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Dia do Nordestino: debate na Rádio Jornal destaca força cultural, econômica e política da região

Durante o debate, Santanna, Adriano Oliveira e Jorge Jatobá discutiram identidade, desenvolvimento e protagonismo do Nordeste no Brasil contemporâneo

Por Maria Clara Trajano Publicado em 08/10/2025 às 14:31 | Atualizado em 08/10/2025 às 14:45

Como parte das comemorações do Dia do Nordestino, celebrado nesta quarta-feira (8), promovidas pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), a Rádio Jornal promoveu um debate sobre a força cultural, política e econômica da região.

O programa contou com a participação do cantor e compositor Santanna, o Cantador, do cientista político Adriano Oliveira e do secretário da Fazenda de Pernambuco e sócio da Ceplan Consultoria, Jorge Jatobá.

A conversa, conduzida pela jornalista Natália Ribeiro, celebrou a data instituída em homenagem ao poeta Patativa do Assaré, abordando temas como identidade cultural, desigualdade regional, desenvolvimento econômico e o papel do Nordeste nas eleições brasileiras.

Nação nordestina

Santanna abriu o debate ressaltando o sentimento de pertencimento e a força da cultura nordestina. Para ele, o Nordeste ultrapassa a ideia de região e se consolida como uma “nação” com identidade própria.

“Eu percebo o Nordeste como nação. Nação é algo abstrato, é fazer sair da sua terra e criar um centro de tradições em algum lugar. Muita gente se incomoda quando digo que no Brasil existem duas nações: a gaúcha e a nordestina. Mas isso não é pejorativo, é identidade cultural”, afirmou o cantor.

O artista destacou ainda a pluralidade cultural de Pernambuco, Estado que, segundo ele, “tem 21 ritmos musicais catalogados”, como frevo, maracatu, baião e cavalo-marinho.

Economia e força produtiva

O cientista político Adriano Oliveira trouxe à discussão dados que apontam o crescimento econômico e social da região, quebrando estereótipos históricos de atraso.

“Há uma ideia equivocada de que o Nordeste é subdesenvolvido. Temos um setor produtivo pujante, diminuição da pobreza, expansão do ensino superior e grandes empreendedores. O Nordeste tem força econômica e social”, destacou.

Ele também lembrou que, desde 2006, o Nordeste passou a ser decisivo nas eleições nacionais, alterando o equilíbrio político do país. “Desde a eleição de 2010, não se explica o resultado de uma eleição no Brasil sem olhar para o Nordeste”, pontuou.

Ouça o debate na íntegra

Desafios e avanços econômicos

O economista Jorge Jatobá avaliou o avanço da região nas últimas décadas, destacando a necessidade de acelerar o ritmo de crescimento para reduzir desigualdades.

“O Nordeste avançou muito. Nas duas primeiras décadas deste século, cresceu acima da média nacional, aumentando sua participação no PIB. Ainda temos desafios em infraestrutura e desigualdades, mas a base produtiva mudou e se diversificou”, afirmou.

Ele mencionou o potencial da Caatinga como bioma econômico, o fortalecimento da indústria automotiva e de tecnologia, e o crescimento de cidades médias como Petrolina, Juazeiro do Norte e Sobral, que se tornaram polos regionais.

“O Nordeste tem hoje um grande ativo: a energia limpa. A região possui o equivalente a sete Itaipus em potencial instalado de energia solar e eólica. É uma oportunidade de ouro para descarbonizar a indústria e atrair investimentos”, completou Jatobá.

Política social e identidade

Ao discutir o papel das políticas públicas, Adriano Oliveira defendeu a importância da presença do Estado para o equilíbrio econômico e social nordestino.

“Muitos municípios sobrevivem graças à política social. A economia local é movida por esses recursos. O setor privado não vai se preocupar com isso. Se o Estado não entrar, acabou”, afirmou.

O professor ainda criticou o preconceito midiático contra a região, lembrando que “as grandes redes de TV não mostram o Nordeste real, moderno e globalizado, mas apenas o lado da pobreza”.

Cultura, emoção e pertencimento

O debate também teve momentos de emoção. Santanna interpretou “A Triste Partida”, poema de Patativa do Assaré eternizado por Luiz Gonzaga, arrancando aplausos e lágrimas dos participantes. A canção simboliza a dor das migrações e o orgulho do povo nordestino.

“Essa música resume muito do que a gente falou aqui: a força, a fé e a resistência do nordestino”, disse o cantor, emocionado.

O Nordeste do futuro

Encerrando o programa, Jatobá ressaltou que o futuro da região está na educação, infraestrutura e economia criativa.

“Temos um patrimônio cultural imenso. A economia criativa pode transformar música, artesanato, moda e design em fonte de renda e prosperidade. O Nordeste tem tudo para viver disso”, concluiu.

O debate terminou com um sentimento compartilhado pelos convidados e pelo SJCC: orgulho de ser nordestino.

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