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5 estratégias eficazes para ajudar alguém em luto

Conheça as 5 maneiras mais sensíveis e eficazes de oferecer apoio real a quem está vivendo o processo delicado do luto e da perda.

Por Bianca Tavares Publicado em 11/07/2025 às 7:46

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Quando alguém próximo perde uma pessoa querida, é comum querermos aliviar sua dor — mas encontrar as palavras certas ou saber o que fazer pode ser um grande desafio. A psicóloga britânica Lucy Poxon, professora da Universidade de East London e especialista em luto, publicou no The Conversation um artigo com cinco estratégias práticas e empáticas para apoiar quem está passando por esse momento delicado.

Baseadas em 18 anos de experiência clínica e pesquisas acadêmicas, as orientações de Poxon valem para amigos, familiares e colegas que desejam oferecer apoio verdadeiro e respeitoso.

Reprodução/Freepik
Imagem para representar o luto - Reprodução/Freepik

1. O luto tem muitas formas

Não existe uma única maneira certa de viver o luto. Segundo Poxon, ele pode aparecer como insônia, exaustão, isolamento, apatia ou até raiva.

“Algumas pessoas sentem tristeza profunda imediatamente; outras, não sentem nada por semanas ou meses”, explica. “A ausência de lágrimas não é necessariamente um problema.”

A dica é simples e poderosa: valide qualquer forma de luto. Não cobre reações emocionais específicas e incentive a pessoa a escutar o próprio corpo e emoções, sem julgamentos.

2. Reconheça a perda – e não apresse o choro

Ignorar o luto de alguém, mesmo que sem intenção, pode ser extremamente doloroso.

“Evitar o assunto transmite, ainda que sem querer, a mensagem de que o sofrimento da pessoa é ‘demais’”, afirma Poxon.

Um simples “Sinto muito pela sua perda” já é um gesto importante. Convidar a pessoa para sair — mesmo que ela recuse — mostra que ela ainda pertence, ainda é lembrada.

E se o choro vier, não tente apressar o consolo. Às vezes, a maior ajuda é estar presente em silêncio, sem buscar soluções imediatas.

3. Desconstrua o mito dos “estágios do luto”

A ideia de que todos passam por cinco fases (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação), popularizada nos anos 1960, é ultrapassada e não reflete a realidade da maioria das pessoas, segundo a psicóloga.

“Essas fases podem acontecer, mas raramente seguem uma ordem, e nem todos vivenciam todas elas”, diz.

Quem se sente “errado” por não estar triste o suficiente ou por não sentir raiva pode se beneficiar ao saber que o luto não segue um roteiro. Ele é único, imprevisível e precisa ser vivido com liberdade.

4. Incentive conexões – inclusive com quem partiu

Poxon explica que o luto gera uma solidão emocional profunda, mesmo quando há pessoas por perto.

Uma forma de amenizar isso é incentivar a criação de vínculos contínuos com quem morreu. Isso pode incluir escrever cartas, visitar o túmulo, fazer orações, montar uma caixa de memórias ou criar pequenos rituais.

“Esses gestos ajudam a integrar a perda à nova realidade”, escreve.

Você pode até propor uma homenagem simbólica juntos ou visitar um local significativo para a pessoa.

5. Ofereça ajuda concreta e específica

A frase “Se precisar, me avisa” pode parecer gentil, mas para quem está em luto, até pedir ajuda pode ser difícil.

“O cansaço emocional e a sobrecarga podem impedir a pessoa de pedir o que realmente precisa”, afirma Poxon.

Melhor do que esperar que ela diga algo, é tomar a iniciativa com ações práticas:

  1. Levar uma refeição pronta uma vez por semana
  2. Cuidar dos pets ou das plantas
  3. Ajudar com papelada do funeral
  4. Dar caronas para consultas
  5. Atualizar familiares em seu lugar
  6. Mandar mensagens com “não precisa responder”
  7. Mesmo à distância, um cartão ou mensagem com “pensei em você hoje” pode confortar — sem a cobrança de uma resposta.

A maior ajuda é estar presente

Poxon encerra o artigo com um lembrete simples e poderoso:

“O luto não é um problema a ser resolvido. É uma resposta humana ao amor e à perda.”

Por isso, não é preciso ter as palavras perfeitas. O mais importante é demonstrar presença, respeito e escuta sincera.

Apoiar alguém enlutado não é sobre consertar nada. É sobre caminhar ao lado, com empatia, paciência e humanidade.

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