5 estratégias eficazes para ajudar alguém em luto
Conheça as 5 maneiras mais sensíveis e eficazes de oferecer apoio real a quem está vivendo o processo delicado do luto e da perda.

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Quando alguém próximo perde uma pessoa querida, é comum querermos aliviar sua dor — mas encontrar as palavras certas ou saber o que fazer pode ser um grande desafio. A psicóloga britânica Lucy Poxon, professora da Universidade de East London e especialista em luto, publicou no The Conversation um artigo com cinco estratégias práticas e empáticas para apoiar quem está passando por esse momento delicado.
Baseadas em 18 anos de experiência clínica e pesquisas acadêmicas, as orientações de Poxon valem para amigos, familiares e colegas que desejam oferecer apoio verdadeiro e respeitoso.
1. O luto tem muitas formas
Não existe uma única maneira certa de viver o luto. Segundo Poxon, ele pode aparecer como insônia, exaustão, isolamento, apatia ou até raiva.
“Algumas pessoas sentem tristeza profunda imediatamente; outras, não sentem nada por semanas ou meses”, explica. “A ausência de lágrimas não é necessariamente um problema.”
A dica é simples e poderosa: valide qualquer forma de luto. Não cobre reações emocionais específicas e incentive a pessoa a escutar o próprio corpo e emoções, sem julgamentos.
2. Reconheça a perda – e não apresse o choro
Ignorar o luto de alguém, mesmo que sem intenção, pode ser extremamente doloroso.
“Evitar o assunto transmite, ainda que sem querer, a mensagem de que o sofrimento da pessoa é ‘demais’”, afirma Poxon.
Um simples “Sinto muito pela sua perda” já é um gesto importante. Convidar a pessoa para sair — mesmo que ela recuse — mostra que ela ainda pertence, ainda é lembrada.
E se o choro vier, não tente apressar o consolo. Às vezes, a maior ajuda é estar presente em silêncio, sem buscar soluções imediatas.
3. Desconstrua o mito dos “estágios do luto”
A ideia de que todos passam por cinco fases (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação), popularizada nos anos 1960, é ultrapassada e não reflete a realidade da maioria das pessoas, segundo a psicóloga.
“Essas fases podem acontecer, mas raramente seguem uma ordem, e nem todos vivenciam todas elas”, diz.
Quem se sente “errado” por não estar triste o suficiente ou por não sentir raiva pode se beneficiar ao saber que o luto não segue um roteiro. Ele é único, imprevisível e precisa ser vivido com liberdade.
4. Incentive conexões – inclusive com quem partiu
Poxon explica que o luto gera uma solidão emocional profunda, mesmo quando há pessoas por perto.
Uma forma de amenizar isso é incentivar a criação de vínculos contínuos com quem morreu. Isso pode incluir escrever cartas, visitar o túmulo, fazer orações, montar uma caixa de memórias ou criar pequenos rituais.
“Esses gestos ajudam a integrar a perda à nova realidade”, escreve.
Você pode até propor uma homenagem simbólica juntos ou visitar um local significativo para a pessoa.
5. Ofereça ajuda concreta e específica
A frase “Se precisar, me avisa” pode parecer gentil, mas para quem está em luto, até pedir ajuda pode ser difícil.
“O cansaço emocional e a sobrecarga podem impedir a pessoa de pedir o que realmente precisa”, afirma Poxon.
Melhor do que esperar que ela diga algo, é tomar a iniciativa com ações práticas:
- Levar uma refeição pronta uma vez por semana
- Cuidar dos pets ou das plantas
- Ajudar com papelada do funeral
- Dar caronas para consultas
- Atualizar familiares em seu lugar
- Mandar mensagens com “não precisa responder”
- Mesmo à distância, um cartão ou mensagem com “pensei em você hoje” pode confortar — sem a cobrança de uma resposta.
A maior ajuda é estar presente
Poxon encerra o artigo com um lembrete simples e poderoso:
“O luto não é um problema a ser resolvido. É uma resposta humana ao amor e à perda.”
Por isso, não é preciso ter as palavras perfeitas. O mais importante é demonstrar presença, respeito e escuta sincera.
Apoiar alguém enlutado não é sobre consertar nada. É sobre caminhar ao lado, com empatia, paciência e humanidade.