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Tal dono, tal cão? Especialista revela como pets absorvem hábitos dos tutores

A especialista e pesquisadora Renata Roma explica quais traços podem ser "herdados" pelos cães e destaca papel deles como reguladores emocionais

Por Lara Calábria Publicado em 22/08/2025 às 6:00

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Pode até parecer piada ou exagero, mas a semelhança entre cães e seus tutores vai além da aparência. Estudos mostram que traços como calma, sociabilidade e até teimosia são compartilhados entre humanos e seus animais de estimação. E isso não é por acaso: a ciência confirma que cães e donos tendem a desenvolver perfis de comportamento semelhantes com o tempo.

Essas semelhanças foram analisadas em profundidade em diferentes artigos, estudos e pesquisas, como o material “Like owner, like dog – A systematic review about similarities in dog-human dyads”, publicado na plataforma científica ScienceDirect. O estudo, conduzido por pesquisadores da Friedrich Schiller University Jena, na Alemanha, reuniu evidências de que comportamentos, emoções e até o estilo de vida dos tutores influenciam diretamente o comportamento dos cães.

A pesquisadora brasileira Renata Roma, psicoterapeuta e especialista no vínculo humano-animal, também se dedica ao tema. Atuando na University of Saskatchewan, no Canadá, investiga como as relações com animais impactam a saúde emocional, especialmente na infância. Segundo Renata, o cão pode funcionar como uma extensão emocional do tutor, refletindo seu estado psicológico e afetivo.

Pets espelham a rotina e o estado emocional de seus donos

A especialista fala que tutores e seus animais tendem a compartilhar certos traços, como a extroversão, por exemplo. Pessoas extrovertidas, que gostam de atividades ao ar livre, caminhadas ou viagens, costumam ter cães com um estilo de vida mais agitado e sociável, refletindo suas próprias preferências.

‘’Outro exemplo comum é o de tutores ansiosos que têm pets com comportamentos igualmente ansiosos. Essa combinação aparece com frequência quando observamos o dia a dia das duplas tutor-animal.Além da personalidade, muitos hábitos acabam se sincronizando naturalmente: horários de alimentação, padrões de sono, rotinas de descanso e até o ritmo das caminhadas são exemplos de comportamentos que vão se ajustando ao longo do convívio, reforçando o vínculo entre eles.’’

Inclusive, o clima de uma casa, em termos de calmaria ou brigas, pode moldar a saúde física de um animal, uma vez que eles absorvem e isso pode ser refletido em transtornos. ‘’Em ambientes familiares mais tensos ou caóticos, é comum observar animais de estimação mais ansiosos. Eles podem apresentar mais problemas comportamentais. Por outro lado, quando existe uma rotina mais estável, isso é benéfico não só para as pessoas da casa, mas também para o animal. Você tende a ter pets mais responsivos.’’ afirma.

‘’Os cães, por exemplo, são muito sensíveis às expressões emocionais e ao tom de voz. Em ambientes onde as pessoas falam muito alto ou há muitos conflitos, eles vão reagir a isso. E o contrário também acontece: animais com problemas comportamentais podem impactar a saúde mental dos tutores, exigindo mais tempo de dedicação, treinamento e, às vezes, gerando frustração’’.

Cães atuam como reguladores emocionais

Dentro das semelhanças e conexão entre animal e tutor, o tema ainda vai além: os pets podem atuar como reguladores emocionais, sobretudo com crianças. ‘ O simples ato de tocar ou fazer carinho em um animal de estimação tem efeito calmante: ajuda a reduzir a produção de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, e aumenta a produção de ocitocina, que é o hormônio associado à conexão e ao afeto. Com isso, o contato com o animal favorece o equilíbrio emocional e contribui diretamente para o bem-estar da criança.’’

Diversos estudos mostram que crianças que crescem com pets se sentem menos sozinhas. Muitas relatam ter uma conexão mais forte com o animal do que com amigos ou até mesmo irmãos. Conviver com um animal pode funcionar como uma base segura, que facilita a expressão emocional e a sensação de visibilidade, afinal, a criança conhece a rotina do animal e sabe o que esperar dele, o que traz conforto e previsibilidade.

Quando vira um problema

A conexão entre humanos e cães também tem seu lado negativo: quando o tutor projeta no animal suas próprias emoções ou lhe atribui a obrigação de agir dentro de perspectivas humanas. Esse fenômeno é conhecido como humanização. Nesse processo, o dono desconsidera a natureza animal e passa a justificar seus comportamentos de forma distorcida, o que acaba prejudicando o próprio pet.

“Esse tipo de interpretação gera frustração no relacionamento, porque esperamos do animal uma função emocional que não é dele. Isso pode prejudicar o vínculo e, consequentemente, afetar a qualidade de vida do pet. Muitas vezes, isso leva a uma relação baseada em punições: falar mais alto, broncas e repreensões constantes. Essas atitudes afetam diretamente o estado emocional do animal, que pode se tornar mais estressado, inseguro, reativo e menos capaz de perceber as necessidades do tutor’’. explica o especialista.

Mais do que projetar emoções humanas nos pets, é preciso entender seus sinais, respeitar seus limites e oferecer uma convivência baseada em confiança e empatia. Essa é a chave para fortalecer o vínculo e garantir a qualidade de vida de toda a família.

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