Livro 'Sertão - O imaginário das grandes imensidões' é lançado neste sábado no Recife
Obra de Anselmo Alves e Adriano Mendes foge de estereótipos, mostrando cultura, superação e a beleza do sertanejo em 300 páginas de fotos e poesia

Recife recebe neste sábado (31) o lançamento do livro "SERTÃO - O imaginário das grandes imensidões". A obra, com fotografia de Adriano Mendes e produção do jornalista, pesquisador e documentarista Anselmo Alves, será apresentada às 15h, no Recife Expo Center.
O livro de 300 páginas propõe uma travessia por um sertão que busca se afastar dos clichês, focando na resistência, beleza e na cultura efervescente da região. Segundo o produtor Anselmo Alves, a abordagem foi intencional:
"A gente não colocou o sertão da miséria, da fome. Mostramos o sertão da superação, do circo, do pastoril, um sertão em movimento, de grandes imensidões...".
A jornada retratada na obra percorre desde o Agreste, em Belo Jardim, até o Sertão Central e cruza fronteiras paraibanas, inspirada, em parte, pela canção "Riacho do Navio".
"Esse livro também foi pensado a partir da canção de Zé Dantas e Luiz Gonzaga: Riacho do Navio, corte do Pajeú e Rio o Pajeú vai despejar no São Francisco, e o Rio São Francisco vai bater no [mar]. É o sertão que é infinito", explica Anselmo, que complementa: "Queria mostrar o sertão, o homem e a terra, a beleza que é o sertão".
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As fotografias de Adriano Mendes dialogam com a literatura, incorporando trechos de poetas que cantam o sertão.
"Maciel Melo, Xico Bezerra, Jessier Quirino, Elis Almeida e até poetas anônimos do século passado estão no livro. A gente pegou referências de grandes obras ligadas à cultura sertaneja", conta Alves.
Ele também reflete sobre a "trilateralidade" de figuras icônicas da região: "Em Serra Talhada, a 420 quilômetros do Recife, nasceu Lampião, Agamenon Magalhães e João Santos. Em Exu, distante 180 km de Serra Talhada, nasceu Luiz Gonzaga. A 70 quilômetros dali, nasceu Padre Cícero, em Juazeiro. Queria mostrar essa trilateralidade".
Anselmo Alves descreve a estética sertaneja como um "confortante exagero", afirmando que "O sertão é exagerado. É como a gente dizia quando via alguém muito enfeitado: 'Tá mais enfeitado que jumento de cigano.'"
Mais do que um registro visual, o livro é um chamado à valorização e preservação. "A poetisa jovem Elis Almeida disse uma coisa muito forte: 'Precisamos recatingar a identidade cultural do sertão. Preservar do ponto de vista cultural e ambiental. Isso é fundamental'", reforça o produtor.
O projeto, que durou quase um ano com diversas viagens à região – "Viajamos umas nove vezes para o sertão", lembra Alves – contou com o apoio das Baterias Moura. "Fiz questão de que o livro fosse patrocinado por uma empresa empreendedora, que sai de Belo Jardim, bem perto do Sertão, para conquistar o mundo. Assim como Luiz Gonzaga saiu de Exu para conquistar o mundo", afirma.
Para Anselmo Alves, citando Patativa do Assaré, o livro é "o sertão em carne e osso".