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PL vê briga política aumentar em Pernambuco, enquanto Bolsonaro vive momento de fragilidade

Disputa por uma candidatura ao Senado acirrou crise interna no partido em Pernambuco, entre aliados de Bolsonaro e grupo político de Anderson Ferreira

Por Rodrigo Fernandes, Pedro Beija Publicado em 15/07/2025 às 12:48

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Em meio ao cenário de indefinição a nível nacional em torno do sucessor de Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) vê a crise interna se intensificar no diretório de Pernambuco, com a disputa pela candidatura ao Senado no centro da briga política na legenda.

Na última segunda-feira (14), o presidente estadual Anderson Ferreira voltou a atacar o ex-ministro Gilson Machado. Os dois querem concorrer a uma cadeira na Casa Alta em 2026 — o sanfoneiro com apoio de Bolsonaro e o ex-prefeito de Jaboatão com o presidente nacional Valdemar Costa Neto.

De acordo com Anderson, a pré-candidatura de Gilson ao Senado é um "projeto pessoal" que se sobrepõe a um "projeto partidário e da direita" em Pernambuco. "Você se autointitular candidato é um equívoco", disparou Anderson em entrevista à Rádio Folha.

O presidente do partido também disse que vislumbra candidatura única do PL ao Senado no ano que vem, reforçando que não quer dividir os votos do partido na eleição.

"É o mais lógico e o mais racional. Fora disso é alucinação, ou de gente que não tem nenhuma experiência política e fica falando asneira por aí", declarou, acrescentando uma analogia da situação à fábula da águia e do corvo. 

"Sabe o que a águia faz? Ela voa mais alto. O corvo tenta voar, perde oxigênio e cai. Minha resposta para tudo isso é: quando seu inimigo tentar atacar, suba um nível".

O racha no PL em Pernambuco persiste desde as eleições municipais de 2024, quando Gilson foi candidato à prefeitura do Recife e não teve apoio de Anderson Ferreira e seu grupo político.

Naquele momento, o diretório local já vivenciava uma divisão porque Anderson defendia a ampliação da bancada da Câmara do Recife e um esforço para garantir vereadores de mandato, enquanto Gilson decidiu lançar o filho, que foi eleito. "Esse individualismo confunde a direita", disse o presidente da sigla.

Gilson se defendeu

Nesta terça-feira (15), Gilson Machado usou as redes sociais para comentar as declarações de Anderson. Ele disse ter sido "atacado gratuitamente" pelo presidente estadual do partido.

"Todos sabem o momento de dor que estou passando. Foi uma violência verbal desnecessária, deselegante. Eu quero saber a sua opinião, me diz: 'essa deve ser a postura de um líder, de um presidente de partido?'", indagou aos seguidores.

Na última segunda, o filho do ex-ministro, o vereador do Recife Gilson Filho (PL), saiu em defesa do pai em um longo comunicado enviado à imprensa, reforçando que os ataques contra o patriarca chegaram em momento delicado.

Gilson Monteiro, como se sabe, foi preso no mês de junho no âmbito da ação penal do STF que investiga a tentativa de golpe de Estado supostamente orquestrada por Jair Bolsonaro. O ex-ministro foi solto no mesmo dia. 

"Em um momento tão delicado para minha família, com meu pai enfrentando dificuldades pessoais e políticas, ficamos surpresos e entristecidos com as palavras do presidente estadual do PL, Anderson Ferreira. Todos sabem que estamos atravessando um processo de perseguição, como muitos outros membros da direita também têm enfrentado, e a falta de apoio nesse momento só aumenta a sensação de injustiça", disse Gilsinho.

"Meu pai sempre defendeu a unidade dentro do partido e tem buscado a paz, como demonstrado em diversas entrevistas. O presidente Bolsonaro já declarou publicamente que meu pai é o nome do bolsonarismo em Pernambuco, o que é um grande reconhecimento e uma responsabilidade que ele honra", acrescentou.

O vereador lembrou que o partido tem duas vagas para disputar o Senado, o que possibilita as duas candidaturas. Esse mesmo posicionamento já foi defendido anteriormente por Gilson, apontando que não vai abrir mão da vaga.

"Desde a prisão de meu pai, o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, não entrou em contato para oferecer sequer um gesto de apoio, e, agora, em um momento tão difícil que estamos passando, somos surpreendidos por palavras que apenas alimentam o conflito interno", declarou Gilson Filho. 

Briga ganhou repercussão nacional

A disputa local chamou a atenção de Fábio Wajngarten, advogado e ex-chefe da secretaria de Comunicação no governo Jair Bolsonaro. Pelas redes sociais, ele saiu em defesa de Gilson Machado, e fez um ataque duro contra Anderson Ferreira.

"Eu não sei quem é esse presidente do PL e nem quero saber. Com toda certeza esse infeliz alpinista sabe que o Gilson é um dos mais próximos e leais ao Presidente e que Gilson está com inúmeras cautelares judiciais nesse momento, com toda a família abalada emocionalmente. Ao invés de prestar solidariedade, ser amigo e promover a união, vai na imprensa e adjetiva um 'colega de partido'", escreveu o ex-Secom, defendendo uma reforma no partido.

"É por isso que é necessário outra limpa no PL. É inadmissível uma fala dessa nesse momento. Meu abraço ao meu amigo Gilson Machado, que em breve voltará ainda muito mais forte", completou.

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