Pernambuco | Notícia

Movimentos que ocuparam o Americano Batista fazem protesto por moradia no Recife

A Rua Dom Bosco foi interditada por objetos em chamas. Manifestantes estavam com cartazes e bandeiras. Por volta das 13h, o incêncio foi controlado

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 07/08/2025 às 12:33 | Atualizado em 07/08/2025 às 15:01

Clique aqui e escute a matéria

Integrantes de movimentos por moradia realizaram um protesto na manhã desta quinta-feira (7) em frente ao prédio onde funcionava o Colégio Americano Batista, no bairro da Boa Vista, Zona Central do Recife. O trecho da Rua Dom Bosco com a Av. Governador Carlos de Lima Cavalcanti foi interditado com pneus e objetos que os manifestantes atearam fogo.

Às 12h37, o Corpo de Bombeiros confirmou o envio de uma viatura para apagar o incêndio. A mobilização ocorre quatro dias após a ocupação do imóvel pelo grupo, que reivindica o direito à moradia e cobra uma posição oficial do Governo de Pernambuco sobre o destino do espaço.

Segundo os movimento, cerca de 800 famílias dos municípios de Paulista, Olinda e Jaboatão dos Guararapes ocuparam o imóvel na última segunda-feira (4).

Além de interditar a via, os manifestantes exibiram faixas, entoaram palavras de ordem e reforçaram a intenção de permanecer no local até que haja uma resposta concreta do Executivo estadual.

Governo desapropriou imóvel para complexo educacional

Gabriel Ferreira/Jc Imagem
O prédio está sem uso desde 2023 - Gabriel Ferreira/Jc Imagem

O prédio ocupado foi desapropriado em fevereiro de 2023, por meio de decreto da governadora Raquel Lyra (PSDB). O valor total da desapropriação está lançado no Portal da Transparência em R$ 80 milhões.

Contudo, a desapropriação não foi total, uma área foi reservada para a continuidade da atuação do Colégio, que continua normalmente com as aulas. 

A medida, segundo a gestão, visava impedir o leilão da área e destinar o terreno à criação de um complexo da rede pública de ensino, conforme informado pelo governo na época.

Manifestação

 

Mara Letícia Menezes/JC
- Mara Letícia Menezes/JC

“É uma demanda antiga, uma demanda que a gente vem cobrando do governo e o governo empurrando com a barriga. Por isso que a gente tá ocupando aqui”, afirmou Pedro Salviano, coordenador do Movimento por Moradia Digna.

Segundo os movimentos envolvidos, a ocupação busca pressionar o Executivo estadual a apresentar alternativas concretas para moradia popular.

“Queremos que esse espaço aqui, que seria destinado para o complexo educacional — que a gente apoia, defende a educação pública gratuita de qualidade — fosse destinado para moradia popular”, disse Davi Lira, coordenador do Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT).

Os representantes dos movimentos ainda destacaram que houve uma reunião com representantes do Governo na terça-feira (05), mas que nenhum acordo foi estabelecido.

Entre os participantes da ocupação está Rosa Estevão, que vivia anteriormente em um prédio localizado na comunidade Dom Helder, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

O imóvel foi condenado por risco de desabamento, mas, segundo ela, muitas famílias continuam no local por não terem para onde ir.

“Mas a gente não tem pra onde ir, então a gente se mantém e permanece lá. Ou lá ou aqui [Americano Batista], onde a gente ocupou agora. A gente tá aqui por esse medo, que lá o prédio desabe em cima da gente. Lá tem famílias. Algumas vieram, outras ficaram lá”, relatou.

Gestão afirma que área ocupada não faz parte de projetos habitacionais

O Governo de Pernambuco informou que “mantém diálogo com os movimentos sociais desde o início da ocupação do antigo Colégio Americano Batista”, com foco em “buscar uma solução habitacional viável e a desocupação pacífica do imóvel”.

Segundo a gestão, o prédio “foi adquirido com recursos do Fundo Nacional de Educação e, conforme a legislação vigente, será obrigatoriamente destinado à instalação de uma instituição de ensino”. A área, de acordo com o governo, “estava tapumada e passava por preparação para sondagem do solo”.

O governo acrescentou que “um dos movimentos, o MLTT, já foi contemplado com um terreno doado pelo Estado em Jaboatão dos Guararapes, com capacidade para 200 unidades habitacionais no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida – Entidades”.

Por fim, afirmou que “outras áreas também estão sendo disponibilizadas por chamamento público” e que “os movimentos de luta por moradia e suas pautas são tratados com seriedade e responsabilidade em Pernambuco, em respeito à legalidade e ao compromisso com o direito à moradia digna”.

A reportagem solicitou informações sobre o uso do prédio para a construção da unidade educacional à Secretaria de Educação e Esportes e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

Saiba como acessar nossos canais do WhatsApp


#im #ll #ss #jornaldocommercio" />

Compartilhe

Tags