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Rebaixamento do Sport é apenas o 1º capítulo da série de problemas que virão pela frente

Clube vive incertezas após queda no Brasileirão, saída de Yuri Romão e indefinição total para a próxima temporada que vem, quando jogará a Série B

Por Thiago Wagner Publicado em 15/11/2025 às 21:06 | Atualizado em 15/11/2025 às 21:07

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O rebaixamento confirmado após a derrota por 5x1 para o Flamengo, neste sábado (15), na Arena de Pernambuco, coloca o Sport na porta de entrada de um 2026 cercado de indefinições e problemas. O clube já vivia tensão política, dificuldades financeiras e instabilidade no futebol. Agora, com a queda consumada, o cenário se torna ainda mais complexo, sem respostas claras sobre quem comandará o próximo ciclo dentro e fora de campo.

A crise política é o primeiro ponto da lista. Yuri Romão anunciou que deixa o cargo em dezembro e que antecipará a eleição após a auditoria obrigatória. O formato - voto direto ou indireto - ainda depende de alinhamento com o Conselho Deliberativo, que terá papel central no processo. A definição precisa ocorrer em poucas semanas, mas não há consenso interno. Até lá, o clube trabalha sem saber qual grupo político assumirá o comando em 2026.

No futebol, a situação é igualmente incerta. O elenco que foi montado com investimento alto não tem garantia de continuidade. Mesmo atletas com contrato podem deixar o clube, e ainda não há resposta sobre quem deseja permanecer após a queda. A direção admite que “ninguém está garantido” no alto escalão da direção e que a reestruturação será profunda. O Sport também não tem treinador definido para o ano que vem, já que César Lucena atua apenas como interino e não há movimento oficial por um substituto.

Com a política indefinida, o planejamento para 2026 está praticamente paralisado. A atual gestão tenta adiantar análises e organizar informações, mas evita decisões estruturais - o que dificulta contratações, renovações e ajustes de orçamento. O clube precisa definir quem comandará a montagem do elenco, qual será o modelo de futebol e como será a estrutura da diretoria a partir de janeiro.

A questão financeira é outro ponto de preocupação. O Sport já lida com atrasos salariais e acordos pendentes com jogadores e funcionários. Há ainda compromissos em aberto com ex-nomes como Antônio Oliveira e Antônio Carlos. Sem falar no pagamento de dívidas a clubes, como o caso do zagueiro Ramon Menezes.

Em 2026, a receita deverá ser menor: a cota de TV da Série B não deve cobrir as despesas de um time com folha alta e obrigações acumuladas. Além disso, o clube gastou cerca de R$ 60 milhões em reforços nesta temporada, valor que precisa ser quitado sem garantia de novas receitas robustas.

Projetos estruturais também entram em compasso de espera. O processo de Recuperação Judicial segue em curso e ainda exige cumprimento de metas financeiras. Já a ideia de transformar o clube em SAF - discutida internamente ao longo do ano - perde velocidade diante da instabilidade política e da queda esportiva. Sem comando claro, qualquer movimento em direção à SAF tende a ser adiado.

A relação com o torcedor é outro desafio. Em 2025, a torcida entrou em rota de colisão com a diretoria, protestou em diversos momentos e cobrou mudanças profundas. Isso sem falar na polêmica do jogo do Flamengo, que teve mais flamenguista do que torcedores do Sport na arquibancada. Uma humilhação sem tamanho. A queda reforça um ambiente de desgaste que precisará ser administrado pela nova gestão. A temporada 2026 começa com o clube pressionado, com baixa confiança e com o torcedor exigindo respostas rápidas.

Nesse contexto, o Sport entra no próximo ano com a missão de se reorganizar institucionalmente, reconstruir o futebol e se ajustar financeiramente para voltar a ser competitivo na Série B. O rebaixamento impõe cortes, decisões firmes e um planejamento que ainda não começou - justamente porque o clube não sabe quem irá conduzi-lo.

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