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Usinas hidrelétricas reversíveis: a potência sustentável para o futuro energético global

Tecnologia inovadora equilibra a oferta e a demanda de energia e pode garantir mais sustentabilidade na Península Ibérica e no Brasil

Por JC360 Publicado em 19/11/2025 às 18:10

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As usinas hidrelétricas reversíveis emergem como uma solução inovadora no contexto atual de busca por fontes de energia renovável e sustentáveis. Esses sistemas não apenas aproveitam os recursos hídricos, mas também desempenham um papel vital na estabilidade das redes elétricas, especialmente em um mundo onde a demanda por energia verde cresce de forma acelerada. 

As usinas hidrelétricas reversíveis utilizam dois reservatórios em diferentes elevações. Durante períodos de baixa demanda, a energia elétrica é usada para bombear água do reservatório inferior para o superior. Quando a demanda aumenta, a água é liberada do reservatório superior, gerando eletricidade.

Esse ciclo permite uma gestão eficaz, contribuindo para a estabilidade da rede e recorrendo a um armazenamento de energia mais vantajoso em comparação com as baterias. “Neste momento, as usinas reversíveis têm custos variáveis muito baixos e grande capacidade de armazenagem”, informa o professor Vitor Santos, do Instituto de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa e ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos de Portugal. O custo das baterias está a decrescer de uma forma impressionante, mas as usinas reversíveis ainda estão em vantagem e estamos ganhando tempo”, completa o especialista, que será um dos palestrantes da Coniben 2025.

De acordo com o Instituto Internacional de Energia, até 2023, a capacidade instalada desse tipo de usina alcançou cerca de 160 GW no mundo, com um crescimento anual estimado em 3,1%. Esse aumento significativo se deve principalmente à crescente integração de tecnologias renováveis intermitentes, como a solar e a eólica.

Na África, com apenas 30% da população com acesso a eletricidade, há um crescente interesse na implementação de usinas reversíveis para combater a escassez de energia. Já na América do Norte, a capacidade instalada é cerca de 22 GW, ainda considerada insuficiente para atender à demanda crescente.

A situação na Península Ibérica

A Espanha tem se destacado como um exemplo de implementação bem sucedida de usinas hidrelétricas reversíveis. Em 2022, a capacidade instalada de hidrelétricas reversíveis na Espanha chegou a 4,5 GW, e as projeções indicam um aumento para 5,5 GW até 2030. A Iberdrola e outras empresas estão investindo em projetos de expansão que visam aumentar essa capacidade, ajudando não apenas a estabilizar a rede, mas também a reduzir emissões de carbono em 30% até 2030.

Portugal, com uma matriz energética já forte, possui cerca de 1,55 GW de capacidade de hidrelétricas reversíveis. A EDP (Energias de Portugal) planeja aumentar essa capacidade em 25% até 2025, investindo cerca de 500 milhões de euros em inovações e novas instalações. “Eu diria que mais de 95% do armazenamento na Europa é efetuado pelas usinas reversíveis, diz o professor Vitor Santos, apesar do continente investir também em baterias para armazenamento de energia. Ele explica que as duas tecnologias são complementares e não excludentes devido ao tempo de ativação de cada uma delas, sendo inferior a quatro horas, no caso das baterias, e superior a quatro horas, no caso das hídricas reversíveis. “Naturalmente que a Europa também está a investir em baterias, mas as baterias ainda não atingiram a sua maturidade tecnológica e ganho de escala”, afirma.

O Brasil e suas potencialidades

No Brasil, com vastos recursos hídricos e potencial de energia renovável, as usinas hidrelétricas reversíveis apresentam uma oportunidade promissora. Em 2023, a capacidade instalada do Brasil em hidrelétricas tradicionais era de cerca de 109 GW, mas a adoção de tecnologias reversíveis está apenas começando.

Atualmente, o país enfrenta um desafio com os períodos de estiagem que impactam a geração de energia nas hidrelétricas. Implementar usinas reversíveis poderia mitigar esse efeito, permitindo o armazenamento e a utilização de água em períodos secos. Propostas como a construção de uma usina reversível na Bacia do Paraná, por exemplo, estão em discussão, com investimentos que podem alcançar até 700 milhões de reais.

As usinas hidrelétricas reversíveis representam um passo importante na busca por um modelo energético sustentável. Com sua capacidade de equilibrar oferta e demanda de energia, elas se tornam essenciais em um mundo que caminha para a descarbonização. Tanto na Península Ibérica quanto no Brasil, a adoção dessa tecnologia pode não apenas ajudar a garantir um futuro energético mais seguro, mas também contribuir para os compromissos globais em relação às mudanças climáticas.

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