Eleições internas do PT acontecem neste domingo em todo o país mirando em 2026
Quatro candidatos disputam a presidência nacional do partido. Em Pernambuco, Carlos Veras e Fernando Ferro disputam o diretório estadual.

Filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) em todo o Brasil vão às urnas neste domingo (6) para escolher os novos presidentes dos diretórios municipais, estaduais e o comando nacional da sigla.
A votação acontece durante todo o dia, com início às 9h e encerramento às 17h, em centenas de zonas eleitorais petistas espalhadas pelo país, definidas por cada diretório municipal.
A apuração terá início logo após o encerramento da votação, mas, devido ao volume de votos e à descentralização do processo, os resultados definitivos só devem ser conhecidos na segunda-feira (7) ou, no mais tardar, até terça (8).
Em Pernambuco, a eleição mobilizou sete candidaturas à presidência do diretório estadual, número que revela tanto a vitalidade quanto as tensões internas da legenda, mas cinco renunciaram e declararam apoio ao deputado federal Carlos Veras, reduzindo a disputa ao “bate-chapa” entre ele e o ex-deputado federal Fernando Ferro.
Carlos Veras chega à disputa como o favorito, sustentado por uma ampla aliança interna. Ele conta com o apoio de figuras de peso como os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, que se uniram em torno da candidatura dele, além do atual presidente estadual do partido, Doriel Barros.
Representante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária em todo o país, Veras defende um PT forte dentro da Frente Popular, com foco na disputa pelas prefeituras em 2026 e na manutenção do diálogo com aliados.
Já Fernando Ferro, com trajetória marcada pela atuação combativa e vínculo com as bases populares, apresenta uma alternativa crítica à condução atual da legenda.
Sem o apoio das grandes correntes partidárias, o ex-deputado aposta no resgate da identidade histórica do PT, defendendo mais autonomia em relação aos governos aliados e maior enraizamento nos movimentos sociais.
Em debate realizado no último dia 18, no Recife, os dois candidatos defenderam suas respectivas chapas, mas, em clima de união, reforçaram a necessidade de unidade no partido.
A eleição do partido mira diretamente na eleição de 2026, quando o partido deverá escolher se rumará com o prefeito João Campos na disputa pelo governo estadual, a partir da aliança nacional da legenda com o PSB, ou se estará no palanque da governadora Raquel Lyra (PSD), como defende uma ala petista local.
O presidente Lula, inclusive, poderá optar por estar nos dois palanques, caso não queira se indispor com qualquer um dos lados. Apesar disso, o partido, enquanto instituição, deverá escolher um dos lados para firmar a chapa, já que uma candidatura própria está fora de cogitação.
Eleição do PT Recife tem três nomes
No Recife, a corrida pela presidência do diretório municipal tem um embate entre três nomes: o vereador Osmar Ricardo, o ex-vereador Jairo Britto e o cientista político Pedro Alcântara.
Osmar Ricardo e Jairo Britto protagonizam um embate direto no pleito devido ao forte lastro político dos dois no cenário local, enquanto o militante Pedro Alcântara aparece como terceira via.
Embora já se trabalhe nos bastidores para evitar um racha no Recife, o candidato que vencer vai sinalizar para qual lado o partido vai rumar em 2026 na cidade. Jairo Brito integra o grupo de Humberto Costa, apoiador de Raquel Lyra. Já Osmar Ricardo, ao lado de Teresa Leitão, defende o prefeito João Campos.
A divisão dos votos pode forçar o pleito a um segundo turno, marcado para o dia 20, caso nenhum dos postulantes ultrapasse a marca de 50% dos votos.
Conforme apontou o Blog Dellas, deste JC, caso a eleição vá para o segundo turno, Jairo e Pedro (que tem apoio do deputado João Paulo, aliado de Raquel Lyra) vão se unir para enfrentar Osmar, irmão do secretário do Meio-Ambiente do Recife, Oscar Barreto.
Quatro concorrentes na disputa nacional
Na eleição nacional do PT, o pleito está acirrado entre quatro candidaturas que representam visões distintas sobre o futuro da legenda.
O processo sucede o mandato-tampão do senador Humberto Costa, escolhido após a saída de Gleisi Hoffmann, que assumiu função na coordenação política do governo Lula.
Humberto, que não concorre à reeleição, conduziu um mandato curto, mas marcado pela tentativa de apaziguar disputas internas e preparar o terreno para a renovação da direção.
Os candidatos são:
- Edinho Silva: ex-prefeito de Araraquara e favorito de Lula, defende uma postura de continuidade da aliança com o governo Lula, fortalecimento institucional do partido e inclusão de novos segmentos da classe trabalhadora, como trabalhadores precarizados e da economia digital.
- Romênio Pereira: secretário do PT, aposta na descentralização dos diretórios municipais e questiona a atual federação nacional do PT com PV e PCdoB, propondo redistribuir recursos para fortalecer bases menores e ampliar o leque de participações partidárias.
- Rui Falcão: deputado federal e ex-presidente do partido entre 2007 e 2015, busca um resgate do PT histórico, enfatizando o protagonismo dos movimentos sociais, taxação dos super-ricos, combate aos juros altos e posicionamento internacional crítico.
- Valter Pomar: o historiador e um dos fundadors do partido destaca a retomada da identidade socialista do PT, critica alianças com setores neoliberais e defende intensa mobilização popular e reformas políticas para limitar o poder econômico nas eleições.
Eles participaram de um debate realizado no Recife, no último dia 3, em que protagonizaram embates sobre alianças, economia e o futuro do partido.
Assim como em Pernambuco, o partido está dividido em mais de uma dezena de estados brasileiros. A eleição, portanto, é pano de fundo dessas disputas locais, e deverá mexer diretamente na montagem das chapas para as eleições do ano que vem.
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