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Chacina de Camaragibe: crime completa dois anos neste domingo (14) e segue sem resolução

O caso repercutiu em setembro de 2023 e segue em aberto após dois anos: 12 policiais militares estão em liberdade e sem previsão para julgamento

Por Aisha Vitória Publicado em 12/09/2025 às 18:18

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No próximo domingo (14), a chamada Chacina de Camaragibe completa dois anos sem solução judicial.

O caso ganhou repercussão nacional em setembro de 2023 e segue em aberto: três inquéritos foram concluídos, um ainda está em andamento e 12 policiais militares acusados continuam em liberdade, sem previsão para julgamento.

Como ocorreu a chacina

A tragédia teve início na noite de 14 de setembro de 2023, no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, quando uma troca de tiros resultou na morte do soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e do cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos.

Uma vizinha, Ana Letícia Carias, que estava grávida, foi atingida por uma bala perdida e faleceu semanas depois, embora a bebê tivesse sobrevivido.

O vigilante Alex da Silva Barbosa, de 33 anos, foi apontado como autor dos disparos que mataram os militares.

Após esse episódio, segundo informações do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, aconteceu uma “operação vingança”, envolvendo PMs de diferentes batalhões.

Na madrugada seguinte, três irmãos de Alex, Ágata Ayanne, de 30 anos, Amerson Juliano, de 25, e Apuynã Lucas, também de 25 anos, foram executados. O crime chegou a ser transmitido ao vivo em uma live feita por Ágata.

Horas depois, os corpos da mãe do vigilante, Maria José Pereira, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo, foram encontrados em Paudalho.

Os policiais comemoraram os assassinatos através de mensagens de celular interceptadas. O próprio Alex também morreu em confronto com a PM e o caso foi arquivado sob alegação de legítima defesa.

Horas depois, os corpos da mãe do vigilante, Maria José Pereira, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo, foram encontrados em Paudalho.

Reprodução
Sequência de assassinatos após mortes de dois policiais, em setembro de 2023, chocou o País - Reprodução

Réus seguem em liberdade

As investigações apontaram 12 policiais militares como os responsáveis pela execução dos irmãos de Alex. Entre eles estavam oficiais de alta patente e soldados, que foram transformados em réus por tríplice homicídio duplamente qualificado.

Alguns chegaram a ser presos em dezembro de 2023, mas o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) concedeu liberdade a cinco deles em março de 2024, dando a entender que não haveria distinção de responsabilidade entre os acusados. Atualmente, todos aguardam julgamento em liberdade.

O processo está em fase de instrução. Testemunhas de defesa já foram ouvidas e o interrogatório dos réus está marcado para o dia 2 de outubro, no Fórum de Camaragibe.

Após essa etapa, caberá ao juiz da 1ª Vara Criminal decidir se os acusados irão a júri popular.

Outros processos

Além do caso principal, os PMs também respondem por tortura contra uma cunhada de Alex e um motorista de aplicativo.

A audiência dessa ação na Justiça Militar está prevista para 16 de dezembro. Paralelamente, todos enfrentam processos administrativos na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).

O último inquérito em aberto busca descobrir quem foi responsável pelas mortes da mãe e da esposa de Alex.

Em março deste ano, a Polícia Civil cumpriu sete mandados de busca e apreensão contra militares suspeitos, mas o procedimento ainda não foi concluído.

 

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Corpos de Maria José Pereira da Silva e Maria Nathalia Campelo do Nascimento, mãe e esposa de Alex da Silva Barbosa, respectivamente, foram encontrados em Paudalho, cidade vizinha a Camaragibe - Reprodução

Dois anos sem resposta

Passados dois anos, familiares das vítimas ainda aguardam por justiça. A ausência de uma definição sobre a responsabilidade dos acusados mantém o caso em aberto, enquanto os policiais continuam soltos.

A expectativa é que o julgamento, quando ocorrer, possa trazer respostas à tragédia que marcou a Região Metropolitana do Recife.

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