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No Recife, debate dos presidenciáveis nacionais do PT tem embates sobre alianças, economia e futuro do partido

Encontro reuniu os quatro candidatos à presidência nacional do PT em debate no Recife com militância e lideranças da sigla, nesta terça-feira (3)

Por Pedro Beija Publicado em 03/06/2025 às 23:20

O Partido dos Trabalhadores (PT) promoveu, nesta terça-feira (3), no Sindicato dos Bancários, no Recife, o segundo debate entre os candidatos à presidência nacional da sigla: Edinho Silva, Romênio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar, que apresentaram propostas, críticas e visões sobre o futuro do partido.

O debate foi mediado por Natália Sena, integrante da Comissão Executiva Nacional do PT. No evento, marcaram presença lideranças como o presidente estadual do PT em Pernambuco, o deputado estadual Doriel Barros; a senadora Teresa Leitão; o deputado estadual João Paulo; e o deputado federal e candidato à presidência estadual do partido Carlos Veras.

O evento faz parte do Processo de Eleições Diretas (PED) do PT, com primeiro turno marcado para 6 de julho, em todo o país.

Críticas e defesa de retomada da militância

O deputado federal Rui Falcão abriu o debate defendendo o resgate do “projeto histórico” do PT, com maior protagonismo da militância, combatividade e uma linha política mais à esquerda. Rui propôs que os quatro candidatos formalizem um pedido ao presidente Lula para que o Brasil rompa relações diplomáticas e comerciais com Israel, em resposta à ofensiva contra a Palestina.

“Se há consenso, vamos juntos pedir ao presidente Lula o rompimento de relações diplomáticas e comerciais com o governo genocida de Bibi Netanyahu”, afirmou.

Rui também defendeu medidas como a taxação dos super-ricos, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil ou R$ 7 mil, e a revisão da anistia de 1979.

“Diálogo é importante, mas não basta. A conjuntura exige enfrentamento”, completou.

Segundo a falar, Valter Pomar defendeu mudanças profundas na linha política do PT, com retomada da defesa do socialismo e da mobilização popular como eixo central. Valter criticou alianças com setores da direita e afirmou que concessões ao neoliberalismo impedem avanços estruturais.

“Não dá para enfrentar o fascismo com conciliação. É preciso esmagar o fascismo”, declarou.

Pomar também questionou a subordinação da política econômica aos interesses do capital financeiro e defendeu mais investimento em políticas sociais, além de uma reforma política que limite a influência do dinheiro nas eleições. “Essa é a hora de escolher qual PT queremos”, concluiu.

Romênio Pereira destacou a necessidade de fortalecer os diretórios municipais, especialmente em cidades pequenas e médias, que, segundo ele, foram fundamentais nas vitórias de Lula e Dilma. Criticou a concentração de recursos do partido no eixo paulista e defendeu uma redistribuição mais democrática, com 50% dos fundos de deputados federais destinados aos estaduais.

“O PT ganhou pela esquerda e está governando pelo centro e pela direita”, criticou, ao defender que as alianças do partido respeitem seus compromissos históricos.

Romênio também se posicionou contra a atual federação partidária com PV e PCdoB e reforçou seu compromisso com a diversidade e os setoriais, propondo mais recursos para juventude, população negra, mulheres e meio ambiente.

Já Edinho Silva afirmou que o PED de 2025 é o mais importante da história do PT, pois a legenda precisa se preparar para um cenário onde Lula não possa mais ser candidato à Presidência da República.

“Precisamos construir um partido que saiba fazer disputa política mesmo sem Lula na cédula”, afirmou.

Edinho defendeu fortalecer a organização popular, com foco em economia solidária, orçamento participativo e diálogo com o que chamou de "nova classe trabalhadora", onde incluiu motoristas de aplicativo e trabalhadores precarizados. Destacou também que enfrentar o crescimento do fascismo no Brasil e no mundo exigirá mais do que discursos.

“O fascismo não é uma força menor", afirmou.

O ex-prefeito de Araraquara propôs aprimorar a democracia interna, com funcionamento pleno das instâncias, além da democratização do orçamento partidário.

Debate reflete embates sobre futuro do PT e relação com o governo

O debate evidenciou divergências sobre a condução da política econômica, alianças, autonomia do partido e democracia interna.

Rui Falcão e Valter Pomar foram críticos ao arcabouço fiscal e à manutenção dos juros altos, enquanto Edinho Silva defendeu uma estratégia que fortaleça o governo Lula sem abrir mão da disputa política dentro da coalizão.

“O semiparlamentarismo já está instalado. Precisamos disputar os rumos do governo, mas com responsabilidade para não enfraquecê-lo”, afirmou Edinho.

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