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Terapia online é tão eficaz quanto a presencial, aponta estudo

Nova pesquisa revela que a terapia online pode oferecer os mesmos benefícios da versão presencial, ampliando o acesso aos cuidados emocionais.

Por Bianca Tavares Publicado em 11/07/2025 às 8:33 | Atualizado em 11/07/2025 às 8:34

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O que começou como uma solução emergencial durante a pandemia virou um modelo terapêutico tão eficaz quanto o tradicional. É o que revela um estudo conduzido pelo pesquisador Fabian Lenhard, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, e chefe de dados e análises da WeMind Psychiatry, publicado no The Conversation.

“Quando o atendimento é bem feito, não importa se é presencial ou online — os resultados são os mesmos”, afirma Lenhard.

A pesquisa acompanhou 2.300 pacientes tratados pelo sistema público de saúde mental da Suécia ao longo de seis anos, sendo três antes e três durante a pandemia de COVID-19. Foram avaliadas pessoas com depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

A transição forçada — e bem-sucedida

Antes da pandemia, apenas 4% das sessões eram online. Durante o auge das restrições sanitárias, esse número saltou para quase 50%. Mesmo com essa mudança brusca, os resultados clínicos permaneceram estáveis.

“Os índices de recuperação foram praticamente idênticos antes e durante a pandemia”, relata o pesquisador. “Isso nos surpreendeu positivamente.”

Entre os pacientes avaliados, 38% com depressão se recuperaram, assim como 56% dos que tinham transtorno de ansiedade generalizada, 46% com TOC e 59% com TEPT.

Por que funciona?

Ainda que as razões exatas para a eficácia da terapia online não estejam totalmente claras, Lenhard aponta alguns fatores importantes: a construção de confiança entre paciente e terapeuta, o uso de métodos baseados em evidências e o acompanhamento contínuo.

Além disso, a terapia remota facilita o acesso para quem tem dificuldade de locomoção, mora longe ou tem uma rotina apertada — sem contar o conforto de poder receber cuidado em casa, o que pode gerar mais assiduidade e menos evasão.

“Para algumas pessoas, se conectar por vídeo pode até tornar mais fácil comparecer às sessões e se sentir à vontade”, explica Lenhard.

Limites e cuidados

Apesar dos resultados animadores, o pesquisador faz ressalvas. O estudo não incluiu crianças, pessoas em crise psiquiátrica aguda ou com transtornos psicóticos graves, perfis que ainda podem precisar do contato presencial para um cuidado mais adequado.

Também é importante garantir condições básicas para que a terapia online funcione: ambiente privado, internet estável e a capacidade de se comunicar bem por vídeo.

“Só ligar a câmera não é suficiente”, alerta Lenhard. “As clínicas seguiram protocolos comprovados e monitoraram de perto o progresso dos pacientes. Isso foi essencial.”

Terapia online veio para ficar

O estudo reforça que o atendimento remoto, quando feito com responsabilidade e preparo, não deve ser visto como uma solução temporária, mas como parte integrante dos sistemas de saúde mental.

“O que mais importa não é onde o cuidado acontece. É que ele aconteça — e que funcione”, conclui Lenhard.

A mensagem principal é clara: oferecer escolha e manter a qualidade, independentemente do formato, é o caminho para um cuidado mental mais acessível e eficaz para todos.

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