Mobilidade urbana: No Recife, maioria da população ainda usa o automóvel para se deslocar, seguida do ônibus, aponta Censo 2022
No Recife, 30,6% dos cidadãos que trabalham rotineiramente precisam de 30 minutos a 1 hora para chegar ao emprego, mesmo em pequenas distâncias

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Os congestionamentos diários e intensos mesmo para percorrer pequenas distâncias no Recife e que tanto irritam condutores e passageiros tem uma explicação antiga, mas que foi confirmada, mais uma vez, pelo IBGE: a quantidade de automóveis nas ruas e avenidas da capital.
Resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 focados em trabalho, rendimento e deslocamento, divulgados nesta quinta-feira (9/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostraram que, no Recife, o meio mais utilizado para ir e vir foi o automóvel, com 171.264 pessoas ocupadas fazendo uso do modal.
O segundo transporte mais usado ainda foi o ônibus, com 171.011 pessoas usando, o que evidencia que há uma divisão bastante aproximada entre esses dois meios de transporte. Na sequência, vêm os BRTs, que têm papel fundamental no deslocamento da população que sai de cidades da RMR para a capital, com 4.176 usuários utilizando.
Talvez pela coleta de dados do Censo ter sido realizada ainda em 2022 - quando o serviço de aplicativos de transporte com motocicletas, como Uber e 99 Motos, ainda estar chegando em muitas cidades do País, entre elas o Recife -, o uso de mototáxi/moto app ficou em quarto lugar, com o registro de utilização por 3.501 pessoas.
RECIFENSE LEVA DE 30 MINUTOS A 1H PARA SE DESLOCAR DIARIAMENTE E SUPERA TODO O ESTADO DE PERNAMBUCO
Uma das maiores disparidades observadas no Censo 2022 reside no tempo gasto no trajeto para o trabalho principal. Enquanto em Pernambuco 21,9% dos cidadãos que trabalhavam rotineiramente precisavam de 30 minutos a 1 hora para chegar ao emprego, no Recife, esse percentual subia significativamente para 30,6%.
Segundo o IBGE, essa alta na capital é atribuída não apenas à concentração populacional, mas também aos modais de transporte utilizados - no caso do Recife o automóvel e o fato de ser uma capital metropolitana.
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Ao analisar o tempo de deslocamento habitual em conjunto com a renda, observou-se que, no Estado de Pernambuco, o maior volume de trabalhadores (considerando todas as faixas salariais) estava concentrado na faixa de tempo que leva mais de quinze minutos até meia hora.
O maior número de trabalhadores em PE recebia entre meio e um salário mínimo, e nesse grupo, o destaque era justamente para aqueles que levavam de quinze minutos até meia hora para chegar ao trabalho, somando 295.594 pessoas.
COMO ESPERADO, QUANTO MAIS POBRE, MAIS TEMPO GASTO NO DESLOCAMENTO
Já no Recife, os dados apresentam-se menos diluídos, refletindo o trânsito da capital. Embora o deslocamento de até meia hora ainda prevaleça ao considerar todas as faixas de rendimento, o maior número de trabalhadores (na faixa de até um salário mínimo) se concentrava no tempo de deslocamento de até uma hora, totalizando 194.438 pessoas, o que representa 37% desse grupo de baixa renda.
Em relação ao tempo extremo de deslocamento, que é de mais de quatro horas, a ocorrência é mais rara. Em Pernambuco, foram registradas 11.987 pessoas nessa situação, sendo que a grande maioria (8.062 pessoas) recebia no máximo 1 salário mínimo.
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Já no Recife, entre os moradores que levavam mais de quatro horas para o trabalho, 377 ganhavam até 1 salário mínimo, o que corresponde a 41% do total de pessoas com essa rotina. Na classe de maior rendimento observada nessa rotina dilatada (mais de 3 a 5 salários mínimos), apenas 42 pessoas no Recife precisavam desse tempo.
Os dados apresentados fazem parte dos resultados preliminares da amostra do Censo 2022 e constituem a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população.
EM PERNAMBUCO, A MAIORIA DA POPULAÇÃO AINDA ANDA A PÉ
Os dados preliminares do Censo 2022 também apontam que a diferença nos tempos de deslocamento e nos rendimentos está intrinsecamente ligada ao meio de transporte utilizado.
Em Pernambuco, os dois meios mais utilizados foram o deslocamento a pé, com 661.357 pessoas, seguido pelo ônibus, com 587.796 pessoas. Os menores números de uso foram registrados para embarcações em geral (2.864 pessoas), caminhonete adaptada (8.902) e BRT (12.809).