Jandira Feghali lança livro "Cultura é Poder" no Recife e avalia cenário político: "Congresso majoritariamente conservador"
Deputada federal lança, nesta quinta-feira (5), seu primeiro livro; Em entrevista ao JC, Jandira falou sobre os desafios enfrentados pelo governo Lula

A deputada federal e artista Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lança nesta quinta-feira (5), no Recife, seu primeiro livro, “Cultura é Poder”, obra que defende a política cultural como instrumento de transformação social e desenvolvimento. O evento acontece às 19h, na Livraria do Jardim, no bairro da Boa Vista.
Em entrevista ao JC, a parlamentar também fez uma análise da conjuntura política nacional. Para ela, o Congresso hoje é “majoritariamente conservador”, o que impõe desafios à agenda do governo Lula e ao fortalecimento das políticas culturais no país.
Cultura como estratégia de desenvolvimento
O livro, de 204 páginas, propõe um olhar crítico sobre o papel da cultura nos processos históricos, econômicos e sociais do Brasil. A autora defende que a cultura não deve ser tratada apenas como entretenimento ou evento, mas como um vetor estratégico para a economia, as relações humanas e a construção da cidadania.
Feghali, que tem trajetória como gestora cultural e musicista, articula no livro sua visão sobre cultura a partir de uma perspectiva contra-hegemônica. Ela contextualiza a produção cultural brasileira como resultado da resistência histórica diante de processos de colonização, escravização e desigualdade.
A obra também debate temas como racismo estrutural, diversidade cultural e os impactos da chamada “guerra cultural” promovida pela extrema direita no Brasil.
“Meu objetivo não foi escrever uma tese acadêmica, mas sistematizar reflexões a partir da minha experiência política e de referências que considero fundamentais para pensar políticas públicas de cultura”, afirma.
Jandira foi relatora da Lei Aldir Blanc, considerada uma das maiores políticas públicas de fomento cultural da história recente do país.
O prefácio do livro é assinado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, que destaca a cultura como elemento central e transversal a áreas como educação, saúde, meio ambiente, economia e democracia.
Desafios na política cultural e na relação com o Congresso
Ao avaliar a política cultural no atual governo, a deputada afirmou que o Ministério da Cultura vive um processo de reconstrução.
“O ministério foi completamente destruído nos últimos anos. Esses dois primeiros anos foram para reconstruir pessoal, estrutura e políticas. Agora, com a conferência concluída, esperamos avançar com novas posições e inovações, especialmente com o Plano Nacional de Cultura”, disse.
Na avaliação da deputada, o governo Lula apresenta avanços significativos em áreas como emprego, renda, combate à fome e redução das desigualdades. Contudo, reconhece que a interlocução com o Congresso é um dos principais obstáculos.
“O Congresso é majoritariamente conservador, e há uma extrema direita que faz política baseada na mentira, nas redes sociais e, muitas vezes, cometendo crimes. Apesar disso, o governo tenta superar esses desafios e avançar para um novo momento no Brasil”, pontuou.