Fotógrafa pernambucana celebra 300 anos do maracatu rural com exposição no Cais do Sertão
Mostra passa a receber visitas a partir da próxima terça-feira (12/8) e fica em cartaz até o mês de setembro. A entrada é gratuita

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A capital pernambucana será vitrine de uma viagem pela memória e pela cultura popular. Na próxima terça-feira (12/8), o Cais do Sertão – equipamento cultural localizado no Bairro do Recife – abre as portas para receber a estreia da mostra “De Cambinda ao Maracatu: Na Mata tem Brinquedo”, primeira exposição individual da fotógrafa Cláudia Dalla Nora. A mostra é gratuita e fica aberta até 12 de setembro. O evento antecede o Dia do Patrimônio Histórico e Cultural, comemorado na quinta-feira (17/8).
O maracatu de baque solto, também chamado rural, nasceu no século XVIII entre populações negras escravizadas e seus descendentes, no interior de Pernambuco. Essa manifestação mistura elementos africanos, indígenas e europeus. É um rito coletivo que atravessa gerações e permanece vivo como patrimônio cultural.
No espaço expositivo, o público entrará em contato com essa herança, reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil. As imagens, captadas pela fotógrafa nas cidades de Nazaré da Mata – Capital Estadual do Maracatu Rural –, Tracunhaém e Buenos Aires, revelam a força de uma cultura que transforma dor em dança, barro em altar e suor em poesia.
A exposição reúne 37 fotografias inéditas, divididas entre cores vibrantes e tons em preto e branco. Os registros mostram ensaios, cortejos e encontros comunitários. Entre elas, estão imagens do Encontro de Maracatus do Engenho Bringa, em Tracunhaém, considerado um dos principais espaços da tradição na Zona da Mata Norte.
A mostra, resultado da pesquisa e imersão da fotógrafa, busca apresentar também o dia a dia da convivência cultural dos mestres e brincantes. “Se o maracatu desfila para não esquecer, eu fotografo para lembrar”, afirma a artista, que usa a fotografia como linguagem de memória e resistência.
Durante a visitação ao local, moradores, turistas e visitantes serão convidados a realizarem uma travessia sinestésica. No espaço, que recebeu a curadoria da produtora cultural Gisele Carvallo, será possível perceber as fotografias posicionadas de modo a flutuar em tecidos rústicos, como velas ao vento. Figurinos da agremiação, confeccionados artesanalmente pelos próprios artesãos, brincantes e folgazões, revelam detalhes que carregam memórias de gerações. Versos de loas nas paredes marcam o compasso do ambiente, que pulsa como o toque dos chocalhos.
A exposição é ambientada com tecnologia sonora. As vozes de mestres e mestras também poderão ser contempladas pelas pessoas que passarem por lá. A ideia é possibilitar que o público tenha a oportunidade de apreciar a sonoridade das poesias populares que dialogam com as imagens. "Essa interação é para criar a sensação de que o visitante sinta-se parte da brincadeira popular, caminhando no ritmo do maracatu", contou Claudia.
Além dessas novidades, a exposição terá, ainda, a possibilidade de transmitir cheiros da vegetação canavieira, que contribuem para a cultura do maracatu, a exemplo de terra molhada, galhos de arruda e outras especiarias.
Esta mostra tem incentivo da Secretaria de Cultura, Fundarpe e Governo de Pernambuco, por meio dos recursos da PNAB – PE (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura em Pernambuco).
Serviço
O quê: Fotógrafa pernambucana celebra 300 anos do maracatu rural com exposição no Cais do Sertão
Abertura: Terça-feira, 12 de agosto de 2025
Visitação: De 12 de agosto a 12 de setembro de 2025
Local: Cais do Sertão – Recife (PE)
Horários: Terça a sexta, das 10h às 16h; sábado e domingo, das 11h às 17h