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Carlos Veras diz que decisão sobre palanque duplo em Pernambuco caberá a Lula em 2026

Deputado afirma que PT local terá lado, mas que presidente poderá decidir quem apoiará. Para Veras, prioridade é reeleger Lula e o senador Humberto

Por Rodrigo Fernandes Publicado em 06/06/2025 às 9:50

O posicionamento do Partido dos Trabalhadores diante da polarização entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), na eleição de 2026 segue sendo uma incógnita.

Enquanto a nível nacional o partido tem aliança com o PSB de João, na figura do vice-presidente da República Geraldo Alckmin, no cenário local o PT está rachado e possui uma ala que defende apoio à governadora. Essa divisão também deixa no ar a dúvida sobre em qual palanque estará o presidente Lula na eleição de 2026.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o deputado federal Carlos Veras, primeiro secretário da Câmara dos Deputados, afirmou que o posicionamento do presidente dependerá da conjuntura política do momento.

"Quando a gente fala 'palanque duplo', as pessoas acham que é como se o PT estivesse coligado com os dois. Não, o PT vai ter que escolher um para coligar. Cabe ao presidente Lula, dentro da estratégia nacional, de vir a Pernambuco e subir só no palanque onde o PT está coligado ou fazer as duas atividades", declarou o parlamentar.

Veras lembrou que, mesmo quando o PT teve candidatura própria ao governo do estado, como em 2006 com Humberto Costa, Lula subiu em dois palanques, no de Humberto e no de Eduardo Campos, algo que, segundo ele, poderia se repetir no ano que vem, desde que os atores políticos envolvidos aceitem.

“Claro que aí precisava que os dois candidatos topassem fazer um um comício conjunto, depende também se eles vão aceitar ou não. Ou independente do presidente Lula subir ao palanque, se os demais palanques vão fazer como Marília [Arraes] fez, que é defender a candidatura do presidente Lula. Depende muito da conjuntura”, apontou, mencionando a eleição de 2022, quando a ex-deputada defendeu o petista mesmo não tendo o apoio direto dele.

Internamente, duas lideranças engrossam a discussão: o grupo da senadora Teresa Leitão defende que o PT faça coro somente pela candidatura de João Campos, enquanto a ala de Humberto Costa quer que a governadora Raquel Lyra também seja contemplada pelo petista.

Mas não é só o cenário local que interferirá neste cenário. O PSD de Raquel está de olho na vice-presidência da República, enquanto o PSB de João tenta manter Alckmin no posto. A definição do cargo será crucial para definir os rumos da chapa do PT no ano que vem.

“A prioridade do PT é a reeleição do presidente Lula e a reeleição do senador Humberto Costa, além de ampliar nossa bancada estadual e federal. Tudo pode acontecer”, completou Veras.

PT quer chegar em 2026 fortalecido, independentemente da aliança local

Carlos Veras afirmou que, acima de qualquer aliança, está a necessidade de uma estrutura partidária forte e preparada. O deputado também pontuou que, caso seja eleito presidente estadual do PT, comandará a federação partidária em 2026 e pretende manter e ampliar as alianças com partidos como PV, PCdoB e, possivelmente, PDT. Veras disputa o comando do diretório local com o ex-deputado Fernando Ferro.

“Todos nós, seja aquele que tem proximidade maior com João ou que tem maior proximidade com Raquel, temos como prioridade fortalecer o PT. O partido tem que chegar em 2026 forte, e não com os candidatos querendo apenas o nosso tempo de TV e a popularidade.

“O nosso partido é um partido de muitas correntes, de pensamento, e a gente precisa unificar para fazer esse enfrentamento”, acrescentou. Segundo ele, a eleição de Jair Bolsonaro trouxe de volta práticas de intolerância que a sociedade já julgava superadas, e o PT precisa estar pronto para combater esse cenário.

Militância desmotivada, mas fiel: desafio é reorganizar o partido

O deputado também comentou a situação atual da militância petista em Pernambuco. Segundo ele, houve um processo de desmobilização, especialmente após frustrações como a retirada da candidatura própria ao governo em 2018 e em 2022.

“Isso mexe um pouco na animação da militância, mas aos poucos a gente vai recuperando todo esse sentimento”, disse. Ele destacou a importância de resgatar o trabalho de base, fortalecer os núcleos e investir em formação e mobilização constante, não apenas em períodos eleitorais.

Veras defendeu que a militância deve estar preparada para enfrentar os desafios políticos atuais e contribuir com o crescimento do partido em todo o estado, inclusive com a renovação de lideranças.

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