teme um corte financeiro.
GOVERNO FEDERAL DEFENDE QUE CONCESSÃO VAI MELHORAR SISTEMA
Na visão de Rui Costa, que representa o governo federal e é o principal defensor da concessão pública do metrô, a transferência da operação e gestão para a iniciativa privada tem como objetivo modernizar completamente o modal e melhorar a qualidade do serviço para a população do Grande Recife. A resposta sobre o futuro do metrô foi dada ao questionamento feito pela jornalista da Rádio Jornal, Natália Ribeiro.
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“O presidente Lula, desde o início de seu mandato, priorizou o investimento em transporte de alta qualidade para as populações brasileiras. Nesse contexto, o governo federal retomou fortemente o financiamento para metrôs, VLTs e outros veículos de massa. Para o Metrô do Recife, que atende não apenas a capital, mas também cidades da região metropolitana, o modelo adotado será a transferência para o estado de Pernambuco, que, por sua vez, realizará a concessão, a exemplo do que foi feito na Bahia”, disse.
METRÔ DO RECIFE VAI RECEBER R$ 3 BILHÕES PARA MODERNIZAÇÃO
O Ministro Rui Costa destacou que, ao longo de dois anos, foram realizados intensos trabalhos junto ao BNDES, incluindo levantamento de demanda e investimentos necessários. O governo federal se comprometeu com um investimento de aproximadamente R$ 3 bilhões para a modernização completa do metrô.
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A prioridade, conforme o ministro, é a população e a qualidade do serviço, com a garantia de empregos para todos os colaboradores. A autorização para a concessão do metrô, em nome do governo federal, já havia sido assinada pelo Ministro Rui Costa no final de março, enquanto presidente do Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).
CRISE FINANCEIRA AMEAÇA OPERAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE
No primeiro semestre de 2025, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) - gestora do Metrô do Recife e de outros três sistemas - emitiu um ofício alarmante ao Ministério das Cidades, expressando profunda preocupação com a iminente paralisação das operações de trens urbanos nas regiões metropolitanas onde atua, incluindo o Metrô do Recife, a partir de julho de 2025. O principal motivo era a insuficiência de recursos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025.
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Historicamente, a CBTU tem recebido recursos insuficientes para suas necessidades de custeio operacional e investimentos. Essas restrições já resultaram em prejuízos a sistemas fixos, materiais rodantes, super e supraestrutura, via permanente e estações, além de levarem à redução do estoque de peças para reposição e ao sucateamento de equipamentos.
O cenário para 2025 é ainda mais crítico: enquanto em 2024 o orçamento de custeio liberado e executado foi de R$ 216 milhões, para 2025 o valor aprovado é de apenas R$ 165 milhões. A CBTU estimou, no documento, que a necessidade real para garantir o funcionamento operacional mínimo até dezembro de 2025 é de aproximadamente R$ 260 milhões, considerando reajustes e repactuações.
Diante deste panorama, a CBTU informou que já possui um plano para implementar reduções contratuais, retardamento de pagamentos e a cessação de novos contratos e aquisições de materiais e serviços. Caso o limite orçamentário aprovado para 2025 seja mantido, a empresa iniciará um protocolo de paralisação a partir de julho de 2025, culminando no fechamento total dos seus quatro sistemas (Recife, João Pessoa, Natal e Maceió) até o final de agosto de 2025.
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O diretor-presidente da CBTU, José Marques, enviou o documento ao Ministério das Cidades em 28 de abril, apelando pela sensibilidade do Ministério para a urgência da situação e para evitar um colapso no transporte urbano de milhões de brasileiros.
Apesar dos alertas, a CBTU também informou que o Ministério das Cidades está conduzindo tratativas com instâncias superiores para garantir os recursos, e assegurou, na época, que, no momento, não haverá paralisação de nenhum dos sistemas e que as tratativas para atualização do orçamento ainda estavam em andamento.
As consequências do grave cenário são abrangentes:
- Demissão em massa de terceirizados e risco de paralisação das atividades dos próprios empregados da CBTU.
- Insegurança de tráfego para a população, bem como insegurança para usuários e empregados.
- Depredação do patrimônio e maior comprometimento da vida útil dos equipamentos.
- Comprometimento severo da retomada da operação comercial devido à degradação causada pela desmobilização dos postos de trabalho.
- Manutenção de despesas intrínsecas à operação metroferroviária mesmo com a paralisação total das atividades e a interrupção do atendimento à população.