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Polícia conclui inquérito sobre preconceito no uso de banheiro de academia

O casal foi indiciado por injúria racial, pois a justiça compreendeu que houve a intenção de discriminação contra a personal trainer

Por Zayra Pereira Publicado em 12/08/2025 às 21:31

Na tarde desta terça-feira (12), a Polícia Civil divulgou a versão final do inquérito instaurado para verificar se houve ou não preconceito quando um casal impediu uma educadora física, Kelly Moraes, de utilizar um banheiro de academia, em Boa Viagem.

O casal foi indiciado por injúria racial, pois a justiça compreendeu que houve uma discriminação contra a personal trainer, visto que o fato dela ser confundida com uma mulher trans foi motivo de intolerância.

"Todo aquele que for impedido ou injuriado por conta de sua raça, sua cor, procedência nacional também, etnia, e por conta de uma interpretação do STF, onde pessoas trans e homossexuais sejam incluídas nessa norma, a traz a inteligência e tipifica desta forma. Artigo 2A", contou o delegado da polícia Mario Melo, responsável pelo caso.

O delegado aponta que o caso é enquadrado como "erro de tipo acidental" e para o direito penal, a intenção de causar dano a uma pessoa já é enquadrada como crime.

As agressores buscaram a justiça também, acompanhados por um advogado. Todas as informações e argumentações foram revisadas mas foi constatado que a vítima foi injuriada por ser confundida com uma mulher trans.

Todos os materiais de vídeos foram analisados, além das testemunhas que observaram o momento. "O direito penal e a constituição tá aí para reprimir qualquer ato de discriminação", concluiu.

A vítima conta que essa evolução do caso traz uma ponta de esperança que tudo dará certo.

"Devido a tantas coisas que já foram passadas, e de repente você vê algo que está favorecendo a gente que é vítima. Não tem como explicar", disse Kelly Moraes.

A personal conta que gostaria que sua luta pudesse beneficiar pessoas que sofrem com o preconceito de gênero.

"Eu espero que assim como aqui, o juiz entenda como foi a realidade e que isso venha para mudar algo, que venha uma lei mais severa, que isso venha representar algo e que daqui para frente possa ajudar outras pessoas", concluiu.

O caso segue para julgamento junto ao Ministério Público.

Relembre o caso

Uma mulher cisgênero, que atua como personal, foi impedida de utilizar o banheiro feminino em uma academia no bairro de Boa Viagem, após um homem afirmar que ela não poderia ir, alegando que ela era trans.

A mulher foi defendida por uma aluna e o caso ganhou grande comoção, visto que levanta o alerta de que a transfobia afeta não somente as mulheres trans, como também as cis que não performam padrões estéticos normativos.

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