Mídia internacional repercute prisão de Bolsonaro e aponta 'presente político' para Lula
Jornais como NYT e Bloomberg analisam que pressão dos EUA falhou e acabou beneficiando o presidente brasileiro na disputa política.
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*Com informações do Estadão Conteúdo
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, por liderar uma tentativa de golpe de Estado, repercutiu amplamente na imprensa internacional. Veículos como The New York Times, Bloomberg e The Wall Street Journal analisaram a mudança de postura de Donald Trump e o consequente fortalecimento político de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a Bloomberg, Bolsonaro, apelidado de "Trump dos Trópicos", apostou na ajuda do aliado norte-americano ao enfrentar problemas legais. Trump chegou a impor tarifas punitivas a produtos brasileiros para pressionar pelo fim do julgamento.
No entanto, a análise aponta que o tiro saiu pela culatra. "O Supremo Tribunal prosseguiu com o caso, e a campanha de pressão acabou beneficiando Lula, cujas taxas de aprovação aumentaram em meio à disputa", destacou a publicação.
'Brasil desafiou Trump e venceu'
Para o The New York Times, o episódio mostra que o Brasil "desafiou Donald Trump e venceu". O jornal avalia que o caso expõe os limites da influência de Washington e sugere que o republicano "demonstra disposição para abandonar antigos aliados quando considera politicamente conveniente".
O The Wall Street Journal segue a mesma linha, afirmando que as tarifas de Trump acabaram sendo um "presente político" para Lula. A publicação ressalta que o atual presidente brasileiro sai em uma posição mais forte para vencer as eleições do próximo ano.
Tentativa de fuga e falta de protestos
A imprensa europeia focou nos detalhes da prisão e na reação popular. O francês Le Monde classificou o episódio do dano à tornozeleira eletrônica com um ferro de solda como "uma inacreditável tentativa de fuga".
A Reuters destacou a defesa de Bolsonaro, que negou intenção de fugir e alegou acreditar que havia um rastreador oculto no dispositivo devido aos efeitos de medicamentos.
Já o britânico The Guardian ressaltou a ausência de grandes mobilizações. Segundo o jornal, "até agora, não houve sinais de protestos em massa ou agitação", indicando que a influência do ex-presidente diminuiu drasticamente nos últimos meses.