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Vitú MC representa Pernambuco na Superliga da Batalha da Aldeia, dentro do The Town

O rapper de Vitória de Santo Antão se apresenta no próximo sábado (13), no palco Quebrada, competindo com mais sete músicos de todo o Brasil

Por Laura Martiniano Publicado em 11/09/2025 às 16:44

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Ao longo desta semana, os palcos do The Town receberam uma variedade de artistas, nacionais, internacionais, representantes de diferentes gêneros musicais. A cultura hip-hop não ficou de fora, inserindo no festival, além de performances no sentido mais tradicional, a Batalha da Aldeia, maior competição de rima do Brasil. Rappers de vários estados colocam sua criatividade, improviso e presença em jogo, na intenção de disputar a grande final no último dia do evento, 14 de setembro. Para os pernambucanos, a disputa mais importante acontece no próximo sábado (13), com o vitoriense Vitú MC contra outros sete músicos.

A Superliga da Batalha da Aldeia colocou, em todos os dias de festival, oito rappers para disputar em um torneio de formato eliminatório. No total, são 32 artistas. Oito estarão presentes na grande final, e Vitú garante que vai o sangue para estar entre eles: "Não quero ir lá como se fosse um ‘showzinho’ para eu curtir, aparecer, tirar foto, tirar uma onda. Eu quero chegar lá para ganhar. Tô realmente focado, pensando nisso todos os dias".

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Vitú MC compete representando Pernambuco no próximo sábado (13), no palco Quebrada do The Town. - Divulgação

A apresentação no palco do The Town não caiu de paraquedas na vida do pernambucano. Natural de Vitória de Santo Antão, Vitú começou muito novo no rap, em um contexto de baixa valorização e pouco investimento. A trajetória de MC veio como resultado de muita insistência, paixão e presença.

Trajetória no rap

"Eu comecei no rap muito novo, acho que eu tinha 12 para 13 anos na primeira vez que tive contato. Escutei Racionais, aí endoidei, gostei muito, quis aquilo para minha vida. De início não era para seguir carreira nem nada, só foi uma parada que gostei muito de consumir", conta Vitú. Foi na escola e nos ônibus que começou a rimar, e viu que tinha jeito.

Na época, Vitória de Santo Antão não tinha batalhas de rima, então o artista começou a acompanhar eventos pelo YouTube. Foi em 2016 que participou da sua primeira batalha na cidade e começou a ganhar destaque no interior, até chegar a competir no Recife, no ano seguinte. “Em 2018, fui campeão estadual de Pernambuco e hoje sou bicampeão. Já representei Pernambuco nacionalmente em vários eventos e, consequentemente, foi isso que me deu essa vaga na liga do The Town”, explica ele.

Profissionalização

Hoje, Vitú faz parte do Favera Freestyle, um projeto que integra MCs em um time, buscando profissionalizar as batalhas de rima no Brasil, tratando-as como um esporte, com estrutura. “É como se a gente fosse jogador de futebol, a gente tem um time, um contrato, uma meta de batalhas por mês”, diz o artista.

O Favera é um projeto cultural de Goiana, com impacto nacional. Além de MCs de Goiás, o time integra rappers de São Paulo e o próprio Vitú, que explica que assinou um contrato, recebe salário e contra com o suporte de uma equipe em áreas como a de agenciamento. Para ele, esse é o futuro do freestyle: “Acho que daqui a um, dois anos, todo MC vai ter um time, o investimento vai ser esse. Vai ter batalha de time contra time, um time do Nordeste contra um time de São Paulo. O Favera meio que deu uma mesclada, abraçou a turma LGBT também, abraçou a galera deles, de Goiás, e eu, que sou Nordestino e tô no corre”.

A cena pernambucana

Representando Pernambuco, Vitú quer ser o primeiro rapper do estado a vencer a Batalha da Aldeia, e, quem sabe, conseguir trazer o evento para cidades pernambucanas. A sensação, segundo ele, é “uma doideira”: “Fui no primeiro dia do evento só para assistir, e já tive uma sensação absurda, porque a gente sempre se imagina nesses lugares, mas quando chega no dia, a ficha não cai”.

Apesar da satisfação de chegar lá, o artista tece críticas ao cenário da rima em Pernambuco: “É muito sucateado [...] Falta investimento, projetos olharem para lá, porque tem muito talento. Falta conscientização do público também. Muita gente tem uma batalha na esquina de casa e nem sabe, só assiste pelo celular, vendo os MCs de São Paulo, Rio de Janeiro. Às vezes até sabe, mas para ele o que tem do lado não presta. É a parada de consumir muito o que é de fora e esquecer o que é de perto”.

Ele ressalta que não falta talento no rap local, mas que alguns artistas pecam em consciência: “Tem que saber que se tu derrubar o outro, tu não vai dar passos para a frente, tu vai estar se atrapalhando também. Quanto mais o outro subir, mais a cena vai ser vista e você vai ser visto também, consequentemente”. Tratar a rima com seriedade também é importante: “Se eu ficar esperando, agindo de qualquer jeito, não me profissionalizar, ninguém vai levar a sério, conta.

Vitú MC se apresenta na Batalha da Aldeia no palco Quebrada do The Town no próximo sábado (13). Se ficar entre os dois primeiros do torneio, garante uma vaga na grande final, realizada no domingo (14). O festival está sendo exibido pelos canais Multishow e Bis. Enquanto o Multishow cobre os palcos principais, Skyline e The One, o Bis mostra o Factory e o Quebrada. Flashes do evento também são exibidos pela TV Globo. À noite, a emissora exibe os melhores momentos.

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