O que é "Shreking"? Entenda a nova expressão da Geração Z sobre o amor
Inspirada no enredo de Shrek (2001), a expressão busca traduzir uma lógica de "amor seguro", onde a estética deixa de ser prioridade
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A expressão “shreking” vem circulando intensamente nas redes sociais da Geração Z como um rótulo para uma prática afetiva curiosa: escolher alguém considerado “menos atraente” visualmente para diminuir riscos de traição, abandono ou instabilidade.
Inspirada no enredo de Shrek (2001), no qual a princesa Fiona escolhe o ogro Shrek mesmo diante de críticas externas, a expressão busca traduzir uma lógica de “amor seguro”, onde a estética deixa de ser prioridade.
Mas o que realmente motiva essa escolha? E quais efeitos ela pode ter sobre as relações de longo prazo?
O que dizem psicólogos e especialistas
Em entrevista ao portal Terra, o Dr. Cláudio Paixão, professor e doutor em Psicologia Social da UFMG, afirmou que buscar parceiros "menos atraentes" como forma de proteção não é garantia contra sofrimento. Segundo ele, há riscos emocionais quando uma relação é baseada apenas em aparência ou em cálculos de risco.
O especialista destaca que escolher relacionamentos por medo da traição ou para ser melhor tratado, e não pela conexão genuína, pode fragilizar os vínculos. Esse comportamento, segundo ele, tem sido mais comum em gerações mais jovens, como a Geração Z, que viveu um período formativo marcado por restrições e dificuldades de se relacionar.
A psicóloga Renata de Azevedo, especialista em terapia de casal na UFRJ, reforça que, embora o fenômeno pareça novo por estar sendo nomeado, ele já existe há décadas. A diferença é que, hoje, está mais visível e aberto ao debate, impulsionado pelas comparações constantes nas redes sociais.
"A ideia parte da crença de que alguém com 'menos opções' seria mais fiel. Mas a ciência mostra o contrário: quando há grande discrepância de valor percebido entre os parceiros, aumenta a insatisfação, o controle e o risco de conflitos", explicou a especialista em entrevista ao portal Terra.
Para ela, o caminho mais saudável é fortalecer a autoestima e a autoconfiança, permitindo que o amor se apoie em desejo, compatibilidade e acordos claros.
"Escolher parceiros por medo de ser traído geralmente revela fragilidades internas. (...) Na clínica, esse padrão aparece muito em casais onde o vínculo foi escolhido por conveniência emocional. Com o tempo, o que parecia seguro pode se transformar em terreno de frustração e solidão", completou a psicóloga.