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Uma afro-editora há 50 anos

A valorização e a difusão da cultura afro-brasileira através dos livros, há meio século, trazem o reconhecimento ao trabalho da Pallas

Por Fábio Lucas Publicado em 24/05/2025 às 21:52

Para marcar a passagem do cinquentenário da Pallas, fizemos algumas perguntas para a fundadora, Cristina Fernandes Warth, que hoje toca a empresa editorial com a filha Mariana. Nesta breve entrevista, Cristina faz um alerta sobre a importância da bibliodiversidade, num ambiente em que a concentração do mercado vem aumentando ao longo dos anos. Também ressalta a necessidade de uma política pública para o livro, onde o papel da biblioteca é crucial para a formação de leitores.

Monica Ramalho
A editora Cristina Fernandes Warth - Monica Ramalho

 

O que mudou no cenário editorial brasileiro, desde o começo da Pallas?
Cristina Fernandes Warth “A Pallas foi fundada em 1975, plena ditadura militar, e mesmo em um período de grande repressão, existiam grandes, médias e pequenas editoras nacionais que faziam um trabalho de resistência, que não se deve perder de vista. O que mais me impressiona, 50 anos passados, é o processo de concentração editorial de grandes editoras nacionais e também de estrangeiras, absorvendo selos e editoras importantes do país. Muitas vezes acabando esses selos, mantendo poucos autores. Podemos chamar de estrangeirização do mercado editorial. Como grandes editoras brasileiras, na verdade, viraram editoras de capital estrangeiro - o que é um risco para a bibliodiversidade e uma ameaça para as pequenas e médias editoras nacionais”.

Hoje, qual a principal demanda do setor editorial no Brasil?
Cristina Fernandes Warth – “Um setor editorial robusto precisa de política pública para o livro, que garanta concorrência leal, com entre outras a conquista da lei do preço comum que proteja as editoras e as livrarias independentes da política predatória de descontos, que acaba por inviabilizar a existência de muitas delas. Precisa também que o custo de transporte dos livros seja subsidiado, que o correio leve os livros a todos os pontos com preços decentes e o insumo mais caro, que é o papel, tenha concorrência no país. Isso já ajudaria muitíssimo para a gente começar a ter um setor que avance de verdade”.

O que é necessário para que haja mais leitores?
Cristina Fernandes Warth – “O mercado livreiro também precisa de leitor e o leitor se forma a partir de uma escola pública de qualidade, com professores bem remunerados, com bibliotecas, com bibliodiversidade. Bibliotecas entendidas como bens necessários para formar indivíduos com senso crítico, com capacidade de discernimento. Então, bibliotecas deveriam ser tratadas como política pública. Sempre abertas como parques, para serem usadas a qualquer hora do dia, inclusive nos fins de semana e depois do expediente. Educação de qualidade, livros de qualidade para a formação dos alunos e professores bem pagos já seriam grandes passos”.

Qual sua visão de futuro para a Pallas?
Cristina Fernandes Warth – “O que eu espero para a Pallas nos próximos anos é que a gente se consolide como uma editora de referência na publicação de temática afro-diaspórica e afro-brasileira. Que a gente constitua um catálogo exemplar, de referência para leitores de todo o país. Um catálogo que dê conta da nossa diversidade, mas com foco na valorização de um conteúdo que até bem pouco tempo era negligenciado”.


O dia da festa

Será no sábado, 31, o evento festivo em comemoração aos 50 anos da editora Pallas. Na ocasião, Tatiana Nascimento lança “Água de maré”, romance vencedor do Prêmio Pallas de Literatura, a partir das 4 da tarde. E logo depois, às 6 da tarde, Conceição Evaristo e Ynaê Lopes dos Santos conversam sobre o ofício literário, com a mediação de Cristina Fernandes Warth. Na Casa Porto, no Largo São Francisco da Prainha, no Rio de Janeiro.

 

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Márcia Fráguas e Ney na Travessa - Divulgação


Com Ney Matogrosso na livraria

Foi no lançamento da nova edição da biografia de Elis Regina, escrita por Julio Maria e publicada pela Companhia das Letras, que a escritora e pesquisadora Márcia Fráguas encontrou Ney Matogrosso. A Livraria da Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro, o local desse momento especial.

 

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A editora e livreira Martha Ribas - Divulgação


Dos livros ao coração

O Pro Criança Cardíaca promove o debate entre a psicanalista Sandra Edler e sua filha, a editora e livreira Martha Ribas, na segunda, 26, no Rio de Janeiro. O evento se dirige ao fortalecimento dos “laços entre literatura, cuidado e saúde emocional”, oferecendo “a experiência das leituras compartilhadas com clássicos da literatura, realizadas na Livraria Janela”. No auditório do Pro Criança, em Botafogo, a partir das 2 da tarde.


Marcelo Leite no Recife

A Livraria do Jardim terá o lançamento do novo livro de Marcelo Leite, “A ciência encantada de Jurema”, publicação da Fósforo, na terça, 27. “A obra estabelece uma potente ponte entre o conhecimento ancestral e a investigação científica”, segundo a divulgação. Conversa com o autor e sessão de autógrafos na capital pernambucana, a partir das 7 da noite.


Mulheres na gestão da reputação

A editora Leader promove o lançamento de “Mulheres na Gestão da Reputação – Volume 1” nesta terça, 27, em São Paulo. Uma das co-autoras é Aline Fernanda Antunes Bensi, da Special Dog Company, para quem “a reputação se constrói com autenticidade, consistência e relações verdadeiras”. A partir das 7 da noite no novo endereço da Livraria Cultura, em Higienópolis.


Do Recife para Manhattan

A famosa história dos judeus expulsos de Pernambuco, em 1654, chega às livrarias em segunda edição, pela Cepe. “Do Recife para Manhattan: os judeus na formação de Nova York”, de Daniela Levy, será lançada na quarta, 28, no 3º Congresso Internacional de Judaísmo e Interculturalidade, na capital pernambucana. No Recife Expo Center, às 10h da manhã.

 

Frei Betto no Sempre Um Papo

O autor de “Quando fui pai do meu irmão” conversa com Afonso Borges na quinta, 29, na programação do Sempre Um Papo Belo Horizonte. O livro traz reflexões sobre histórias vivenciadas pelo frade dominicano com o irmão caçula. Na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, com sessão de autógrafos, a partir das 7 e meia da noite.


Casa Record na Livraria

Bethânia Pires Amaro, autora de “O ninho”, e Taiane Santi Martins, autora de “Mikaia”, se encontram em mais uma edição da Casa Record na Livraria, no sábado, 31, para um bate-papo sobre escrita e maternidade. Na Livraria da Tarde, em São Paulo, às 15h.


Poéticas e identidades

A Escola Parque, no Rio de Janeiro, recebe no sábado, 31, o evento gratuito sobre literatura infantil e juvenil, organizado por Juliana Pádua, co-autora de “Mediação de leitura: A literatura em jogo”. A programação do encontro “Poéticas e identidades” inclui contação de histórias e debates, das 9h da manhã às 18h.


Leitores do Sertão

O Encontro de Leitores do Sertão Central aconteceu no Ceará, nos dias 18 e 19 deste mês, nas cidades de Quixadá e Quixeramobim. O evento é realizado desde 2015 pela escritora e produtora cultural Gisele Sousa (Kinaya). O tema da edição de maio foi “Livro, Corpo, Memória: Literatura e Autonomia Narrativa”, com oficinas de escrita, feiras, debates e lançamentos de livros. O tema do próximo encontro, ainda este ano, já está definido: “Do cordel à HQ: não há quem diga onde termina e começa o Sertão”.

 

Lucilia Monteiro
Valter Hugo Mãe, escritor português - Lucilia Monteiro


Homenagem do Fliparacatu

O escritor português Valter Hugo Mãe será o homenageado da terceira edição do Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu, em Minas Gerais, com curadoria do escritor Jeferson Tenório. O evento está confirmado para o período de 27 a 31 de agosto, mas na próxima quinta, 29, já será aberta a exposição “Portinari para Crianças”, que reúne 42 reproduções de obras do pintor Candido Portinari.

 

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Bruna Pinhati publica pela Minimalismos - Divulgação

 

Querida Manu

De uma caminhada surgiu a ideia de escrever cartas para uma futura filha, a respeito de uma temporada da autora em Berlim, na Alemanha. Assim começa “Querida Manu”, peça de Bruna Pinhati lançada em livro pela Minimalismos. A estreia na dramaturgia une abordagens sobre as redes sociais, a maternidade e a manipulação nos relacionamentos. Saiba mais no Instagram @bpinhati.

 

A linguagem no amor

Em “Uma anatomia de afetos, emoções e sentimentos”, o psicanalista e professor Christian Dunker, vencedor do Prêmio Jabuti por duas vezes, aponta em seu livro “A arte de amar”, publicado pela Record, o valor da linguagem para os relacionamentos. “O outro contém dentro dele um outro. O outro não sabe tudo sobre si. O outro me diz coisas nas quais não pensa, que “escapam”, coisas que, se pensasse duas ou três vezes, não diria”, escreve. Para explicar, em seguida: “O amor, apesar de ser um fenômeno de estrutura narcísica, adquire outra qualidade quando se organiza pelas bordas do dito. É por isso que historicamente o discurso do amor convoca formas desviantes de sentido, como a poesia, o romance, a ficção e tantos outros usos não essencialmente comunicativos da linguagem”.

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