Catracas elevadas começam a ser instaladas nos ônibus do Grande Recife para combater evasão
A retomada dos testes acontecerá em algumas linhas e, dessa vez, a promessa é que os equipamentos serão mais ergonômicos e acessíveis

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As catracas elevadas começaram a ser instaladas em alguns ônibus da Região Metropolitana do Recife numa tentativa de inibir a invasão dos coletivos e a consequente evasão de receita. A retomada dos testes com os novos equipamentos foi confirmada em setembro pelo governo de Pernambuco, gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP).
Além de desmoralizar o sistema, as invasões geram um prejuízo estimado em R$ 20 milhões por mês e desorganizam todo o planejamento operacional da frota. Dessa vez, entretanto, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), sob pressão do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), promete catracas elevadas mais focadas na ergonomia e na acessibilidade dos passageiros.
A mudança foi fundamental após a péssima repercussão dos testes anteriores, realizados em 2024. Para quem não lembra, os testes foram suspensos pelo Estado para atender a uma recomendação do MPPE depois que uma passageira ficou com a cabeça presa na parte superior da catraca elevada, gerando uma grande repercussão, inclusive nacionalmente.
CATRACAS PRODUZIDAS PELOS OPERADORES DENTRO DAS NORMAS




O projeto piloto prevê a implementação de dois tipos de dispositivos antievasão de receita tarifária - uma forma mais técnica de definir as catracas elevadas -, com um cuidado com a ergonomia dos equipamentos. Na verdade, o novo bloqueio não será um equipamento único, como antes. Será adicionado um acoplamento especial sobre as catracas, desenhado para permitir uma passagem ergonômica dos passageiros.
Pelas imagens das catracas elevadas que estão sendo instaladas em algumas empresas de ônibus, os equipamentos são mais ‘quadrados’ e mais compridos. Mais mudam de empresa para empresa e terão que ser validados pelo CTM.
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Além disso, o novo design garantirá que o eixo central da catraca esteja livre, facilitando a passagem de mochilas. As pessoas com deficiência (PCD) e os passageiros obesos poderão utilizar a porta do meio para o embarque nos coletivos que receberem os equipamentos.
TESTES COMEÇARÃO COM AS DUAS CONCESSIONÁRIAS DO SISTEMA E UMA DAS PERMISSIONÁRIAS
Os testes iniciais, com duração prevista de três meses, envolverão as duas empresas concessionárias - MobiBrasil e Conorte - e duas permissionárias - provavelmente Caxangá/Metropolitana e Globo. Mas outras empresas deverão entrar na lista também, já que a Borborema, por exemplo, já tem o modelo.
A ideia não é implementar as catracas em todas as linhas, e os equipamentos serão modulados, podendo ser adicionados ou removidos conforme a necessidade. Inicialmente, a instalação será feita apenas na parte dianteira dos ônibus, onde já funcionam os bloqueios de pagamento.
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As novas catracas terão que ser encomendadas pelas empresas de ônibus que tiverem linhas escolhidas pelo CTM. E as empresas responsáveis pela produção dos equipamentos deverão apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) pela fabricação.
O início dos testes, entretanto, ainda não foi informado oficialmente. O CTM apenas informou que solicitou que as empresas autorizadas apresentassem as catracas produzidas. Já a Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco) confirmou que os equipamentos estão sendo instalados nos coletivos e que todo o processo está sendo realizado de acordo com as exigências feitas pelo CTM.
“A Urbana-PE informa que, conforme determinação do órgão gestor, estão sendo testados dispositivos de combate à invasão em alguns ônibus do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Todo o processo - da escolha dos modelos dos dispositivos ao acompanhamento dos resultados - tem sido realizado em conjunto pelo Grande Recife Consórcio de Transporte, pelas áreas técnicas das empresas operadoras e pelo Ministério Público de Pernambuco”.
TESTES FORAM SUSPENSOS PELO ESTADO APÓS RECOMENDAÇÃO DO MPPE
Em junho de 2024, pelo menos 14 linhas de ônibus da RMR haviam iniciado testes com catracas elevadas, oficializados pelo governo de Pernambuco em agosto. No entanto, a experiência foi marcada por críticas intensas e um episódio de grande repercussão nacional em que uma mulher ficou com a cabeça presa em um dos equipamentos.
A retomada dos testes ocorre após um período de suspensão. O MPPE havia recomendado a retirada dos equipamentos utilizados anteriormente devido à falta de regulamentação e às inúmeras reclamações dos passageiros. A exigência do promotor de Transportes, Leonardo Caribé, era que os testes fossem interrompidos até que as catracas estivessem adequadas às normas da ABNT, o que não se verificou à época.
Agora, o CTM afirma estar fazendo o dever de casa e regulamentando os equipamentos. Já existe uma minuta de regulamentação e um projeto piloto prontos, que foram encaminhados às empresas de transporte recentemente. O CTM também buscou esclarecimentos da ABNT no ano passado sobre a necessidade de regulamentação para o teste e foi informado que o órgão gestor do sistema tem autonomia para definir as regras e padrões, sendo ou não da ABNT.
HISTÓRICO DE PROBLEMAS E A LUTA CONTRA A EVASÃO DE DE R$ 20 MILHÕES
Apesar dos problemas de adequação, os testes anteriores demonstraram ganhos no combate às invasões nos coletivos, com o setor empresarial reportando um aumento de 5% a 10% na demanda de passageiros pagantes em algumas linhas. Contudo, a inadequação dos equipamentos e o comprometimento do acesso e segurança foram fatores decisivos para a suspensão.
A evasão de receita permanece um problema crônico e de grande impacto no sistema de transporte do Grande Recife. Calotes e invasões, incluindo pulos de catraca e entradas pelas portas do meio e traseira dos ônibus, têm causado um prejuízo mensal que ultrapassa R$ 20 milhões, segundo dados oficiais de 2023 da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi).
Desde a crise potencializada pela pandemia de covid-19, essa evasão representa entre 15% e 20% da receita do sistema, um custo que é, em última instância, absorvido pelos passageiros que pagam a tarifa. A Urbana-PE, o sindicato das empresas de transporte, ressaltou, na época, a importância de medidas que combatam as invasões, pois elas afetam o ambiente de transporte, o custeio do sistema e a programação da operação.