Deputado italiano aciona governo para extraditar e retirar cidadania de Carla Zambelli
Angelo Bonelli cobra que o governo italiano revogue a cidadania de Carla Zambelli e atue pela extradição após condenação no STF a 10 anos de prisão

*Com informações de Estadão Conteúdo
O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, acionou nesta quarta-feira (4) três ministérios da Itália — Relações Exteriores, Interior e Justiça — para solicitar a extradição e a revogação da cidadania italiana da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
A medida ocorre após a parlamentar, condenada no Brasil, anunciar que deixará os Estados Unidos e pretende se mudar para a Europa, tendo a Itália como destino.
O parlamentar italiano pede que o governo adote providências com base na legislação do país, que permite cancelar a cidadania de pessoas condenadas por crimes como tentativa de golpe de Estado, subversão violenta da ordem democrática ou crimes contra a humanidade.
No documento, Bonelli destaca que Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, além da perda do mandato na Câmara dos Deputados, por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. A ação criminosa, feita em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto, resultou, inclusive, na emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Por meio de uma publicação nas redes sociais, Bonelli reforçou sua posição: "A Itália corre o risco de se transformar em refúgio para pessoas condenadas. Esperamos uma posição firme do governo para viabilizar a extradição de Carla Zambelli ao Brasil", escreveu no X (antigo Twitter).
O ofício entregue às autoridades italianas reúne um histórico detalhado da trajetória da deputada, com foco nos processos e sanções que ela recebeu no Brasil. Bonelli lembra que, durante a campanha eleitoral de 2022, Zambelli divulgou notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação e o aplicativo e-Título, o que levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a aplicar multas e ordenar a retirada do conteúdo das redes.
O parlamentar também cita a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que, em janeiro de 2025, cassou o mandato da deputada e decretou sua inelegibilidade por oito anos, em razão da disseminação de desinformação eleitoral.
O documento menciona ainda o episódio em que Zambelli perseguiu um homem com uma arma de fogo na véspera do segundo turno das eleições de 2022 — episódio que também gerou processo no Supremo Tribunal Federal.
Segundo Bonelli, a deputada deixou o Brasil no dia 25 de maio e está, desde então, em Miami, nos Estados Unidos. A movimentação de Zambelli rumo à Itália foi confirmada por ela mesma em entrevista concedida à CNN, na terça-feira (3), quando afirmou que pretende residir no país europeu.
No texto, o deputado questiona formalmente quais providências os ministérios italianos irão adotar, considerando a legislação vigente — especialmente a Lei nº 144/1991, que regula os procedimentos de extradição entre Itália e Brasil — e reforça a necessidade de cooperação com a Interpol no caso.
STF mandou prender Carla Zambelli
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva de Carla Zambelli. A decisão foi motivada pela avaliação de que a deputada estaria tentando se esquivar da Justiça brasileira.
Além da ordem de prisão, Moraes determinou o bloqueio dos passaportes da parlamentar e a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol, instrumento que permite a localização e prisão de foragidos internacionais para fins de extradição.
A partir da decisão do STF, o Ministério da Justiça brasileiro será responsável por formalizar o pedido de extradição junto às autoridades do país onde Zambelli estiver. O trâmite pode ocorrer tanto por via diplomática quanto diretamente com a autoridade central do país de destino.