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Com tradição, arte e emoção, Fenearte dá início à edição histórica de 25 anos

Na cerimônia de abertura, a governadora Raquel Lyra ressaltou a força da feira como política pública que transforma vidas e movimenta a economia

Por Adriana Guarda Publicado em 09/07/2025 às 22:15 | Atualizado em 09/07/2025 às 22:19

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A “Feira das Feiras” abriu oficialmente suas portas nesta quarta-feira (9), no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, marcando o início da 25ª edição da Fenearte — um marco na história do artesanato brasileiro. A maior feira do gênero na América Latina celebra um quarto de século como política pública que mudou a realidade de milhares de artesãos no Estado e no País.

A abertura foi comandada pela governadora Raquel Lyra, acompanhada pela vice-governadora Priscila Krause. Em seu discurso, Raquel destacou o papel estratégico da feira para a economia criativa pernambucana.

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A governadora Raquel Lyra, ao lado da vice Priscila Krause, durante a abertura oficial da Fenearte, que completa 25 anos como símbolo da economia criativa pernambucana - Divulgação

“No ano passado, a Fenearte movimentou mais de R$ 100 milhões na nossa economia e atraiu cerca de 320 mil visitantes. Este ano, não tenho dúvida de que superaremos esses números. São mais de 5 mil artesãos, 700 pontos de comercialização, além de apresentações culturais e espaços de formação. A Fenearte é um orgulho de Pernambuco, que transforma a vida de quem vive da arte popular”, afirmou a governadora.

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O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, de Serra Talhada, recepcionou os visitantes ao som do autêntico xaxado, marcando o início da festa popular na Fenearte - Divulgação

Logo na entrada, o clima era de celebração. Os visitantes eram recepcionados pelo Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, de Serra Talhada, que completa 30 anos em 2025. A apresentação do grupo deu o ritmo da feira, que pulsa ao som da cultura popular, das tradições e das memórias que atravessam gerações.

Até o dia 20, o público poderá explorar um vasto universo de cores, formas e histórias. Além da produção artesanal de Pernambuco e de todos os Estados do País, a feira também reúne expositores de 22 países.

A cada passo, o visitante encontra não apenas artesanato, mas também música, desfiles de moda, experiências gastronômicas, oficinas e palestras. A cenografia, inspirada na trajetória do evento, exibe recortes de jornais que resgatam os momentos marcantes ao longo dos anos, com destaque para a arquitetura emblemática do Centro de Convenções.

Uma ideia que virou legado

A história da Fenearte nasceu do encontro entre paixão e sensibilidade social. Foi Geralda Farias, ex-presidente da Cruzada de Ação Social, quem atendeu ao chamado da artesã Ana das Carrancas para criar um espaço de valorização e autonomia para os artesãos pernambucanos.

“Ana dizia que os artesãos viviam na miséria, reféns dos intermediários. Ela me disse: ‘A maneira de libertar esses trabalhadores é criando uma feira. A senhora topa?’ Eu topei, e assim nasceu a Fenearte”, relembra Geralda.

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Geralda Farias, idealizadora da Fenearte, relembra a criação da feira, que nasceu para valorizar os artesãos pernambucanos e hoje é referência internacional. - Adriana Guarda/JC

“Fizemos as primeiras edições de forma simples, mas desde o começo a feira já mostrava sua força. Hoje, vejo com alegria que ela virou uma política pública vitoriosa, reconhecida e mantida por todos os governos desde então. A maior feira de artesanato da América Latina continua como eu deixei: forte, viva e transformadora.”

Entre os tantos artesãos que tiveram suas vidas transformadas pela Fenearte está o mestre Abias, de Igarassu, referência na arte com gravetos e madeira reaproveitada. Ele participa do evento há mais de duas décadas e se emociona ao ver sua trajetória reconhecida.

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Mestre Abias, de Igarassu, referência no artesanato com gravetos, comemora mais uma participação na Fenearte, onde expõe há mais de duas décadas. - Adriana Guarda/JC

“No começo, ninguém comprava meu trabalho. Eu dava de presente. Hoje, vendo o ano inteiro, construí minha casa, comprei minha moto e sustento minha família com a arte que aprendi ainda menino, no sítio, transformando o que encontrava no mato. A Fenearte é um sonho. Aqui a gente reencontra amigos, faz novas amizades e tira o pão de cada dia”, conta o artesão.

Um olhar para o futuro

A Fenearte chega aos 25 anos reafirmando sua potência econômica e seu papel como política pública consolidada. Mais do que uma vitrine de artesanato, a feira é um motor que movimenta diferentes setores, do turismo ao comércio, e impulsiona a economia criativa do Estado.

Para marcar essa trajetória, a organização preparou uma programação especial, destacando também o impacto social e afetivo do evento — que, a cada edição, atrai não só compradores, mas também estudiosos, colecionadores e admiradores da cultura popular.

A curadora da Fenearte, Camila Bandeira, reforçou que o tema deste ano, “A Feira das Feiras”, presta homenagem não apenas à trajetória da própria Fenearte, mas também às feiras populares espalhadas pelo País.

“A proposta é celebrar essa história, mas também fazer um tributo a todas as feiras livres, que seguem como espaços de troca, convivência e cultura em nossos territórios”, explicou.

Para o diretor de conteúdo, Lúcio Omena, a edição de 25 anos reafirma o papel da Fenearte como motor econômico e símbolo afetivo para o povo pernambucano.

“Estamos celebrando uma política pública que gera trabalho, renda e autoestima. A Fenearte é, sem dúvida, um exemplo a ser comemorado em todo o Brasil.”

A presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Ana Luiza Ferreira, também projetou números expressivos para esta edição.

Silvano Prysthon/TV Jornal
Público explora os corredores da Fenearte, que reúne arte, cultura e tradição em mais de 700 espaços de comercialização. - Silvano Prysthon/TV Jornal

“Nossa expectativa é superar os R$ 108 milhões de impacto econômico do ano passado. Em 2023, recebemos 320 mil visitantes e acreditamos que vamos bater esse recorde. É uma feira que enche os olhos e o coração”, disse.

O presidente da Empetur, Eduardo Loyo, ressaltou ainda o impacto turístico do evento.

“A Fenearte movimenta hotéis, restaurantes e diversos setores. Nosso levantamento aponta crescimento ano a ano, tanto no número de visitantes como no impacto econômico. É um evento que impulsiona toda a cadeia turística da região”, afirmou.

Mais do que números, a Fenearte é um espaço de encontro e valorização da cultura popular e do trabalho dos artesãos pernambucanos. Ao completar 25 anos, a feira reforça seu papel como um importante motor econômico e um lugar onde tradições ganham vida e novas histórias são construídas a cada edição. 

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