Sílvia Pérez Cruz e Salvador Sobral estreiam turnê inédita ‘Sílvia & Salvador’ no Recife
Com espetáculo no Recife marcado para a próxima sexta-feira, dia 8, Salvador Sobral se abre sobre o projeto e fala sobre seu vínculo com a cidade

Clique aqui e escute a matéria
Dois artistas célebres na cena musical ibérica, Sílvia Pérez Cruz e Salvador Sobral estreiam no Recife, na próxima sexta-feira (8), o espetáculo Sílvia & Salvador. O projeto colaborativo é inédito e une as duas vozes em canções compostas por nomes que as influenciam afetivamente e criativamente, como Jorge Drexler, Luísa Sobral, Lau Noah e Dora Morelenbaum.
O pontapé inicial do álbum foi uma relação, uma conexão musical que, para Salvador Sobral, precisava ser explorada. Seu primeiro encontro com Sílvia, durante uma apresentação da artista em Barcelona — onde ele estudava jazz — o atingiu como uma "epifania musical", provocada pela liberdade e pela honestidade dela durante a interpretação. A partir daqui, Salvador passou a acompanhar de perto a carreira de Sílvia. Anos depois, ela o convidou para colaborar em um disco e os dois gravaram juntos após uma performance nos Prémios Goya, a principal premiação do cinema espanhol.
O projeto
Com Sílvia & Salvador, essa parceria ganha ainda mais corpo. O álbum contou com a colaboração de diversos artistas, mas tanto Sílvia quanto Salvador compuseram canções especiais para o disco: Bem poca cosa tens, escrita por ela, e Mudando os Ventos, pensada por ele.
A canção Minhas Marcas destaca a cena brasileira, com a colaboração dos artistas Dora Morelenbaum e Guilherme Lírio. De acordo com Salvador, a música brasileira carrega a capacidade de transformar complexidade em leveza e ele destaca sua admiração por sua constante reinvenção artística.
Após uma conversa com o produtor do disco, Juan Berminho, Salvador concebeu que a filosofia do projeto era o foco na verdade e na honestidade da sua voz, ao lado da de Sílvia. A ideia foi andar na contramão das superproduções da indústria da música, gravando todas as canções com os músicos juntos, na mesma sala, trabalhando ao mesmo tempo, com instrumentos acústicos, abraçando o risco e o momento. Ele destaca que não é contra álbuns superproduzidos, mas que essa abordagem foi muito importante para Sílvia & Salvador.
Mensagem política
A música instrumental Tempus Fugit (Plor per Palestina), para Salvador, transmite uma mensagem humanitária, pedindo pelo fim do genocídio em Gaza. Ele explica que a melodia, composta por Marco Mezquida, evoca uma sensação que torna a letra desnecessária. A canção encerra o álbum e foi concebida com a intenção de conscientizar o público.
Salvador ainda elogiou a postura do presidente Lula em relação ao conflito entre Israel e Palestina, em contraste com a posição da União Europeia.
Vínculo com o Brasil
Salvador Sobral chega ao Brasil pela terceira vez como um músico profissional e retorna ao Recife, após uma experiência "divertida", segundo ele, em sua primeira visita. Sílvia cantará pela primeira vez na capital pernambucana.
O cantor expressou sua admiração pelo Recife mencionando sua experiência ao se apresentar ao lado do artista Martins e também destacou sua conexão com o filme Retratos Fantasmas, dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho. O longa aborda a trajetória de alguns dos cinemas de rua mais emblemáticos da região e deixou Salvador com uma ideia bastante romântica da cidade.
Para ele, o Brasil é o berço da música, o que torna o brasileiro um dos melhores públicos que já encontrou, já que isso se reflete na relação deles com a arte musical. A diversidade cultural brasileira torna cada apresentação uma experiência muito singular, onde é possível contemplar as particularidades de cada cultura, língua e reação.
No Recife, a apresentação do disco Sílvia & Salvador acontece no Teatro RioMar. Na formação instrumental da turnê, estão Dario Barroso, na guitarra, Sebastià Gris, comandando guitarra, banjo e bandolim, e Marta Roma, tocando violoncelo.