Dia Nacional do Livro: como a literatura brasileira pode impulsionar o desempenho no Enem 2025

Para estudantes que se preparam o Enem conhecer autores e obras da literatura brasileira amplia o raciocínio e fortalece a argumentação

Por Mirella Araújo Publicado em 29/10/2025 às 12:11 | Atualizado em 29/10/2025 às 15:20

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No Dia Nacional do Livro, celebrado nesta quarta-feira (29) — data escolhida em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1810 —, é importante destacar que os clássicos contemporâneos da literatura brasileira podem ajudar os estudantes a ampliar o repertório cultural e a se preparar melhor para os vestibulares.

Para aqueles que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 — cuja primeira etapa será aplicada no dia 9 de novembro e contempla as disciplinas Redação, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (incluindo Português, Literatura e Língua Estrangeira — Inglês ou Espanhol) e Ciências Humanas e suas Tecnologias (abrangendo História, Geografia, Filosofia e Sociologia) —, alguns autores precisam estar na lista de leitura.

“No Enem e na maioria dos vestibulares, os textos literários aparecem em perguntas que exigem análise de trechos, comparação entre autores, reconhecimento de crítica social e interpretação simbólica. Muitos desses livros também fornecem repertório para o aluno argumentar na redação com profundidade e originalidade”, afirmou Aline Souza Silva Santos, bibliotecária do Brazilian International School - BIS.

De acordo com a professora de Literatura do Colégio Saber Viver (CSV), Flávia Suassuna, é essencial compreender os textos e seus comandos. “Das 45 habilidades avaliadas na prova de Linguagens, apenas cinco são de literatura. O mais importante é observar o comando da questão, porque ele indica se você precisará identificar figuras de linguagem, levantar causas e consequências ou fazer interpretações do texto”, explicou.

Segundo ela, os textos podem variar entre literários, notícias, reportagens ou cartas, e o foco deve estar na estrutura do gênero e na interpretação crítica.

Sobre os autores e obras que ajudam a compor o repertório dos estudantes, a professora listou nomes essenciais que também contemplam o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) da Universidade de Pernambuco (UPE).

Na poesia, destacou Carlos Drummond de Andrade; na prosa, Graciliano Ramos, José de Alencar e Machado de Assis. Também citou autores mais recentes que ampliam o repertório, trazendo perspectivas sociais e históricas, como Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis e Ailton Krenak, entre outros.

“Estudar esses autores ajuda porque eles trazem experiências vividas, como a questão racial, de gênero e social, que são discutidas também na redação do Enem”, observou a professora.

Flávia Suassuna lembrou que o objetivo não é decorar conteúdos, mas entender contextos históricos e literários. Ela também destacou a importância de ler obras que desafiam simplificações sobre o comportamento humano. “Para responder às questões de literatura, o estudante precisa saber identificar características de autores e contextos, como o Modernismo e o Regionalismo, sem necessariamente memorizar cada detalhe. A rapidez e a compreensão do texto são fundamentais”, concluiu.

Apesar do foco no exame, a leitura deve ser uma prática contínua e prazerosa, capaz de ampliar o repertório e a compreensão crítica.

Confira alguns dos autores indicados para o Enem:

Carlos Drummond de Andrade (Itibira/MG, 1902 – Rio de Janeiro/RJ, 1987): levou uma existência aparentemente modesta e avessa aos holofotes enquanto criava uma vasta obra literária de poesia e crônica para jornais, marcando todas as gerações posteriores da literatura produzida no Brasil. Principais obras: Sentimento do mundo (1940), Antologia poética (1962).

Carolina Maria de Jesus (Sacramento/MG, 1914 – São Paulo/SP, 1977): foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Peregrinou com a mãe, vinda de sua cidade natal, em busca de trabalho pelas cidades do interior paulista, quando chegou à capital do estado em 1947 e se instalou na favela do Canindé, de onde saía diariamente para trabalhar como catadora de papel. Principal obra: Quarto de Despejo (1960).

Clarice Lispector (República Popular da Ucrânia, 1920 - Rio de Janeiro/RJ, 1977)é considerada um dos maiores nomes da literatura brasileira, e hoje é amplamente traduzida e divulgada. Buscou a universalidade e a prospecção do próprio interior, produzindo uma literatura de excelência incontestável e estilo inimitável. Sua obra inclui também livros para o público infantojuvenil e um vasto número de crônicas. Principais obras: Laços de família (1960), A legião estrangeira (1964) e A hora da estrela (1977).

Conceição Evaristo (Belo Horizonte/MG 1946): é romancista, contista, poeta, e pesquisadora na área de literatura comparada. Estreou na literatura em 1990, e é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea. Sua matéria-prima literária é a vivência das mulheres negras, e seu trabalho tem por base reflexões sobre as profundas desigualdades raciais brasileiras. Principais obras: Ponciá Vicêncio (2003), Olhos d’Água (2014) e Canções para ninar meninos grandes (2018).

Graciliano Ramos (Quebrangulo/AL, 1892 - Rio de Janeiro/RJ, 1953): foi romancista, contista e cronista. Parte considerável da obra do autor aborda sua preocupação com os desajustes sociais e políticos do Brasil de seu tempo, além de retratarem a cultura e a vida no sertão nordestino. Principais obras: Caetés (1933), São Bernardo (1934), Vidas secas (1938) e Memórias do cárcere (1953).

José de Alencar (Fortaleza/CE, 1829 – Rio de Janeiro/RJ, 1877): foi advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo. Foi chamado de “o patriarca da literatura brasileira”, tendo contribuído para a nacionalização da literatura no Brasil e para a consolidação do romance brasileiro. Sua obra é reconhecida pela qualidade literária e retrata temas nacionalistas, históricos e da cultura popular, tendo inovado também por criar protagonistas femininas fortes e questionadoras. Principais obras: O guarani (1857), Iracema (1865) e Senhora (1875).

Machado de Assis (Rio de Janeiro/RJ, 1839 – Rio de Janeiro/RJ, 1908): foi jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. É considerado o maior escritor da literatura brasileira. Seus livros têm como principal característica o diálogo entre o autor e o leitor, com uso de ironia e humor, explorando os aspectos psicológicos dos personagens para criticar os costumes da sociedade brasileira da época. Principais obras: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899).

 

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