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Tio de João Campos e irmão de Eduardo Campos entra em disputa jurídica para derrubar prefeita de Olinda

Autor de pedido de impeachment contra a prefeita de Olinda, Antônio Campos (PRTB) tem histórico de rusgas com a família e derrotas eleitorais

Por Pedro Beija Publicado em 26/06/2025 às 20:05 | Atualizado em 26/06/2025 às 21:46

Tio do prefeito do Recife João Campos (PSB) e irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, Antônio Campos (PRTB) está no centro de uma disputa política em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Advogado e ex-candidato à prefeitura de Olinda em 2024, Antônio foi o autor do pedido de impeachment da prefeita Mirella Almeida (PSD) e do vice-prefeito Chiquinho (PSD), chapa vencedora do pleito municipal. Foi a primeira vez que a Câmara de Olinda analisou a admissibilidade de um processo de afastamento contra um prefeito.

Em seu pedido, Antônio aponta suposto descumprimento da Lei de Acesso à Informação (LAI) e omissões na prestação de contas durante a transição de governo. Antes de assumir a prefeitura de Olinda, Mirella foi secretária nas gestões de Professor Lupércio (PSD) no município.

"O pedido se fundamenta na ausência de resposta a reiterados requerimentos de informação e na falta de transparência no processo de transição de governo, já que não foi encaminhado à Câmara, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) ou ao Ministério Público qualquer informação hábil ou prestação de contas, como exige a legislação", disse Antônio, ou Tonca, como é conhecido, ao JC.

Em sessão realizada nesta quinta-feira (26), na Câmara Municipal de Olinda, o pedido de impeachment foi colocado em votação, sendo rejeitado pela maioria dos vereadores. Ao todo, foram 13 votos contrários, dois favoráveis e duas abstenções. O pedido foi arquivado.

Após o resultado, Mirella se pronunciou, afirmando que esta foi "uma das dezenas de tentativas" de Antônio de "destituir um governo democraticamente eleito". 

"Fui eleita pelo povo e estou com muita determinação para fazer de Olinda uma cidade a cada dia melhor. Vamos trabalhar com dedicação à população sempre", disse.

"Os vereadores de Olinda foram eleitos pelo povo. Eles têm o meu respeito. Com ajuda deles, Olinda tem terá muitas conquistas", complementou.

Antônio, por sua vez, rebateu a prefeita, afirmando que Mirella precisa prestar contas do Carnaval do município e das emendas impositivas destinadas ao município e que não teriam sido executadas. 

O advogado e ex-candidato a prefeito de Olinda também denunciou que pedidos de informações enviados à prefeitura não foram respondidos. Em vídeo, Antônio afirmou que a "falta de transparência" e as "ilegalidades" da gestão serão levadas ao Ministério Público de Pernambuco, Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE).

"Toda essa falta de transparência estaremos submetendo ao crivo do Judiciário e também do Ministério Público", afirmou.

No vídeo, Antônio também aproveitou para fazer críticas à prefeita, afirmando que "Olinda está um caos", como um fruto da gestão atual e da gestão de Professor Lupércio no município.

"E irresponsável é você, Mirella, que por onde passou, só fez destruir Olinda. Olinda está um caos e é fruto da sua gestão. Você como secretária de (Professor) Lupércio, você como gestora de uma gestão desastrosa que continua a fazer Olinda. Basta. Impeachment já e intervenção em Olinda já. A luta continua", disse.

Quem é Antônio Campos?

Antônio Ricardo Accioly Campos tem 57 anos, é advogado e escritor, ocupando a cadeira de número 25 da Academia Pernambucana de Letras. Antônio foi presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) entre 2019 e 2023, tendo sido nomeado no governo de Jair Bolsonaro e demitido no governo Lula.

Conhecido como "Tonca", Antônio é irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, filho da ex-ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, neto do ex-governador Miguel Arraes e tio do prefeito do Recife, João Campos, e do deputado federal Pedro Campos.

Trajetória de Antônio Campos na política

Em 2016, Antônio disputou a prefeitura de Olinda pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo derrotado em segundo turno por Professor Lupércio. Dois anos depois, concorreu ao cargo de deputado estadual, dessa vez pelo Podemos, terminando com 3.658 votos, insuficiente para garantir uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Antônio voltou a se candidatar em 2024, sendo novamente derrotado na disputa pela prefeitura de Olinda. Dessa vez candidato pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Antônio terminou na quinta colocação, com 1,51% e um total de 3.151 votos. 

Rusgas públicas com João Campos

Nos últimos anos, Antônio acumulou rusgas públicas com familiares, em especial com o sobrinho João Campos. 

Em 2019, Antônio e João se desentenderam após uma audiência na Câmara Federal, que contava com a participação do então Ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Na ocasião, o então deputado João Campos fez críticas ao ministro, afirmando que Weintraub fazia mal para a educação brasileira. Weintraub, por sua vez, enfatizou a atuação de Antônio Campos no ministério. João rebateu, afirmando não ter relação com Antônio e que ele era "um sujeito pior" que Weintraub.

A fala de João teve resposta de Antônio, que acusou o então deputado e hoje prefeito do Recife de ter sido "nutrido na mamadeira da empresa Odebrecht", apontando que "Pernambuco precisa conhecer o lado obscuro de Renata Campos e seu filho". 

A troca de farpas precisou de intervenção da então ministra do TCU, Ana Arraes, mãe de Antônio e avó de João. À época, Ana afirmou que não aceitava grosseira do neto e que ele estava "dividindo a família sem razão"

A troca de farpas protagonizada entre o então Deputado Federal João Campos e o advogado Antônio Campos , precisou de uma interferência da Ministra Ana Arraes. A matriarca disse que não admite grosseria do neto para com o Tio e que se sentiu desrespeitada, afirmando ainda que João Campos estaria dividindo a família sem razão.

A animosidade entre tio e sobrinho permaneceu até 2024, quando Antônio afirmou que votaria em João para a prefeitura do Recife, caso tivesse título de eleitor na capital pernambucana. Nas redes sociais, Tonca defendeu o legado do irmão Eduardo e elogiou a gestão de João à frente da gestão municipal, afirmando que o gesto é "um reconhecimento sem esperar reciprocidades".

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