CBTU diz que Ministério das Cidades vai garantir recursos para o Metrô do Recife, evitando uma paralisação a partir de julho
Companhia diz que o Ministério das Cidades está conduzindo as tratativas necessárias para a recomposição do orçamento da CBTU para 2025

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que a possibilidade de uma paralisação iminente das operações do Metrô do Recife e de outros três sistemas de trens urbanos do Nordeste não acontecerá.
Apesar de um alerta, feito oficialmente ao governo federal devido à insuficiência orçamentária, a Companhia assegurou que o Ministério das Cidades garantirá os recursos necessários para o exercício de 2025, evitando a descontinuidade na prestação dos serviços e prejuízos à população a partir de julho.
A CBTU, entretanto, não deu muitos detalhes de valores e providências que o governo federal estaria adotando para a liberação dos recursos mínimos para garantir a operação básica do Metrô do Recife e dos sistemas de João Pessoa (PB), Natal (RN) e Maceió (AL), que ainda são geridos pela Companhia.
Apenas informou que o assunto está sendo tratado pelo Ministério das Cidades e que uma possível paralisação está descartada. “As tratativas para a atualização do orçamento estão em andamento, e a informação atual é de que não haverá paralisação em nenhum dos sistemas”, informou no email enviado à Coluna Mobilidade.
EM DOCUMENTO, CBTU ALERTOU SOBRE O RISCO DE PARALISAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE E DE OUTROS TRÊS SISTEMAS
A informação de que a paralisação estava descartada chegou após a Coluna Mobilidade divulgar um documento alertando sobre a crise financeira da Companhia. A CBTU havia emitido um ofício alarmante ao Ministério das Cidades, assinado pelo diretor-presidente José Marques em 28 de abril, expressando profunda apreensão com a falta de recursos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025.
O documento previa um fechamento total dos quatro sistemas ainda operados pela Companhia – incluindo o Metrô do Recife, que atende 160 mil pessoas diariamente no Grande Recife, além dos sistemas de João Pessoa (PB), Natal (RN) e Maceió (AL) – até o final de agosto de 2025, com o protocolo de paralisação iniciando já em julho de 2025.
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Nos últimos anos, a CBTU tem recebido recursos insuficientes para suas necessidades de custeio operacional e de investimentos. O custeio, que se refere às despesas básicas de operação sem incluir investimentos e pagamento de folha de pessoal, foi severamente impactado. Essas restrições já resultaram em prejuízos a componentes essenciais, como sistemas fixos, materiais rodantes, super e supraestrutura (a parte visível da estrutura acima do solo), via permanente e estações. Além disso, houve redução do estoque de peças para reposição, sucateamento de equipamentos e uma diminuição anual de contratos essenciais.
O cenário para 2025 era considerado ainda mais crítico: enquanto em 2024 o orçamento de custeio liberado e executado foi de R$ 216 milhões, o aprovado para 2025 era de apenas R$ 165 milhões. A Companhia estimava que a necessidade real para garantir o funcionamento operacional mínimo até dezembro de 2025, considerando reajustes e repactuações de contratos contínuos, seria de aproximadamente R$ 260 milhões.
A diretoria executiva da CBTU chegou a se reunir com o Secretário-Executivo do Ministério das Cidades em 6 de fevereiro de 2025, aguardando a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 para conhecer o orçamento final, mas nada havia avançado. A Companhia já possuía um plano para implementar reduções contratuais, retardamento de pagamentos e a cessação de novos contratos e aquisições de materiais e serviços, caso o limite orçamentário fosse mantido.
Agora, a CBTU diz que o Ministério das Cidades está conduzindo as tratativas necessárias junto às instâncias superiores competentes para a recomposição do orçamento da CBTU para 2025. Se a garantia ser confirmar, evitará uma série de consequências graves que seriam geradas pela paralisação total das operações.
O ofício da CBTU listava impactos abrangentes, que agora são afastados, tais como:
- Insegurança de tráfego para a população.
- Insegurança para usuários e empregados.
-Depredação do patrimônio.
- Maior comprometimento da vida útil dos equipamentos.
- Comprometimento severo da retomada da operação comercial devido à degradação causada pela desmobilização dos postos de trabalho.
- Demissão em massa de terceirizados.
- Risco de paralisação das atividades dos próprios empregados da CBTU.
Renúncia de receita operacional.