Como saber se tenho TDAH: sinais, diagnóstico e impacto do transtorno que afeta crianças, jovens e adultos
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade ainda é cercado por mitos e autodiagnóstico pode atrasar o tratamento adequado

Clique aqui e escute a matéria
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que interfere diretamente na capacidade de manter o foco, controlar impulsos e regular emoções.
No dia 13 de julho, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o TDAH, uma data voltada para promover o entendimento sobre a condição e combater os estigmas que ainda cercam quem convive com o transtorno.
A psicóloga Maíra Roazzi, mestra em psicologia cognitiva (UFPE), doutora pela University of Pittsburgh (EUA) e pós-doutora em psicologia do desenvolvimento (UFRGS), explica que o diagnóstico é exclusivamente clínico.
“No Brasil, o diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, já que ainda não dispomos de marcadores biológicos objetivos que possam ser utilizados de forma prática no consultório", explicou.
Ainda segundo a psicóloga, o diagnóstico geralmente começa com uma consulta a um neurologista ou psiquiatra.
Depois, podem ser indicadas avaliações complementares, como testes neuropsicológicos ou psicoeducacionais. Se o paciente for criança, há ainda a análise do comportamento da criança em diferentes ambientes, como a escola e o convívio familiar.
Como saber se tenho TDAH?
Durante a infância, o TDAH costuma se manifestar por meio de desatenção, hiperatividade, impulsividade e dificuldade em lidar com emoções.
Esses fatores comprometem o rendimento escolar, o desenvolvimento cognitivo e a convivência social da criança.
O tratamento é multidisciplinar e normalmente começa com a psicoeducação e o treinamento parental.
Sinais em adultos
Nos adultos, o TDAH pode se expressar de forma diferente. A desorganização, os esquecimentos frequentes, a dificuldade para seguir instruções, a impulsividade e a instabilidade emocional são sintomas comuns
Esses comportamentos comprometem o desempenho no trabalho, os relacionamentos e a vida pessoal.
“O TDAH não tratado abre caminho para o desenvolvimento de várias comorbidades, como ansiedade, depressão, comportamentos de risco e vulnerabilidade para traumas. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir essas complicações”, alerta a especialista.
No entanto, sinais como desatenção, impulsividade e desorganização também podem surgir em pessoas que não têm o transtorno, especialmente em situações de estresse prolongado, sobrecarga de trabalho, cansaço extremo ou problemas emocionais.
Por esse motivo, não é possível afirmar o diagnóstico apenas com base na identificação de comportamentos isolados.
O autodiagnóstico, além de impreciso, pode atrasar o acesso a um tratamento adequado ou mascarar outras condições que exigem acompanhamento. O correto é que qualquer suspeita seja avaliada por um profissional de saúde habilitado.
Mitos e verdades sobre o TDAH
- "TDAH é preguiça ou desmotivação" (Mito);
- "Pessoas com TDAH enfrentam dificuldades diárias como atrasos, interrupções em conversas, perda de objetos e dificuldade de seguir rotinas" (Verdade);
- "É comum o sentimento de inadequação e a sensação de ser 'diferente'" (Verdade);
- "TDAH é sinal de falta de inteligência" (Mito);
- "Muitas pessoas com TDAH conseguem hiperfocar em temas de interesse e se destacar em áreas específicas" (Verdade).
Quando procurar ajuda
Os sinais de alerta devem ser observados tanto na infância quanto na vida adulta. Em crianças, dificuldades escolares, comportamentais e sociais podem indicar a necessidade de avaliação.
Já em adultos, a percepção de desorganização persistente, impulsividade e problemas de foco são indicativos para buscar apoio especializado.
A recomendação é procurar um psiquiatra, neurologista ou psicólogo com experiência no tema. O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica, muitas vezes com apoio de testes psicológicos e entrevistas com familiares ou professores, no caso das crianças.
Assista ao videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, sobre o tema