Cientista político prevê disputa acirrada entre Raquel Lyra e João Campos: "Sem favoritos neste momento"
Para Adriano Oliveira, pesquisa Datafolha confirma que o eleitor pernambucano ainda não definiu voto e eleição de 2026 deve ser acirrada no Estado
 
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O cientista político Adriano Oliveira afirmou, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (30), que a eleição para o Governo de Pernambuco em 2026 deve ser fortemente acirrada entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
A avaliação foi feita a partir da pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (29), que mostrou João Campos à frente de Raquel Lyra na sondagem estimulada, mas em situação de empate técnico na espontânea.
Na estimulada, João Campos aparece com 52% das intenções de voto, contra 30% de Raquel Lyra. Já na pesquisa espontânea — em que o nome dos candidatos não é apresentado —, o resultado foi 23% para cada um, indicando equilíbrio entre o prefeito do Recife e a governadora do Estado.
“Pesquisa de intenção de voto não é preditora de resultado”, diz analista
Segundo Adriano Oliveira, pesquisas quantitativas de intenção de voto não devem ser interpretadas como indicativos de vitória. Ele defendeu que esses levantamentos captam apenas um retrato limitado do momento e podem gerar “euforia” ou “decisões equivocadas” entre candidatos e eleitores.
"A variável intenção de voto quantitativa não é preditora de resultado. Ela não consegue sugerir o que ocorrerá no futuro, nem mostrar o que está acontecendo no presente", afirmou.
"Ela mostra apenas quem é mais conhecido. Por isso, o nome mais citado tende a ser o do prefeito João Campos", completou.
O cientista político destacou que o verdadeiro termômetro do cenário eleitoral é a pesquisa espontânea, que reflete sentimentos mais autênticos do eleitorado.
Cientista político diz que não há favoritos na disputa pelo Governo de Pernambuco
Para Adriano, João Campos se destaca pela avaliação à frente da Prefeitura do Recife e acaba ganhando maior projeção na Região Metropolitana (RMR). Já a governadora Raquel Lyra é lida pelo eleitor como "uma mulher séria", mas que segue sendo observada pelas entregas no mandato.
"João Campos é muito bem avaliado, especialmente na Região Metropolitana. É visto como esperança e herdeiro político de Eduardo Campos. Já Raquel Lyra é percebida como uma mulher séria, de coragem, que vem trabalhando. Isso mostra que a disputa será fortemente acirrada, sem favoritos neste momento", avaliou.
Ao comentar o empate na pesquisa espontânea, Adriano observou que a governadora começa a colher efeitos positivos da percepção de que está entregando resultados, sobretudo no interior do Estado.
"Essa onda emocional de que ela vem trabalhando está crescendo. A partir do momento em que ela fizer mais entregas, seu nome irá crescer nas pesquisas”, afirmou.
Para Adriano, a percepção do eleitorado em relação à governadora mudou, destacando que antes ela era vista como "decepção", mas que hoje ela possui uma capacidade de crescimento eleitoral, em especial após a mudança no discurso durante o mandato.
"No início do mandato, ela era vista como decepção. Mas, quando trocou o discurso de mudança pelo de trabalho, a percepção do eleitor mudou", explicou.
Para o analista, a continuidade desse movimento depende da capacidade do governo de manter o ritmo das ações.
"Se o governo parar, se deixar de entregar, esse sentimento murcha. Mas se ela continuar mostrando trabalho, tende a crescer eleitoralmente", completou.
Entregas e imagem de gestão serão determinantes em 2026
Para Adriano, o desempenho de Raquel Lyra e João Campos nos próximos meses será determinante para a configuração da disputa. O cientista político acredita que ambos precisarão mostrar resultados concretos para ampliar o apoio do eleitorado.
"A partir de abril, João Campos vai andar por Pernambuco mostrando o que fez no Recife e o que pode fazer pelo Estado. Já Raquel Lyra tem duas possibilidades: apenas conversar com prefeitos, sem entregar nada, ou mostrar o que vem fazendo — creches, escolas, saúde, estradas. Se mostrar trabalho, ela cresce e enfraquece João Campos", avaliou.
"Mas se o governo ficar parado, em disputas políticas, a vantagem será do prefeito. O cenário é de uma disputa aberta e acirrada", concluiu.
Eleitorado vive “estado de dúvida”, aponta cientista político
Adriano Oliveira disse que os dados da pesquisa Datafolha dialogam com levantamentos qualitativos feitos por ele, que mostram um “profundo estado de dúvida” no eleitorado pernambucano.
"Quando o eleitor considera o governo razoável, isso indica que ainda não tomou decisão. É um estado de dúvida. A eleição não está definida", disse.
Ainda de acordo com Adriano, o cenário de equilíbrio fica ainda mais evidente, pelo fato da governadora não ter uma reprovação alta.
"Raquel Lyra nunca teve alta reprovação. É uma governadora de baixa rejeição, e isso reforça o cenário de equilíbrio na disputa", acrescentou.
 
                         
                                                                                             
                                                                                    
                                            