Ônibus elétrico: Transporte público do Grande Recife terá 100 ônibus elétricos, previstos nos investimentos do Metrô do Recife

O acordo firmado entre o governo de Pernambuco e o governo federal para a reestruturação do Metrô do Recife - que definiu a futura concessão pública do sistema sobre trilhos - vai beneficiar, também, o sistema de transporte público por ônibus da Região Metropolitana do Recife. Nas negociações, a União garantiu a aquisição de 100 ônibus elétricos para reforçar o Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP).

Os recursos para a compra dos veículos foram assegurados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e serão repassados ao Estado, que ficará responsável pela compra e operação dos novos ônibus em linhas de ônibus da RMR. Segundo a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, a nova frota - que conta com ar-condicionado - vai oferecer mais conforto à população, enquanto os trabalhos da reestruturação do metrô avançam.

O secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, André Teixeira, explicou que a frota de ônibus elétrico será um ativo das empresas de ônibus que operam o transporte do Grande Recife, mas como subsídio estadual do sistema. O reforço da frota de ônibus ocorre paralelamente à intervenção emergencial para reestruturar o Metrô do Recife, que incluem a substituição de dormentes, o conserto de trilhos e melhorias no sistema de energia para reduzir riscos operacionais e aumentar a segurança dos passageiros.

A estratégia de reestruturação do sistema metroviário foi viabilizada após a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre o governo de Pernambuco, o governo federal e o BNDES. O acordo garantiu um investimento federal de R$ 4 bilhões a ser aplicado nos cinco primeiros anos da futura concessão pública - via Parceria Público-Privada (PPP) - do metrô. De imediato, ainda em 2026, serão R$ 150 milhões em investimentos para a reforma das estações e melhorias na parte de trilhos e energia, além da aquisição de trens seminovos. 

Até então, a eletrificação da frota do transporte público era um sonho distante no transporte público por ônibus da RMR, que ficou de fora do programa de renovação da frota do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Segundo André Teixeira Filho, o investimento imediato será aplicado em etapas até dezembro de 2026. “O foco, neste momento, será a compra de novos trens e a reforma das estações. Como parte desse esforço, 11 vagões seminovos serão adquiridos para substituir os mais antigos e críticos, enquanto se prepara o caminho para a compra de novos trens no futuro”, afirmou.

FROTA DE ÔNIBUS DO GRANDE RECIFE NUNCA FOI TÃO VELHA. MPPE FEZ RECOMENDAÇÕES

A frota de ônibus da RMR nunca esteve tão velha e, por isso, o anúncio dos 100 ônibus elétricos é tão importante. Dados de abril de 2025 obtidos pelo JC mostram que dos quase 2 mil ônibus em operação na RMR - operados pelas empresas que ainda não têm contrato de operação - mais de 50% estavam acima dos sete anos, uma idade considerada perigosa para o transporte coletivo de passageiros.

Uma análise comparativa do cadastro de frota das empresas permissionárias de transporte coletivo (que ainda não têm contrato de operação) revela um cenário de redução no número total de veículos e um significativo envelhecimento da frota entre janeiro de 2023 e abril de 2025.

Os números são referentes a 16/01/2023 e 16/04/2025 e mostram que o total de veículos registrados para o STPP (Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR) diminuiu de 1.826 para 1.689. Essa diferença representa uma queda de 137 veículos, equivalente a 7,5% do total.

A situação chegou a um nível tão crítico que o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entrou em cena e exigiu que o governo de Pernambuco viabilizasse recursos para a aquisição de novos ônibus. A Promotoria de Transportes, tendo à frente o promotor Leonardo Caribé, exigiu em novembro uma série de medidas imediatas do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) e da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi) para reverter o que definiu como violação dos deveres de segurança, atualidade e eficiência do serviço do STPP/RMR.

Entre as principais solicitações, o MPPE determinou a realização de estudos técnico-econômicos e financeiros no prazo máximo de 90 dias, destinados à inclusão de uma rubrica específica para renovação de frota nos estudos tarifários e/ou no modelo remuneratório, conforme obriga a Lei Estadual nº 16.787/2019.

Após a conclusão, o estudo deve ser submetido ao Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). Além disso, o Consórcio deve intensificar, em 60 dias, o programa de vistorias de segurança, com foco na idade máxima e segurança veicular, e apresentar, em 90 dias, um relatório consolidado com o total de veículos acima da vida útil legal e as medidas adotadas para a migração e recolhimento imediato dos veículos classificados como Risco Tipo III.

O CTM também deverá apresentar, em 90 dias, um cronograma atualizado para a nova licitação dos lotes remanescentes, que se arrasta desde 2013 e já teve adiamentos na gestão da governadora Raquel Lyra. Agora, a previsão é de que o processo só aconteça em setembro de 2026, nove meses depois do último cronograma anunciado pelo Estado, que seria janeiro de 2026. E, mesmo assim, sob risco de novos adiamentos devido aos entraves do processo.