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Os desafios de Felipe Monteiro, novo chefe da Polícia Civil de Pernambuco

Anunciado nesta sexta-feira (7), delegado tem missão de ampliar investigações para reduzir crimes na capital e avançar na valorização da categoria

Por Raphael Guerra Publicado em 07/11/2025 às 9:38 | Atualizado em 07/11/2025 às 12:11

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A surpresa da exoneração do delegado Renato Rocha, chefe da Polícia Civil de Pernambuco, nesta sexta-feira (7), logo foi seguida de comemoração entre os profissionais da corporação. Não pela saída de Rocha, mas pela escolha do substituto: Felipe Monteiro. O novo titular da corporação é reconhecido pela competência, dedicação e respeito aos demais colegas. 

Monteiro deixa o cargo de gerente-geral do Centro Integrado de Inteligência de Defesa Social para se tornar o número 1 da Polícia Civil de Pernambuco. Ele assume às vésperas da cerimônia de formatura de cerca de 450 novos policiais, programada para a próxima segunda-feira (10), no Centro de Convenções, em Olinda. 

Desafios não vão faltar para Felipe Monteiro. O primeiro deles, com cobrança direta da cúpula da segurança pública do Estado, será avançar nas investigações das organizações criminosas que atuam na capital e Região Metropolitana com o objetivo de voltar a reduzir as mortes violentas intencionais. 

Nos últimos três meses, o Recife aparece com tendência de crescimento nos números. Em agosto, foram 41 assassinatos. Em setembro, 44. O ápice aconteceu em outubro, quando foram somados 48 assassinatos, 50% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Antes de ser transferido para o Centro Integrado de Inteligência de Defesa Social, Felipe comandou a Divisão de Homicídios Sul, responsável pelas investigações de crimes contra a vida numa das áreas mais problemáticas do Estado. 

As mortes ocorridas no Recife representam cerca de 18% do total do Estado, por isso a necessidade de um foco maior no município. Mas a redução dos crimes na capital também tem impacto político, ainda mais em 2026, ano de eleições estaduais. 

Nos próximos dias, portarias serão publicadas com trocas de delegados em delegacias estratégias, incluindo no Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco), movimentado que já vinha sendo desenhado e comunicado aos profissionais nas últimas semanas.

VALORIZAÇÃO DA CATEGORIA

A valorização dos policiais civis - agentes, escrivães e delegados - também é um desafio para o novo delegado-geral. A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) e o Sindicato dos Policiais Civil (Sinpol-PE) prometem uma cobrança mais ferrenha para aprovação da proposta da Lei Orgânica da categoria. Uma cópia do documento foi entregue no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, na semana passada. 

Na proposta, há um diagnóstico dos principais problemas enfrentados pela categoria e solicitações de um novo modelo de trabalho com mais autonomia.

Uma das sugestões é a criação de um sistema de inteligência que integre informações de todas as forças de segurança (Polícia Civil, Militar, Criminalística e Sistema Penitenciário) e órgãos de controle como forma de combater as organizações criminosas no Estado.

Mas o principal ponto das entidades de classe é discutir o modelo de gestão para garantir que a Polícia Civil possua autonomia para gerir seus recursos humanos, materiais e orçamentários.

Na quinta-feira, o Sinpol-PE anunciou a operação "Cumpra-se a lei", com previsão para dezembro. A entidade afirmou que os policiais vão trabalhar cumprindo de forma rigorosa as normas legais e procedimentos da atividade policial, mas "sem qualquer autosacrifício ou flexibilização". 

O Sinpol-PE argumentou que a medida é uma resposta ao governo estadual, que não estaria dialogando com a categoria, nem teria cumprido compromissos assumidos no começo da gestão, em 2023. 

"Enquanto o governo foge do diálogo, os profissionais seguem pagando para trabalhar, enfrentando delegacias sem estrutura, baixos salários e ausência de condições dignas para exercer suas funções", divulgou, em nota, a entidade. 

RENATO ROCHA VAI SE APOSENTAR

O delegado Renato Rocha estava à frente da Polícia Civil de Pernambuco desde janeiro de 2024, quando substituiu Simone Aguiar, às vésperas do Carnaval e em um período de aumento dos números da violência.

"Agradeço a Renato Leite pela dedicação ao serviço público na área de Defesa Social, como delegado e comandando a Polícia Civil nos últimos 22 meses. Esta importante missão, agora, será liderada por Felipe Monteiro. Confiamos no seu trabalho e empenho para chefiar a Polícia Civil de Pernambuco", afirmou, em nota à imprensa, a governadora Raquel Lyra.

A substituição de Renato Rocha pegou de surpresa até mesmo profissionais da segurança pública ligados a ele. Alguns disseram ter tomado conhecimento pelo Diário Oficial. Especula-se que a decisão foi pessoal, porque ele já tinha o desejo de se aposentar.

Renato integra os quadros da Polícia Civil pernambucana desde 2000. 

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