Deputados aliados de Raquel Lyra buscam reverter alteração em empréstimo durante votação no plenário
Parecer mais recente, que prevê execução de metade do crédito diretamente pelos municípios, será votado na Comissão de Justiça nesa terça-feira (19)

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Deputados da base governista estão articulando a derrubada de um parecer emitido pelo relator do empréstimo de R$ 1,5 bilhão na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco na última sexta-feira (15).
O texto, de autoria do deputado de oposição Waldemar Borges (PSB), determina que metade dos recursos seja executada diretamente pelos municípios, com regulamentação própria para definir a destinação orçamentária.
Nos bastidores, a movimentação da oposição é interpretada como uma estratégia para reduzir a margem de autonomia do Palácio do Campo das Princesas e, ao mesmo tempo, fortalecer prefeitos aliados em ano pré-eleitoral.
Deputados governistas afirmam que a proposta de Borges não apenas cria insegurança jurídica, como também retira do Executivo a prerrogativa de planejar investimentos estruturadores de maior impacto regional.
Nesta segunda-feira (18), véspera da votação do relatório na CCLJ, parlamentares aliados à governadora afirmaram que o parecer de Waldemar deverá ser derrubado quando a votação chegar ao plenário. O desejo da situação é aprovar o projeto original, garantindo ao Executivo a prerrogativa de definir a destinação total do montante.
O deputado Renato Antunes (PL), alinhado a Raquel, afirmou que a derrubada poderá acontecer devido a uma possível inconstitucionalidade do teor do parecer. “No meu ponto de vista é inconstitucional. O Legislativo não pode determinar onde será gasto o recurso. A decisão será revertida no plenário”, afirmou.
Segundo o parlamentar, a nova mudança no texto é “mais uma manobra com uma tentativa de retardar o processo”.
O deputado João Paulo (PT), também da base aliada ao governo, reforçou que o texto deverá ser mantido como foi encaminhado pelo Executivo. “Ao meu ver, devemos manter o projeto original”, resumiu.
O parecer de Waldemar foi apresentado à CCLJ na última sexta-feira (15) e deverá ser votado na comissão na terça-feira (19), como já havia garantido o presidente do colegiado, deputado Alberto Feitosa (PL).
Após a provável aprovação, a matéria avançará para a comissão de Administração Pública, onde também deverá passar sem dificuldade. Depois disso, será levada para votação no plenário, onde o governo possui maioria e poderá definir os rumos do projeto.
Entenda as mudanças
As mudanças propostas por Waldemar foram incluídas em um um parecer sobre o substitutivo de autoria do deputado Antônio Coelho (União Brasil), aprovado em junho pela Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação da Alepe.
O texto de Antônio determinava que metade do empréstimo seria destinado aos municípios, mas sugeria que o valor fosse dividido igualitariamente entre os 184 municípios do estado.
Waldemar manteve a divisão do empréstimo pela metade, mas estabeleceu que a escolha das cidades "deverá obedecer a critérios objetivos, definidos em regulamento próprio, levando em consideração as necessidades locais”.
Além disso, o relator também estabeleceu que as ações realizadas com os recursos devem ser previamente comunicadas à Assembleia em um "relatório detalhado" e determinou a criação de uma seção específica no Portal da Transparência para detalhar todas as operações contratadas com o dinheiro captado.
O pedido de autorização para captação de empréstimo de R$ 1,5 bilhão foi apresentado à Alepe em março, assinado pela vice-governadora Priscila Krause, que estava no exercício da função de governadora.
A pauta foi alvo de ataques da oposição, que questionou a necessidade de contratação de uma nova operação de crédito. A bancada passou a cobrar do governo explicações detalhadas sobre o uso de recursos contratados anteriormente, passando a travar a tramitação da pauta durante todo o primeiro semestre.
Após meses travado, o projeto começou a tramitar na Casa no início dos trabalhos legislativos deste segundo semestre, após uma aparente trégua da oposição em relação ao governo.