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Fachada do Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE) - Claudio Portela/AMPPE
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Quem já esteve no Recife, provavelmente já passou pela Rua Benfica, no bairro da Madalena. Ela é o principal acesso de quem vem pela Avenida Caxangá e quer chegar ao Derby, um dos maiores entroncamentos da cidade.
No número 810, que faz esquina com a Demócrito de Souza Filho e quase em frente à estação de BRT, um casarão vermelho e branco do século XIXà la influência da arquitetura neoclássica francesa chama a atenção.
Além da imponência de ser uma construção de época em meio a tantos prédios de concreto e vidraçaria, o gradio decorado guarda um amplo jardim de flamboyants, pitangueira, ipês, aroeira e até um pau-brasil.
A fonte, cercada de ixoras em formato de estrelas, também não passa despercebida. Desde 2001, o terreno abriga também a placa que anuncia a operação da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE) no local.
Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco - Artur Borba/JC Imagem
Dois séculos
O primeiro registro que se tem conhecimento sobre o Casarão da Benfica – nome extraoficial do imóvel – data de 1857, quando era propriedade do comerciante Cândido Alberto Sodré da Motta.
À época, apareceu na lista de imóveis da Freguesia dos Afogados a pagarem a décima urbana, imposto precursor do atual Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Um trecho do texto do lançador do Consulado Provincial, Francisco Carneiro Machado Rios Junior, descreve a casa com "três salas, cinco quatros, dispensa, cozinha, grande saleta no exterior, dois quartos, cocheira e estribaria e um mirante".
"Medindo de frente 101 palmos e de fundos 481 palmos", conforme diz o documento, o Casarão da Benfica já foi residência do filho do Barão de Limoeiro, do Comendador Baltar e também de Novaes Filho, prefeito do Recife de 1937 a 1945.
O político faleceu no imóvel em 1978, depois de passar quase duas décadas morando em Brasília para exercer o mandato de senador. Nesse período, o número 810 da Rua Benfica abrigou a Faculdade de Farmácia do Recife. Em 1997, a casa sediou o velório de Maria Carneiro Leão, esposa de Novaes Filho.
Pintura de Leonardo Filho/Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco - Artur Borba/JC Imagem
Imóvel Especial de Preservação
Ainda em 97, o casarão foi listado pelo município como um exemplar isolado "de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico ou cultural da cidade do Recife". Isso dá a ele o título de Imóvel Especial de Preservação (IEP), responsabilizando a Prefeitura e a comunidade pela sua proteção e preservação.
Mas um IEP não constitui um bem público. Tanto que, em 98, a Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE) adquiriu o imóvel com recursos próprios e ocupou-o efetivamente em 2001.
"Assim que compraram, ele estava fechado há algum tempo e precisando de alguns reparos. Então foi feita uma primeira intervenção, que foi a que ficou praticamente até três meses atrás", conta a presidenta da instituição no biênio 2024/2026, Helena Martins.
O casarão da Benfica passa por uma remodelação para realçar o potencial e a arquitetura dele. O arquiteto Eduardo Lira, responsável pela obra, explica que a ideia foi realizar "uma reforma de requalificação, que mostrasse as intervenções criadas ao longo do tempo, mas que mantivesse a identidade original do prédio".
No auditório do casarão, as tesouras de madeira maciça do telhado haviam sido encobertas por um forro de gesso e iluminação branca. "A gente conseguiu tirar esse forro, que tinha sido executado bem baixo, e mostrar a estrutura original da coberta, com as tesouras em madeira", detalha Lira.
Aparentemente, os moradores que por lá passaram gostavam de esconder os traços de antiguidade. Os janelões, também de madeira, ficavam escondidos por cortinas. Duas clarabóias, bem ao centro do imóvel, onde ficam as galerias dos presidentes, haviam sido encobertas sem motivo aparente.
Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE) - Artur Borba/JC Imagem
"Clarabóia é uma ferramenta da época para você substituir luz e ventilação. Esse espaço aqui era apenas escuridão", continua a presidenta. A equipe conseguiu reativar essas aberturas "colocando telhas de vidro, devolvendo luz e ventilação natural ao ambiente", conta Eduardo.
Assim como com os móveis, o chão também foi mexido ao longo do século XX, substituindo a madeira original pelos famigerados porcelanato ou cerâmica. Em tom de alívio, Helena relembra que "aqui tinha, inclusive, um rodapé todo de granito preto, mas que a gente está tirando para poder botar alguma coisa que respeite a história da casa".
Em algumas áreas foi possível recuperar pisos em ladrilho hidráulico e cobrir o porcelanato com madeira. A parte boa é que, em determinados cômodos, o piso original foi mantido e agora passa por revitalização.
Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE) - Artur Borba/JC Imagem
Abrir as portas
O principal objetivo da reforma é conseguir transformar o casarão em um ambiente de convívio e de cultura. "Vamos trazer palestras e estabelecer parcerias com a comunidade acadêmica, fazer trocas com as universidades e tornar esse auditório um espaço permanente de debate de temas que sejam caros à sociedade".
Parte crucial desse acesso é promover melhorias funcionais e ambientais no imóvel. O arquiteto Eduardo Lira conta que o imóvel enfrentava um problema com os "vários níveis de um cômodo para outro".
E, é claro, não se convida a sociedade para sua casa sem viabilizar a acessibilidade do local. Por isso, "tentamos trazer soluções que permitissem acessibilidade". Em conclusão, o arquiteto fala que "também pensamos em substituir o pavimento impermeabilizado por piso drenante, o que facilita a absorção da água da chuva e amplia as áreas de jardim".
Casarão da Benfica, sede da Associação do Ministério Público de Pernambuco - Artur Borba/JC Imagem
O projeto geral da casa é extenso e integra o calendário de comemoração dos 80 anos da AMPPE. Até junho de 2026, tanto novas reformas estruturais quanto ações de cunho sociocultural devem ser realizadas. A presidenta pontua que "o maior desafio é financeiro, mas a ideia é que a gente vá caminhando".
Com essas ações, ela quer reforçar que a AMPPE não é um espaço exclusivo para o mundo dos promotores, mas sim "um patrimônio de toda a cidade, que pode ser visitado, conhecido e usufruído por todas as pessoas". A entidade está trabalhando na reformulação do estatuto, de modo que essa nova política possa, o mais breve possível, ser colocada em prática.