Corrupção na Penitenciária de Petrolina: diretor e policiais penais respondem a processo na Corregedoria da SDS
Portaria, no sábado (23), determinou investigação administrativa, que pode levar à demissão dos suspeitos, afastados das funções por ordem judicial

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O diretor e cinco policiais penais da Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes, localizada em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, alvos de operação na semana passada, agora estão na mira da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Afastados das funções públicas por ordem judicial, por suspeita de participação num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, eles também podem ser demitidos.
Como revelou o Jornal do Commercio, o diretor da unidade prisional, Alessandro Barbosa Martins de Souza, além dos policiais penais Ronildo Barbosa dos Santos, Ricardo Borges da Silva, Vinícius Diego Souza Colares, Rivelino Rufino de Carvalho e Cledson Gonçalves de Oliveira, foram os principais alvos da Operação Publicanos, deflagrada na última terça-feira (19).
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na penitenciária e nas casas dos suspeitos. Em um dos imóveis, uma grande quantidade de armas de fogo também foi encontrada e encaminhada para perícia no Recife.
A operação, resultado de investigação da Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária e do Grupo de Operações Especiais (GOE), mira uma organização criminosa voltada à prática de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e introdução de aparelho telefônico de comunicação móvel em presídio. Esquema bem semelhante ao descoberto no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, no começo do ano.
O inquérito sobre a corrupção na penitenciária está correndo sob sigilo. A Primeira Vara Criminal da Comarca de Petrolina determinou o afastamento das funções de todos os servidores investigados.
Em paralelo, portaria da Corregedoria da SDS, publicada neste sábado (23), instaurou um processo administrativo disciplinar (PAD) em desfavor do diretor e dos cinco policiais penais investigados. Não há prazo para conclusão, mas ao final a punição pode resultar na demissão deles.
Em nota à imprensa, na terça-feira, a assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) declarou apenas que "não compactua com quaisquer atos ilícitos dentro do sistema prisional de Pernambuco". E disse que "segue à disposição e colaborando com todas as investigações policiais".
A coluna não conseguiu contato com as defesas dos investigados. O espaço segue aberto.
SERVIDORES DO PRESÍDIO DE IGARASSU NO BANCO DOS RÉUS
O Presídio de Igarassu, o mais superlotado e precário do Estado, entrou na mira da Polícia Federal em duas operações realizadas em fevereiro e abril deste ano para combater o forte esquema de corrupção.
Na primeira fase, o ex-diretor Charles Belarmino de Queiroz e sete policiais penais foram presos preventivamente. Outros dois servidores, incluindo uma dentista, também foram alvos.
Na segunda fase, o ex-secretário-executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização André de Araújo Albuquerque foi preso após a Polícia Federal encontrar imagens que mostram ele recebendo dinheiro e guardando em uma sacola na sala da diretoria do presídio. Para os investigadores, a quantia se tratava de propina.
A investigação apontou que os ex-gestores e policiais penais recebiam dinheiro e até comida para liberar a entrada de drogas, celulares, bebidas alcoólicas e garotas de programa na unidade prisional. Festas também eram autorizadas, segundo diálogos de WhatsApp.
O inquérito destacou que o esquema de corrupção ocorreu pelo menos entre os anos de 2018 e 2024, quando Charles estava à frente da direção do presídio. Ele e André foram exonerados dos cargos no final do ano passado, em meio ao avanço das investigações.