Como saber se tenho TDAH: sinais, diagnóstico e impacto do transtorno que afeta crianças, jovens e adultos

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade ainda é cercado por mitos e autodiagnóstico pode atrasar o tratamento adequado

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 11/07/2025 às 8:56 | Atualizado em 11/07/2025 às 9:20

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O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que interfere diretamente na capacidade de manter o foco, controlar impulsos e regular emoções.

No dia 13 de julho, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o TDAH, uma data voltada para promover o entendimento sobre a condição e combater os estigmas que ainda cercam quem convive com o transtorno.

A psicóloga Maíra Roazzi, mestra em psicologia cognitiva (UFPE), doutora pela University of Pittsburgh (EUA) e pós-doutora em psicologia do desenvolvimento (UFRGS), explica que o diagnóstico é exclusivamente clínico.

“No Brasil, o diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, já que ainda não dispomos de marcadores biológicos objetivos que possam ser utilizados de forma prática no consultório", explicou.

Ainda segundo a psicóloga, o diagnóstico geralmente começa com uma consulta a um neurologista ou psiquiatra.

Depois, podem ser indicadas avaliações complementares, como testes neuropsicológicos ou psicoeducacionais. Se o paciente for criança, há ainda a análise do comportamento da criança em diferentes ambientes, como a escola e o convívio familiar.

Como saber se tenho TDAH?

Durante a infância, o TDAH costuma se manifestar por meio de desatenção, hiperatividade, impulsividade e dificuldade em lidar com emoções.

Esses fatores comprometem o rendimento escolar, o desenvolvimento cognitivo e a convivência social da criança.

O tratamento é multidisciplinar e normalmente começa com a psicoeducação e o treinamento parental. 

Sinais em adultos

Nos adultos, o TDAH pode se expressar de forma diferente. A desorganização, os esquecimentos frequentes, a dificuldade para seguir instruções, a impulsividade e a instabilidade emocional são sintomas comuns

Esses comportamentos comprometem o desempenho no trabalho, os relacionamentos e a vida pessoal.

“O TDAH não tratado abre caminho para o desenvolvimento de várias comorbidades, como ansiedade, depressão, comportamentos de risco e vulnerabilidade para traumas. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir essas complicações”, alerta a especialista.

No entanto, sinais como desatenção, impulsividade e desorganização também podem surgir em pessoas que não têm o transtorno, especialmente em situações de estresse prolongado, sobrecarga de trabalho, cansaço extremo ou problemas emocionais.

Por esse motivo, não é possível afirmar o diagnóstico apenas com base na identificação de comportamentos isolados.

O autodiagnóstico, além de impreciso, pode atrasar o acesso a um tratamento adequado ou mascarar outras condições que exigem acompanhamento. O correto é que qualquer suspeita seja avaliada por um profissional de saúde habilitado.

Mitos e verdades sobre o TDAH

  • "TDAH é preguiça ou desmotivação" (Mito);
  • "Pessoas com TDAH enfrentam dificuldades diárias como atrasos, interrupções em conversas, perda de objetos e dificuldade de seguir rotinas" (Verdade);
  • "É comum o sentimento de inadequação e a sensação de ser 'diferente'" (Verdade);
  • "TDAH é sinal de falta de inteligência" (Mito);
  • "Muitas pessoas com TDAH conseguem hiperfocar em temas de interesse e se destacar em áreas específicas" (Verdade).

Quando procurar ajuda 

Os sinais de alerta devem ser observados tanto na infância quanto na vida adulta. Em crianças, dificuldades escolares, comportamentais e sociais podem indicar a necessidade de avaliação.

Já em adultos, a percepção de desorganização persistente, impulsividade e problemas de foco são indicativos para buscar apoio especializado.

A recomendação é procurar um psiquiatra, neurologista ou psicólogo com experiência no tema. O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica, muitas vezes com apoio de testes psicológicos e entrevistas com familiares ou professores, no caso das crianças.

Assista ao videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, sobre o tema

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