Aeroporto de Noronha: depois de dois afundamentos de aeronaves, Estado retoma obras de infraestrutura do terminal
Terminal aéreo também está com restrições operacionais impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) devido aos problemas de infraestrutura

Clique aqui e escute a matéria
Depois de dois afundamentos sequenciais de aeronaves na pista de pouso do Aeroporto de Fernando de Noronha (batizado de Governador Carlos Wilson) - e de restrições operacionais impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) -, o governo de Pernambuco iniciou uma nova etapa das obras de requalificação da infraestrutura do terminal de passageiros.
Agora, os trabalhos estão concentrados, segundo a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), no pátio de taxiamento e estacionamento de aeronaves. Essa teria sido a área, inclusive, do afundamento das duas aeronaves registrado num intervalo de menos de uma semana.
Segundo a Semobi, a área é essencial para garantir mais segurança, agilidade e eficiência nas operações do terminal. Também será realizada a recuperação da pista de taxiamento Alfa, reforçando a estrutura aeroportuária da ilha. O investimento total é de R$ 60 milhões.
OBRAS ANTERIORES NO AEROPORTO DE NORONHA
Em março deste ano, a gestão da governadora Raquel Lyra concluiu a primeira etapa da requalificação, com a restauração do eixo central da pista de pouso e decolagem. Segundo o Estado, a obra foi inédita no arquipélago, já que nunca havia sido realizada uma intervenção desse porte no local.
A entrega da nova pista, inclusive, permitiu o retorno de operações com aeronaves a jato, após dois anos de interrupção, ampliando a ligação de Noronha com o continente e impulsionando o turismo, a economia local e a mobilidade da população.
Também segundo o governo de Pernambuco, as obras estão sendo realizadas no período das 17h às 2h da manhã, de forma a minimizar impactos nas operações do aeroporto e na rotina da ilha.
-
Aeroporto de Noronha: novo secretário explica razões dos afundamentos de aeronaves após obras na pista de pouso
-
Governo prorroga prazo da obra na pista do aeroporto de Noronha, mas secretaria garante liberação de turbojatos até janeiro
-
Fechamento Aeroporto do Recife: pista do terminal de passageiros está fechada nas madrugadas. Entenda
A área do pátio deve ser finalizada entre 30 e 60 dias, com previsão de conclusão em setembro. A expectativa é que toda a obra planejada para a ilha seja finalizada entre março e abril de 2026, incluindo o início da obra do terminal em paralelo.
ANAC APLICA RESTRIÇÕES AO AEROPORTO
Devido aos afundamentos na pista, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aplicou uma nova medida cautelar ao Aeroporto de Fernando de Noronha, restringindo as operações aéreas. A decisão foi comunicada ao operador aeroportuário, às empresas aéreas e ao governo de Pernambuco na sexta-feira (4/7). Em nota, a gestora do aeródromo, Dix Aeroportos, informou que já estava tomando todas as providências necessárias para retomar a operação.
Segundo a Anac, a medida foi tomada com o objetivo primordial de preservar a segurança no local. Ela também surge em resposta à paralisação das obras de recuperação das áreas pavimentadas da infraestrutura do aeroporto e aos últimos casos de afundamento do piso com dois aviões.
Entre as medidas implementadas pela Anac estão o congelamento da quantidade de voos autorizados; a limitação de operações simultâneas entre aeronaves comerciais e da aviação geral durante os horários da aviação regular; e a redução do parâmetro de resistência do pavimento divulgado nas publicações aeronáuticas, como forma de limitar o peso das aeronaves que operam no aeroporto.
EXPLICAÇÃO SOBRE AFUNDAMENTOS
Em entrevista à Rádio Jornal, na semana passada, o novo secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, André Teixeira Filho, tinha garantido que o governo de Pernambuco estava atento aos problemas de infraestrutura do Aeroporto de Fernando de Noronha e que as obras seriam retomadas em breve, como aconteceu.
Ao ser questionado sobre o vexame que o Estado estava passando com os problemas de afundamento de aeronaves, André Teixeira Filho argumentou que, apesar dos problemas, o aeroporto nunca tinha recebido a reforma que recebeu na gestão da governadora Raquel Lyra (PSD).
“Mesmo sendo uma "joia da coroa" de Pernambuco e do Brasil, a Ilha de Fernando de Noronha nunca havia passado por uma reforma de tamanha magnitude em seu aeroporto. Após uma paralisação dos voos a jatos em outubro de 2022, o projeto foi refeito, licitado e os voos de grandes aeronaves retomados no início deste ano. Isso precisa ser destacado”, afirmou.
E pontuou que os recentes afundamentos aconteceram em áreas que ainda não tinham recebido a obra principal. “A parte da pista de pouso e decolagem das aeronaves, que foi finalizada em março e possibilitou a retomada dos voos de grandes aeronaves, está funcionando normalmente e não apresenta problemas. Os incidentes aconteceram nas áreas de baliza e estacionamento, longe da pista principal”, pontuou.
No domingo, 29/6, um avião da GOL atolou após o asfalto ceder quando se preparava para decolar. Uma semana antes, em outra posição no mesmo pátio, uma aeronave da Azul já havia enfrentado problema semelhante, também prestes a decolar. Ambos os episódios levantaram questionamentos sobre a segurança operacional do aeroporto.