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'A Sogra Perfeita 2' até diverte, mas peca pelo humor datado e falta de surpresas

Nos cinemas a partir de quinta (11), o filme de Cris D'Amato e Bianca Paranhos segue com a história de Neide, com direito à romance e novos conflitos

Por Laura Martiniano Publicado em 10/09/2025 às 15:37

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Com estreia marcada para esta quinta, dia 11 de setembro, A Sogra Perfeita 2 dá continuidade à história de Neide que, com seus dois filhos fora de casa, quer aproveitar a liberdade para focar em si e no trabalho. Sob a direção de Cris D'Amato e Bianca Paranhos, o longa nacional conta com o protagonismo de Cacau Protásio e Evelyn Castro, cujas personagens começam a ser "assombradas" pela nova figura de sogra que vai dar significado ao título, embora a produção se concentre em outras narrativas e relacionamentos além desse vínculo.

Aqui, Neide, vivida por Protásio, está feliz com a vida que leva, mas tudo começa a desmoronar quando seu namorado, Oliveira, personagem de Marcelo Laham, a pede em casamento, bagunçando a ordem e a sensação de liberdade da rotina da protagonista. A rejeição ao pedido resulta em um mal-entendido: acreditando que o casamento era certo, o irmão e a mãe de Oliveira partem de Portugal para São Paulo para conhecer a nova integrante da família e participar da festa.

Divulgação
Neide é pedida em casamento pelo namorado, Oliveira, mas o rejeita - Divulgação

Para completar, Neide e Sheila, sua melhor amiga, interpretada por Castro, decidem unir seus salões de beleza, focados em beleza feminina e masculina, respectivamente, para participar do Transformation, uma competição de cabelos e manicure. O problema é que o ego da protagonista a leva a agir como se fosse a grande e única mente por trás do projeto. Ao desprezar o trabalho de Sheila, ela afasta a amiga e a fissura na relação culmina no fim da parceria.

Sem namorado e sem melhor amiga, Neide precisa comandar suas funcionárias em direção ao sucesso na competição, enquanto remói suas próprias atitudes, convive com uma solidão que tenta não aceitar e lida com uma “sogra” inconveniente e com as artimanhas do rival no Transformation, Richard Lambert, vivido por Luís Pereira.

Humor datado e exagerado

Fabio Braga
Melhor amiga de Neide, Sheila tem um humor datado e forçado que acaba incomodando - Fabio Braga

Embora clichê e com desdobramentos bem previsíveis, a continuação de A Sogra Perfeita até tem uma proposta de enredo divertida, mas a narrativa acaba prejudicada por muitos excessos. Claro, é um filme de comédia, mas o texto parece ter a necessidade de reafirmar o gênero a cada segundo, com personagens exageradamente caricatos, e muitas, muitas piadas repetitivas e sem graça. O foco é a quantidade de tiradas humorísticas, não a qualidade delas. Depois do primeiro trocadilho usando as palavras “pão” e “cacetinho”, por exemplo, os demais que se seguem, com o mesmo sentido, já não têm o mesmo impacto, mas estão lá, insistentes, reiterativos. É como se a produção quisesse ter a certeza absoluta de que o espectador entendeu a piada.

Além de excessivo, a caricatura de alguns dos personagens soa bastante datada. Seus bordões e atitudes “engraçadinhas” talvez fizessem mais sentido se o filme tivesse sido lançado há algum tempo. Hoje, a mania de Sheila de passar algumas palavras do português para um inglês propositalmente errado — mas certo, na cabeça dela —, ou de conferir um monte de adjetivos que foram “moda” no Twitter em 2013 e significam a mesma coisa para o seu salão só são meio vergonhosas. Daqui a poucos anos, talvez, o longa pareça mais velho do que ele realmente é. É um tipo de humor que tende a envelhecer mal.

Narrativa clichê, mas com seus momentos

Fabio Braga
Dona Oliveira se dá bem com Neide, apesar do estereótipo negativo da sogra no imaginário popular - Fabio Braga

Por trás das piadas e bordões, tem uma história que segue fórmulas de outras comédias na mesma pegada, com uma protagonista forte, mas, no fundo, sensível, que vai quebrar a cara, aprender com os próprios erros e lutar pelo amor e amizade perdidos. É o tipo de filme que a gente sabe exatamente como vai terminar e já pode ter uma noção dos principais conflitos nos primeiros minutos. Mesmo assim, a narrativa é divertida, especialmente graças à mãe de Oliveira, personagem de Fafy Siqueira. É legal como ela sai da caixinha da sogra que odeia a nora, muito comum em obras populares e no imaginário coletivo. De cara, ela adora Neide, e fica triste mesmo é pela rejeição da protagonista ao filho. Mesmo enquanto o casal está separado, as duas acabam ficando mais próximas. Dona Oliveira vai se revelando uma mulher que perdeu boa parte da vida em um casamento frustrado, esqueceu que pode querer e sonhar, mas vai reaprendendo a gostar de si conforme se cerca de mulheres confiantes e que se apoiam.

O elenco de A Sogra Perfeita 2 é bastante diverso, o que deixa a narrativa mais interessante e acaba adicionando um pouco de autenticidade, apesar dos clichês. Em geral, o filme segue o que se espera dele. Uma ou outra piada, entre muitas, até consegue arrancar um sorrisinho de canto — ou risadas, quem sabe, humor também é pessoal. Talvez você se esqueça dele assim que sair do cinema, mas, às vezes, a gente bem que se diverte com uma hora e meia de comédia bobinha.

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