Guerra de poderes: Governo Raquel Lyra silencia sobre provocações feitas pelo presidente da Alepe, Álvaro Porto. Veja vídeo
Executivo estadual não respondeu à declaração do presidente da Alepe de que governo tenta transferir à Casa responsabilidade por 'gestão inoperante'

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Passadas mais de 24 horas após o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), publicar um vídeo afirmando que a governadora Raquel Lyra (PSD) tenta transferir para a Alepe a responsabilidade por uma “gestão inoperante”, o governo do estado e a base aliada seguem em silêncio.
Ao ser questionada sobre o assunto nesta quarta-feira (9), na abertura da Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte), Raquel Lyra disse que o momento era para celebrar os artesãos e que discutiria política em outra ocasião.
Na publicação, compartilhada na última terça-feira (8), Porto rebate uma cobrança pública feita pela governadora pela aprovação de dois empréstimos que estão travados na Alepe, alegando que a demora na tramitação se dá por falta de resposta do governo sobre informações relacionadas a créditos anteriores.
Nos corredores do Palácio, há um consenso de que Álvaro Porto teria subido o tom acima do institucional durante a gravação, publicada nas redes sociais dele.
Confira o vídeo na íntegra:
De acordo com o deputado, a chefe do executivo busca "transferir para a Alepe o pesado ônus do estado ter que conviver com a gestão inoperante e que não consegue fazer as entregas prometidas que a população tanto espera e precisa".
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O vídeo também foi entendido pelo entorno da governadora como uma sinalização de que Álvaro não pretende recuar no conflito instalado entre Legislativo e Executivo. Apesar disso, não houve qualquer manifestação pública rebatendo o teor do vídeo.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do governo do Estado, da líder do governo na Alepe, Socorro Pimentel (União Brasil), e do vice-líder Joãozinho Tenório (PRD), mas não obteve retorno.
No vídeo em questão, Álvaro Porto diz que o governo tenta culpar a Alepe pelo que seria um "problema de gestão" da administração estadual.
"As obras não saem do papel porque a gestão não consegue rodar os projetos e entregar as obras por pura incapacidade gerencial", afirmou o presidente da Alepe. O vídeo, a propósito, foi gravado nas dependências da Assembleia.
Do lado do Legislativo, o que se comenta é que os parlamentares estão no meio do chumbo trocado e, com exceção dos mais fervorosos, também não querem colocar mais fogo no conflito, preferindo preservar as próprias imagens em meio ao embate.
Resolução cada vez mais distante
Os mais esperançosos — de um lado e de outro — chegaram a acreditar que o recesso da Alepe, neste mês de julho, seria palco de um balançar de bandeira branca capaz de arrefecer a temperatura entre os Poderes, o que parece estar cada vez mais distante.
A convocação de uma sessão extraordinária por parte da governadora para tentar votar os projetos no meio do recesso também não deverá acontecer. Raquel, portanto, teria aceitado que a votação só ocorrerá, no mínimo, a partir de agosto, caso haja boa vontade dos parlamentares da oposição.
Após Raquel fazer a cobrança pública pela tramitação dos empréstimos, na última quinta-feira, o deputado Waldemar Borges (PSB), um dos mais ferrenhos opositores nesse quesito, disse que não há entraves na Alepe.
"A governadora nunca deixou de ter um pedido de autorização atendido pela Assembleia. Desde 2023, o governo do estado tem uma autorização para contrair R$ 1,7 bilhão com a Caixa Econômica. Passados dois anos, só conseguiu captar R$ 600 milhões. E só agora está prestando contas desse valor”, afirmou o parlamentar.
Na semana passada, em entrevista ao videocast Cena Política, do JC Play, o deputado governista Antônio Moraes (PP), afirmou que o conflito que envolve os empréstimos é estritamente político, e não tem relação com atraso na explicação sobre créditos anteriores.
“O discurso da oposição é de que o dinheiro [de outros empréstimos captados pelo governo] não está sendo gasto, o que não é verdade. A questão é meramente política, não tenho dúvida”, avaliou o parlamentar.