Exercícios populares na academia: eficácia questionável e risco de lesões
Movimentos que estão em alta nas redes sociais ou que fazem parte da rotina de treinos podem, na verdade, não serem tão eficazes e até causarem lesões

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Aquele exercício que está em alta nas redes sociais ou que sempre faz parte da sua rotina de treino pode não ser tão eficaz quanto parece — ou pior, pode até causar lesões.
A profissional de educação física Bianca Alcântara explica que alguns movimentos são superestimados. "Não que o exercício seja inútil, mas ele é colocado em um patamar de benefícios maiores do que realmente oferece para a maioria das pessoas", diz ela.
Bianca ressalta que o problema é a falta de personalização. Muitas vezes, esses exercícios são incluídos em treinos sem levar em conta a individualidade biológica do praticante. Um exemplo é o abdominal, que muitos consideram milagroso para "perder barriga", o que não é verdade. "Não é possível escolher de onde a gordura vai sair. Nesse caso, o segredo é unir déficit calórico e um treino geral", explica.
A especialista aponta três fatores principais que levam um exercício a ser questionado por profissionais:
- Falta de personalização: Alguns profissionais aplicam o mesmo exercício a todos os corpos e objetivos, sem a devida adaptação;
- Viralização em redes sociais: Influenciadores, que muitas vezes não têm formação na área, popularizam exercícios com promessas rápidas e fora de contexto;
- Ausência de validação científica: Muitos movimentos ganham fama sem comprovação de sua eficácia e segurança.
Bianca enfatiza que a individualidade é essencial. "A mobilidade, o histórico de lesão e a estrutura corporal devem ser o ponto de partida para qualquer prescrição. O agachamento, por exemplo, é eficaz, mas pode ser inadequado para quem tem uma limitação no tornozelo ou diferenças no comprimento do fêmur. Até os movimentos clássicos precisam ser adaptados."
Ela também cita outros exercícios populares que, se realizados de forma incorreta, podem ser perigosos:
- Stiff com barra: Pode ser arriscado para iniciantes que não têm controle abdominal, podendo causar sobrecarga na lombar. A profissional ressalta, contudo, que é um ótimo exercício para alunos avançados, com boa técnica e progressão de carga;
- Puxada atrás da nuca: Quando mal executada, tem um grande potencial de lesão devido à compressão cervical. Uma alternativa mais segura é a puxada frontal, que respeita a biomecânica do corpo.
Técnica é mais importante que a carga
Para finalizar, Bianca reforça que a técnica é mais importante que a carga. A prioridade deve ser sempre executar bem o movimento, antes de aumentar o peso. "Sempre falo aos meus alunos que 'a técnica precede a carga'. É melhor uma execução bem-feita do que uma mal feita com muito peso, que pode gerar compensações articulares e lesões musculares", ressalta.
"Nenhum exercício é universal, e o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Nenhum movimento 'famoso' substitui uma prescrição bem-feita. O progresso se constrói com consistência e boa execução, não com promessas de resultados rápidos", finaliza Bianca.