A diversidade se reapresenta
Escritora Ana Maria Gonçalves, autora de "Um defeito de cor", assume a representatividade e postula uma cadeira na Academia Brasileira de Letras

Sua obra mais famosa, depois de ganhar a passarela do samba no carnaval do Rio de Janeiro, servindo de enredo para a Portela em 2024, acaba ser escolhida por um seleto grupo de leitores, consultados pela coluna de Walter Porto na Folha de S. Paulo, como o melhor livro brasileiro de literatura no século 21, até agora. O romance “Um defeito de cor”, sucesso de público e crítica, como se diz, é a maior credencial de Ana Maria Gonçalves para se tornar a primeira mulher negra a ingressar para a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Se a não eleição de Conceição Evaristo, em 2018, deixou um gosto de frustração para os que defendem mais diversidade na instituição que representa a vasta literatura feita no Brasil, a apresentação de Ana Maria significa uma reapresentação oportuna. Vale registrar que, no ano passado, a Academia Mineira de Letras (AML) elegeu Conceição Evaristo, que se tornou a primeira mulher negra integrante da entidade.
Em entrevista à revista Cult em 2017, Gonçalves afirmou que não se interessaria em ser assimilada em uma sociedade racista, machista, homofóbica. “Eu não quero me confundir com essa sociedade. Eu quero ajudar a criar um novo modelo de sociedade, que parta da fissura, do quebrado. É interessante notar que, na arte japonesa, a fissura valoriza o objeto que se quebrou. Depois de ser restaurado com pó de ouro, o objeto é mais valioso. Nossas vozes e nossas ideias são pó de ouro”.
Nossa diversidade, representada por Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves e tantas outras pessoas, é valiosa e se apresenta, sempre.
Lídia Jorge no Brasil
Autora de “Diante da manta do soldado”, que será publicado no Brasil pela Autêntica Contemporânea, a escritora portuguesa Lídia Jorge, que também escreveu “Misericórdia”, é presença confirmada na Feira do Livro, em São Paulo, que acontece a partir do dia 14 em frente ao estádio do Pacaembu.
Tobias Barreto criminalista
Segundo livro de Rafael Fonseca de Melo, “Tobias Barreto criminalista”, publicado pela Tirant Lo Blanch, será lançado no Recife em dois momentos: na Faculdade de Direito às 10h da manhã da segunda, 16, e na sede da OAB-PE, na quarta, 18, a partir das 5 e meia da tarde. Antes disso, haverá autógrafos no IAB do Rio de Janeiro, no dia 11, e no ICPC em Curitiba, no dia 13. O autor é pernambucano e mora no Rio.
Guerreiros do Sol
Membro da Academia Pernambucana de Letras (APL), Frederico Pernambucano de Mello faz palestra sobre sua obra “Guerreiros do Sol”, transformada em minissérie para a televisão. Na sede da entidade, no Recife, nesta segunda, 2, às 3 da tarde.
Ecos do silêncio
A União Brasileira de Escritores (UBE-PE) terá o lançamento do novo livro de Lucia Souza, também na segunda, no Recife. “Ecos do silêncio” tem o prefácio assinado por Raimundo Carrero. Na sede da UBE na capital pernambucana, a partir das 18h.
Poesia Livre
Alexandra Maia conversa com o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) na terça, 3, na Livraria Janela do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Paulo Henriques Britto é o convidado de mais uma edição do Ciclo de Leituras Poesia Livre, projeto idealizado por Alexandra. Encontro imperdível, às 7 da noite.
Será!
A Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro, recebe na quarta, 4, às 19h, o lançamento de “Será! - Crises, genialidade e um som poderoso: os bastidores da gravação do primeiro disco da Legião Urbana contados por seu produtor”, de José Emilio Rondeau. O prefácio é do baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone. Haverá sessão de autógrafos também na sexta, 13, na Bienal do Livro do Rio, às 3 da tarde.
Cultura é poder
Com a mediação de Cida Pedrosa, Jandira Feghali faz o lançamento de “Cultura é poder: Reflexões sobre o papel da cultura no processo emancipatório da sociedade brasileira” na quinta, 5, no Recife, na Livraria do Jardim, a partir das 7 da noite. O prefácio é da ministra da Cultura, Margareth Menezes. A publicação é da Oficina Raquel. Depois do Rio de Janeiro, a autora passa pela capital pernambucana e segue para Salvador, Brasília e Niterói.
Bergamota
Em publicação da Labrador, Taís Fagundes transformou a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul num livro que combina ficção e realidade. “Bergamota” narra a história da menina Albinha e de sua avó, com ilustrações de Ana Cardia. A autora vivenciou o drama que tocou o país. “Quando as águas tomaram conta das casas, na minha, chegando até o telhado, fiquei sem nada além de meia dúzia de coisas que cabiam numa mochila”.
Do livro ao leitor
A Biblioteca Pública Estadual do Ceará – BECE – promove oficina online com o escritor Maílson Furtado: “Do livro ao leitor – os caminhos da produção editorial”. Será de 9 a 12 de junho, e as inscrições já estão abertas. Mais informações no Instagram @bece_bibliotecaestadualdoceara.
80 anos depois
O Grupo Autêntica lista sugestões de leitura para melhor compreensão da Segunda Guerra Mundial, encerrada há 80 anos. Entre os títulos, “As sereias de Haarlem” (Nemo), “O segredo da livraria de Paris” (Gutenberg) e “A parteira de Auschwitz”, este ainda em pré-venda.
Pele
A editora artesanal Arpillera publica “Pele”, de Ana Paula Dacota e Wagner Moreira. A obra que “não delimita quem escreve o quê: os autores brincam com suas personas e oferecem ao leitor um jogo poético de "eus", borrando os contornos da autoria”, segundo a divulgação, será lançada oficialmente na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.
Mariposa noturna em veranico de maio
Aos 30 anos de carreira literária, o capixaba Anaximandro Amorim traz novo livro de contos: “Mariposa noturna em veranico de maio”, que se aproxima do realismo fantástico, em publicação da Pedregulho. O autor é membro da Academia Espírito-Santense de Letras.
Saindo da sombra
A presidente da Academia Espírito-Santense de Letras, Ester Abreu V. de Oliveira, acaba de lançar seu novo livro. “Saindo da sombra – A mulher em foco” é publicado pela Calêndula, e traz o resultado de pesquisa que valoriza as escritoras capixabas.
Das cartas aos livros
No texto escrito para a orelha de “Mulheres mofadas nas entranhas e nas memórias”, de Marina Hadlich, publicado pela Patuá, Tatiana Lazzarotto conta que trocava cartas com a autora, nos anos 1990, pelo muro que dividia as casas das duas, vizinhas. As duas se tornaram escritoras. “Ao invés das cartas, hoje trocamos livros e mensagens de incentivo nas redes sociais. Acompanho sua carreira com admiração e espanto”, diz na orelha da obra, que “também é uma carta para você, leitor(a)”. Tatiana aproveita a oportunidade para “dizer que me orgulho pelos muros terem deixado de ser nossa ponte. Hoje podemos ler Marina nos livros”.