Banco Central interrompe alta, mantém Selic em 15% e sinaliza juros altos por mais tempo
Em decisão unânime, Copom citou incerteza externa com tarifas de Trump e inflação elevada no Brasil; decisão foi anunciada nesta quarta-feira (30)

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão, anunciada na noite desta quarta-feira (30), interrompe o ciclo de alta que vinha ocorrendo desde setembro do ano passado.
Apesar da pausa na subida, o comunicado do Copom deixou claro que os juros devem permanecer neste patamar elevado por um "período bastante prolongado".
Os motivos da decisão
O Banco Central justificou a manutenção dos juros com base em dois cenários principais:
- Externo: A autoridade monetária citou que o cenário global está "mais adverso e incerto", em função dos efeitos do "tarifaço" de 50% anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o que exige "particular cautela".
- Interno: No Brasil, o Copom destacou que as expectativas de inflação continuam "desancoradas" (acima da meta) e que o mercado de trabalho segue aquecido, o que pode pressionar os preços.
O que dizem os economistas
A avaliação do mercado financeiro foi de que o comunicado foi duro e afastou qualquer esperança de um corte de juros no curto prazo. Economistas de grandes bancos, como o BV e o Itaú Unibanco, projetam que a Selic deve permanecer no patamar de 15% pelo menos até o final do primeiro trimestre de 2026.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Copom agiu para frear o otimismo do mercado, que já precificava quedas nos juros para o fim deste ano ou início do próximo.
O Copom informou que, na próxima reunião, em setembro, a tendência é de nova manutenção da taxa, mas ressaltou que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste" caso a inflação não ceda como o esperado.