ARBORIZAÇÃO | Notícia

Mobilidade sustentável: mais da metade dos moradores do Recife vivem em ruas sem árvores. No Grande Recife, chega a 80% da população

No Brasil, menos de 40% da população convive com arborização. Ausência de árvores dificulta a mobilidade ativa, como pedalar e caminhar

Por Roberta Soares Publicado em 23/04/2025 às 14:42 | Atualizado em 23/04/2025 às 14:45

Deixar o carro em casa, usar o transporte público, pedalar e até caminhar pelas ruas e avenidas está cada vez mais difícil nas capitais brasileiras. Além da insegurança - fato predominante no Brasil -, a ausência de arborização desestimula os deslocamentos ativos (sem uso de veículos motorizados) e até mesmo a utilização do transporte coletivo, que em sua maioria é quente e exige que os passageiros caminhem para acessá-lo.

O Brasil é um País sem árvores em suas ruas e avenidas, onde o calor pesa. E em alguns municípios é ainda maior, como é o caso da cidade do Recife. Na capital pernambucana, mais da metade dos moradores residem em ruas sem arborização ou com, no máximo, uma única árvore. A constatação foi feita pelo Censo Demográfico de 2022, que avaliou o conjunto de características urbanísticas do entorno dos domicílios e foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 17/4.

O Recife aparece na 19ª posição do ranking das capitais com pelo menos uma árvore por via. A cidade está à frente apenas de oito capitais: Maceió (AL), Manaus (AM), Belém (PA), Aracaju (SE), Florianópolis (SC), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Salvador (BA).

CENÁRIO NO GRANDE RECIFE E EM PERNAMBUCO

Foto: Guga Matos/JC Imagem
A ausência de arborização desestimula os deslocamentos ativos (sem uso de veículos motorizados) e até mesmo a utilização do transporte coletivo, que em sua maioria é quente e exige que os passageiros caminhem para acessá-lo - Foto: Guga Matos/JC Imagem

O cenário é semelhante quando o recorte é pelo Estado de Pernambuco. De acordo com os dados do Censo 2022, 3,7 milhões de pessoas ouvidas pelo IBGE no Estado (7,4 milhões de entrevistados) vivem em locais sem árvores, o que representa 50,63% de toda a população. Uma realidade que supera a média nacional, que segundo o IBGE é de 33,73%.

A mesma ausência de arborização foi identificada na Região Metropolitana do Recife, onde 80% do total de habitantes (mais de 2,9 milhões de moradores) afirmaram que residem em ruas e avenidas sem árvores.

CENÁRIO NACIONAL

Reprodução
Ranking das capitais brasileiras mais arborizadas - Reprodução

No recorte nacional do Censo, a situação também não é boa, com a maioria dos moradores vivendo em vias com a presença de pelo menos uma árvore. Os dados da pesquisa mostram que, no Brasil, há 58,7 milhões de moradores (33,7%) vivendo em vias sem arborização, enquanto 114,9 milhões (66,0%) vivem em vias com presença de árvores.

Em termos de densidades de arborização, 35,6 milhões das pessoas (20,4%) contabilizadas com presença de árvore residem em vias com até 2 árvores, 23,5 milhões (13,5%) em vias com 3 ou 4 árvores, enquanto 55,8 milhões (32,1%) localizam-se em vias com 5 árvores ou mais.
São José (SC) é o município com mais de 100 mil habitantes com o menor percentual de moradores em vias com arborização (15,1%), enquanto Maringá, o maior (98,6%). Das capitais se destaca Campo Grande (MS), com 91,4%.

“A arborização urbana é essencial para a qualidade de vida nas cidades. Ela contribui para o bem-estar dos habitantes, oferecendo diversos benefícios ambientais, sociais e econômicos. A redução da temperatura é uma consequência importante, diminuindo a incidência de ilhas de calor ao longo do tecido urbano. Ao integrar os resultados da pesquisa urbanística com práticas de arborização, os municípios podem criar ambientes urbanos mais sustentáveis e agradáveis, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes”, afirma o analista do IBGE Maikon Novaes.

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