Protesto dos carroceiros: ato volta a bloquear vias do Recife e pressiona por revogação da lei da tração animal
Ato de carroceiros percorre o Recife contra o fim da tração animal e critica as propostas da prefeitura para substituir a atividade
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Os carroceiros do Recife realizam mais um protesto na manhã desta segunda-feira (17) contra o Programa Gradual de Retirada dos Veículos de Tração Animal, que determina o fim da atividade a partir de 31 de janeiro de 2026.
O grupo saiu do bairro do Bongi, na Zona Oeste, em direção ao Centro, provocando bloqueios em corredores importantes da capital.
Manifestação e reivindicações
No fim da manhã, os manifestantes se concentraram em frente à Câmara Municipal do Recife, ocupando a Rua do Hospício, no mesmo ponto onde a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) registrou interdição total da via às 11h15 por causa do protesto.
Agentes da CTTU foram enviados para orientar o trânsito e acompanharam o deslocamento do grupo também pela Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho, por volta das 10h.
Os manifestantes defendem a revogação da Lei nº 17.918/2013, que proíbe o uso de veículos de tração animal no Recife.
Eles afirmam que as alternativas oferecidas pela prefeitura não garantem renda suficiente para sustentar as famílias e criticam especialmente as condições de acesso às bicicletas elétricas sugeridas no programa de transição.
Novo censo municipal e benefícios oferecidos
A mobilização ocorre no mesmo período em que a Prefeitura do Recife inicia uma nova rodada do censo dos condutores de tração animal, etapa obrigatória para que os carroceiros tenham acesso aos benefícios do programa. O cadastramento começa nesta terça-feira (18) e segue até 10 de dezembro.
Segundo a gestão, o objetivo é mapear tutores, cavalos e carroças em atividade, além de identificar quem está apto a receber indenização pela entrega voluntária dos animais e das carroças – cada item avaliado em R$ 1,2 mil.
Durante o cadastro, o cavalo recebe um chip subcutâneo e a carroça, um adesivo de identificação. Após essa etapa, os condutores são convocados para confirmar as informações declaradas e habilitar o recebimento dos benefícios.
Pacote de benefícios inclui:
- indenização de R$ 1,2 mil por animal e R$ 1,2 mil por carroça entregue;
- encaminhamento para vagas na limpeza urbana;
- acesso a microcrédito;
- concessão de bicicletas elétricas;
- mais de 60 cursos de qualificação profissional;
- apoio ao empreendedorismo.
Indenizações já iniciaram
A prefeitura anunciou que já iniciou o pagamento de indenizações referentes à primeira rodada de cadastramento realizada em junho.
Seis carroceiros receberam, juntos, mais de R$ 13 mil, referentes à entrega voluntária de seis cavalos e cinco carroças.
Além dos valores pagos, eles foram direcionados para oportunidades de trabalho na limpeza urbana e aprovados para linhas de crédito voltadas à compra de bicicletas elétricas.
Cronograma do novo censo
- 18 e 19 de novembro — Arruda
Campo ao lado da UPAE do Arruda, Avenida José dos Anjos – Próximo ao Clube Santa Cruz - 24 e 25 de novembro — Joana Bezerra
Avenida Martin Luther King, nº 96 – Próximo à Escola Municipal Professor Josué de Castro - 27 e 28 de novembro — Dois Irmãos
Praça de Dois Irmãos – Próximo ao Parque de Dois Irmãos - 1 e 2 de dezembro — Várzea
Praça da Várzea – Próximo à Academia da Cidade - 4 e 5 de dezembro — Mustardinha
Praça do ABC – Próximo à Escola Municipal Professor Antônio de Brito Alves - 9 e 10 de dezembro — Ibura
Rua Professor José Brasileiro, nº 100, Vila Nova – Galpão de Bate Estaca
Vereador defende inclusão
Durante a manifestação, o vereador Rodrigo Coutinho defendeu a abertura de diálogo com a categoria e afirmou que pretende atuar em alterações na legislação municipal. Segundo ele, é fundamental que a Câmara participe da discussão.
"O primeiro ponto é permitir que a Câmara Municipal do Recife possa ouvi-los. A Câmara Municipal do Recife é uma casa democrática que a gente precisa estar abrindo as portas para quem quer que seja."
O vereador também afirmou que vai trabalhar pela flexibilização da lei que proíbe a criação de cavalos em áreas urbanas.
"O segundo ponto é a gente fazer uma alteração na lei para que as pessoas possam criar os seus próprios cavalos dentro dos seus próprios terrenos. Esse é um ponto chave que a gente precisa trabalhá-lo. A gente não pode permitir que só o rico possa criar o seu cavalo, mas a gente precisa permitir que também as pessoas mais humildes possam criar e andar de cavalo pela cidade do Recife."