Servidores de Pernambuco fazem ato em defesa do Sassepe
Sindicatos estiveram reunidos em frente à Alepe para cobrar a reestruturação do sistema, que sofre com filas, atrasos e falta de recursos
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Servidores estaduais de diversas categorias estiveram reunidos em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no Recife, para cobrar do governo a reestruturação do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe). Os trabalhadores relatam filas, atrasos e falta de recursos.
Direito à saúde negado
O movimento foi articulado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe). A presidenta, Ivete Caetano, pontuou que o principal fator da crise é a desigualdade na contribuição financeira.
"Nós colocamos, por mês, R$ 47 milhões no Sassepe. O governo do estado só coloca 20 milhões. É muita desigualdade", pontuou. "Não vamos ter um sistema com condição de fazer o atendimento se o governo do estado não aportar recursos", continuou com a crítica.
Para a sindicalista, o cenário é de descaso com um direito fundamental: "é o direito à saúde, é a questão da vida que está sendo negada nesse momento. Por isso nós estamos aqui, na luta", concluiu.
Sucateamento do Sassepe
A representante do Sintepe na diretoria da Associação de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Assepe), Florentina Cabral, conhecida no movimento sindical como Morena, destaca que o sistema atravessa uma das fases mais críticas de sua história.
"Estamos enfrentando um dos piores momentos em relação à assistência prestada pelo Sassepe ao longo dos seus 24 anos de existência. A dificuldade sempre existiu, mas hoje está muito grande", rememora.
Ela conta que o problema se estende à marcação de exames e cirurgias, o que tem levado muitos servidores a recorrer ao SUS ou pagar por procedimentos particulares.
A sindicalista também criticou a falta de transparência nas decisões do Conselho Deliberativo do Sassepe e cobrou mais investimento do governo estadual. "Nossa reivindicação histórica é a contribuição paritária entre governo e servidores".
Críticas à política de privatizações
Durante o ato, também houveram críticas a outros temas que afetam o serviço público estadual. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco, Paulinho Rocha, relacionou a crise no Sassepe a um processo mais amplo de desmonte dos serviços públicos.
"É importante discutir com a população o que significa acabar com o Sassepe: faz rima com acabar com o serviço público. Acabar com o Sassepe significa dizer enfermeiros e enfermeiras na Secretaria de Saúde irem trabalhar adoecidos e adoecidas. Significa o pessoal da educação ir trabalhar de forma adoecida", declarou em discurso.
Paulinho também mencionou o risco de privatizações e a reforma administrativa em discussão no Congresso. "Se a reforma administrativa vai para frente, acaba com o Sassepe, acaba com o serviço público, acaba com a perspectiva de a gente ter um serviço público de boa qualidade na cidade e no campo, para toda a população brasileira".