Governo cochila e falta de quórum obriga Alepe a adiar votação sobre administrador de Noronha
Embora 31 deputados tivessem registrado presença na Alepe no início da sessão na hora da votação só haviam 25 para registrar o voto

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A manhã desta terça-feira começou muito boa para o Governo na Assembleia Legislativa. Depois de três meses de adiamento, por manobras da oposição, a Comissão de Justiça aprovou por unanimidade, após sabatina, o nome do novo administrador do Arquipélago de Fernando de Noronha, Virgílio Oliveira, que teve seu desempenho elogiado por parlamentares do Governo e da Oposição que o inquiriram durante uma hora e meia. O presidente da Comissão, Alberto Feitosa, chegou a brincar com o sabatinado: "acho que foi boa para você esta espera pois aprendeu muito sobre a ilha, Parabens".
Mas ninguém imaginava a surpresa que estava preparada para o período da tarde quando o assunto ia ser sacramentado no plenário - imaginava-se que por unanimidade - como fora na comissão. Poucos oposicionistas apareceram na reunião plenária onde eram necessários 25 votos a favor para que a governadora, enfim, pudesse nomear o novo administrador. A surpresa, porém, não veio da oposição mas da bancada governista. Embora 31 deputados tivessem registrado presença no início da sessão na hora da votação só haviam 25 para registrar o voto. Três eram de oposição: o próprio Feitosa, Dani Portela e Romero Albuquerque. Embora Feitosa e Dani tivessem garantido que votariam a favor, Romero disse que seria contra. Então, mesmo com dois votos de oposição, faltou um voto governista para completar o necessário. O jeito foi adiar para esta quarta-feira.
"Os deputados de oposição que faltaram, mesmo tendo votado a favor na comissão, exerceram o seu direito de se opor agora a base não garantir o quórum, foi muito ruim", queixou-se a deputada Débora Almeida. Onde estavam os governistas que, mesmo registrando presença, saíram antes da hora ou os que nem apareceram? Uma fonte do Palácio afirmou a este blog que “alguns estavam em Brasília e outros no interior e não puderam chegar”. Na verdade, pelo menos dois que deixaram o plenário antes da votação – Cleiton Collins e Joel da Harpa – foram para uma solenidade na Arena Pernambuco onde a governadora compareceu à apresentação dos novos policiais militares que vão para as ruas ainda este mês. Joel é militar e Cleiton é esposo da ex-vereadora Michelle Collins, que administra a Arena, e decidiu acompanhá-la no evento. A desculpa para os que estavam fora da cidade foi imprópria pois desde a semana passada já estava acertado que a sabatina seria pela manha e a votação no plenário à tarde.
Como ficam os empréstimos
O episódio levou deputados governistas a alertarem para a votação no plenário dos empréstimos solicitados pela governadora e que se encontram em compasse de espera devido a manobras da oposição.Na próxima terça-feira a Comissão de Justiça deve votar o relatório do deputado Waldemar Borges, do PSB, sobre o 1.o empréstimo no valor de R$ 1.5 bi e é necessário, caso seja aprovado, ir ao plenário onde também são obrigatórios 25 votos a favor.
Novos tempos
Planejar e cobrar a presença dos deputados em plenário é fundamental para o Governo sobretudo no momento em que a governadora vem sendo desafiada por uma oposição presente e organizada apesar de bem menor que a base governista. Se há problemas porque o Governo perdeu o controle das comissões, no momento em que elas se pronunciarem e o assunto chegar ao plenário, são vãs as explicações sobre as faltas pois o que o conta é o voto. A Oposição conseguiu 19 votos para protolocar a CPI da publicidade. Se todos esses deputados estivessem dispostos a uma queda de braço com o Governo, mesmo assim a situação contaria com 30 votos mas como dois do PL que assinaram a CPI são agora governistas o número chega a 32. Com uma vantagem para o Governo: as votações de maior quórum são, em geral, na terça e todos na Alepe sabem disso.
Pergunta que não quer calar: esta quarta-feira a questão de Noronha volta a plenário. Quantos votos o novo administrador terá?