João Campos evita polêmica e defende autonomia da Alepe em meio à CPI da Publicidade
Prefeito assume papel de neutralidade, mas PSB avalizou manobras que deram maioria oposicionista na CPI, que reforça tensão entre governo e oposição

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O cenário político de Pernambuco se aquece com a instalação da CPI da Publicidade na Assembleia Legislativa de Pernambuco, ao mesmo tempo em que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), adota um discurso de respeito à autonomia dos poderes.
A situação ganha particular relevância, pois Campos é considerado pré-candidato a governador em 2026, com a expectativa de enfrentar Raquel Lyra (PSD), que buscará a reeleição.
A CPI foi instalada na Alepe para investigar supostos contratos irregulares do governo do estado com uma agência de publicidade, que podem chegar a R$ 1,2 bilhão, com a suspeita de uma "sociedade oculta" envolvendo um primo da governadora.
Durante a sessão, foram eleitos Diogo Moraes (PSDB) como presidente, Antônio Coelho (União Brasil) como vice-presidente, e Waldemar Borges (MDB) como relator. Todos os eleitos são da oposição ao governo Raquel Lyra.
Manobras partidárias e críticas governistas
A polêmica em torno da instalação da CPI se intensificou devido a trocas partidárias ocorridas na véspera da formação da comissão.
Os deputados Diogo Moraes, Waldemar Borges e Júnior Matuto, antes filiados ao PSB, migraram, respectivamente, para PSDB, MDB e PRD, siglas consideradas de oposição ao governo Lyra.
A oposição argumenta que a mudança de partido passa a valer a partir da apresentação por escrito à Mesa Diretora da Alepe e publicação no Diário Oficial do Legislativo, o que ocorreu no dia anterior à votação.
Aliados da governadora alegaram que as trocas ainda não estavam registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a instalação da CPI, o que, segundo eles, impediria a participação dos parlamentares na comissão.
Discurso de João Campos: respeito à autonomia da Alepe
Em meio a esse cenário de embate político, o prefeito João Campos optou por não polemizar diretamente sobre a CPI da publicidade.
Suas declarações, dadas durante o lançamento de um programa de leitura no Compaz do Cordeiro, enfatizaram seu respeito pela autonomia do Legislativo.
Questionado sobre como acompanhava os acontecimentos na Alepe, Campos afirmou que "as questões da Assembleia são estritamente lideradas e conduzidas pela própria Assembleia".
"Da minha parte, sempre há muito respeito entre os poderes e as instituições. Vocês veem que a minha relação com a Assembleia, com a Câmara dos Deputados, com a Câmara de Vereadores e com os demais poderes é de muito respeito e autonomia. Então, o que é da Assembleia cabe à Assembleia", finalizou.
Apesar da postura do prefeito, as manobras partidárias que resultaram na maioria oposicionista na CPI, com a eleição de Diogo Moraes e Waldemar Borges para cargos chave, tiveram o aval do PSB, partido nacionalmente presidido por João Campos.