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Governo foi otimista demais com Orçamento de 2026 e receitas podem não se concretizar, diz especialista

Em entrevista na Rádio Jornal, Marcus Pestana alerta que governo superestima PIB e inflação no Orçamento; reforma fiscal será inevitável em 2027

Por Eduardo Scofi Publicado em 19/09/2025 às 13:36 | Atualizado em 19/09/2025 às 13:39

O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Marcus Pestana, afirmou nesta sexta-feira (19), em entrevista à Rádio Jornal, que o governo foi “otimista demais” ao elaborar o Orçamento de 2026. Segundo ele, as projeções oficiais superestimam o crescimento econômico e subestimam a inflação, o que pode comprometer a execução das contas públicas.

“O orçamento de 26 está realmente muito infiltrado de excesso de otimismo. O PIB que a IFI projeta é de 1,7%, enquanto o governo trabalha com 2,4%. Na inflação, projetamos 4,5% e o governo colocou 3,6%. Só esses dois elementos já desbalanceiam os números”, explicou Pestana.

Cinco sintomas da crise

O economista comparou a situação fiscal do país a uma “crise surda”, caracterizada por deterioração lenta e progressiva, e apontou cinco sintomas. “Não é um infarto, é uma deterioração lenta da saúde fiscal do Brasil”, afirmou.

São eles:

  • Rigidez orçamentária inédita;
  • Déficits recorrentes desde 2014;
  • Crescimento acelerado da dívida pública;
  • Baixo nível de investimento;
  • Perda de credibilidade fiscal.

De acordo com Pestana, a margem de manobra do próximo presidente será praticamente nula em 2027, já que quase 100% do orçamento estará comprometido com despesas obrigatórias, como Previdência, Bolsa Família, BPC, seguro-desemprego, precatórios e repasses aos demais poderes.

“O governo terá pouco espaço para investimentos em infraestrutura, educação e ciência e tecnologia, que são decisivos para transformar o país”, destacou.

Juros altos e as contas públicas

Ele ressaltou ainda que os juros altos são consequência do descontrole das contas públicas. “Como o governo gasta mais do que arrecada, precisa recorrer ao mercado para vender títulos. Quanto maior o risco, maior o preço do dinheiro. Se o governo quer fugir dos juros, tem que ajustar suas contas”, disse.

Para o diretor da IFI, uma profunda reforma fiscal será inevitável a partir de 2027, independentemente de quem ocupar a Presidência. “Seja qual for o presidente da República, inevitavelmente vai ter que fazer uma reforma nas finanças públicas”, concluiu.

Confira a entrevista

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