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Planejamento Metropolitano do Recife: desafios de continuidade e a urgência da atualização após 20 anos

O debate abordou a evolução histórica, as conquistas do planejamento metropolitano e os desafios atuais para o território

Por Aisha Vitória Publicado em 21/09/2025 às 12:00

O Giro Metropolitano promoveu nesta sexta-feira (19) uma análise sobre o desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (RMR), com a participação da arquiteta e urbanista Amélia Reynaldo, que presidiu a FIDEM entre 1999 e 2003, e do sociólogo José Arlindo, pesquisador do Centro Josué de Castro.

O debate abordou a evolução histórica, as conquistas do planejamento metropolitano e os desafios atuais para o território.

Mesmo plano após 20 anos

Amélia Reynaldo destacou que o plano desenvolvido há duas décadas permanece vigente e relevante:

"O planejamento não se esgota. Ele pode mudar de performance, ele pode mudar de interesses, de acordo com a dinâmica urbana. Apesar do passado, da concepção de um passado, ele está presente, porque se transforma e se ajusta segundo a urbanística e a dimensão territorial", afirmou.

Ela reforçou a importância de se olhar para o desenvolvimento metropolitano com perspectiva histórica:

"A região metropolitana do Recife se iniciou com o ciclo do açúcar, passou pelo fortalecimento da cidade como capital, pelo deslocamento do porto para Suape e pelo crescimento das cidades periféricas. Todo esse processo mostra a necessidade de planejamento estratégico contínuo."

Planejamento estratégico e continuidade

José Arlindo ressaltou que, embora haja ações e projetos em andamento, falta continuidade estratégica:

"O planejamento não é uma intuição de um governante. Deveria ser um processo permanente, com começo, meio, fim e continuidade. Nos transportes, por exemplo, o Estado ainda não conseguiu incorporar o transporte intermunicipal no planejamento coletivo."

O sociólogo apontou que a participação das cidades e a atuação conjunta de governos, empresários e sociedade civil são essenciais:

"Faltou esse conceito permanente de planejamento. Ações acontecem, mas sem estratégia coordenada, o cidadão se torna um espectador, e não participante."

Gestão metropolitana

A questão da gestão metropolitana foi outro ponto central do debate. Amélia explicou que não há um modelo único:

"No mundo, há diferentes sistemas. Na França, existe um prefeito metropolitano; na Grã-Bretanha, algumas regiões têm fóruns temáticos. Aqui, a proposta seria um sistema coordenado pelo Conderme FIDEM, com prefeitos, secretários, deputados, câmaras municipais e universidades, integrando decisões políticas e técnicas."

Ela ressaltou que a participação cidadã é fundamental:

"Você não é um algoritmo, você é um cidadão. Precisamos de cidadãos orgânicos, que acompanhem e participem de forma concreta das decisões sobre suas cidades."

Legados e próximos passos

Entre os legados do Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Amélia destacou:

  • Preservação ambiental e planejamento territorial.
  • Integração econômica com a cidade-mãe, o Recife.
  • Fortalecimento do Porto Digital e capacitação para o trabalho.
  • Estruturação da gestão metropolitana com participação coletiva.

Quanto aos próximos passos, ela enfatizou a urgência de atualizar e aprovar instrumentos legais como o PDUI:

"Primeiro é aprovar o PDUI, que já está pronto. Depois, é necessário acompanhar periodicamente sua implementação, ajustando estratégias conforme as demandas e dinâmicas urbanas."

José Arlindo reforçou que o planejamento contínuo é o caminho para superar desafios atuais, como transporte, habitação e infraestrutura:

"O que faltou nos últimos anos foi um conceito permanente de planejamento. Hoje, é urgente coordenar projetos e integrar políticas públicas para atender à população metropolitana de forma eficiente."

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